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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CRONOLOGIA DO MUNICIPIO DE SAO JOSE






Expedições exploradoras ao litoral catarinense
Os portos naturais, como os de São Francisco e Ilha de Santa Catarina, tornaram a região parada obrigatória para os navios que viajavam no Atlântico Sul. Navegadores de várias nacionalidades por aqui passaram. Alguns náufragos e desertores acabaram por permanecer entre os indígenas que habitavam a Ilha de Santa Catarina e o litoral fronteiro, facilitando o reconhecimento da região e o abastecimento das outras embarcações. O primeiro europeu a aportar em terras catarinenses foi:
- Binot Palmier de Gonnonville, em 1504 (São Francisco do Sul). A partir de então várias expedições chegaram a Santa Catarina:
• Juan Dias de Solis (1516) - naufragou quando voltava de viagem ao Prata. Onze náufragos dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós e iniciaram com eles uma intensa miscigenação.
• D. Rodrigo de Acuña (1525) - deixa 17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente;
• Sebastião Caboto (1526) – dá a Ilha o nome de Santa Catarina.
• Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1541) - chega como governador da região do Prata (que então se estendia atéo litoral catarinense.

Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel I:

“(...) a horas de vésperas, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, mui alto e redondo; e de outras terras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz.”



Pero Vaz de Caminha assim relatou:

“Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, e ali estiveram conosco, assistindo a ela, perto de 50 ou 60 deles (índios), assentados todos de joelhos assim como nós.”

Relato do piloto anônimo:

Estes homens (...) andam nus, sem a maior vergonha e seus cabelos são compridos, e têm o rosto raspado; as pálpebras dos olhos e as sobrancelhas são pintadas com desenhos brancos, pretos e azuis e vermelhos; usam os lábios da boca, isto é, os lábios de baixo furados e neles põe um osso grande como prego. Os outros usam ou uma pedra azul ou uma pedra verde e assobiam através dos ditos furos. As mulheres da mesma maneira andam nuas em a menor vergonha e são bonitas de corpo e usam cabelos compridos e as suas casas são de madeira coberta por folhas e galhos de árvores.


 Em 1498, “Duarte Pacheco Pereira”, especialista em geografia e cosmografia, navegador experiente, negociador do Tratado de Tordesilhas (1494), teria sido o verdadeiro “descobridor do Brasil”, viajando em incumbência secreta. A presença de Duarte Pacheco Pereira em 1500, provavelmente no comando de uma das caravelas da frota de Pedro Álvares Cabral, não seria sua primeira viagem ao Brasil.



 Em fins de 1499, o espanhol “Alonso de Hojeda” teria chegado ao atual “Cabo de São Roque”, no Brasil (RN). 

 Em janeiro de 1500, a segunda expedição, dizem também ter precedido a de Cabral foi do espanhol “Vicente Yánez Pinzón” (que fora capitão da Ninã, da frota de Colombo), navegou pelo“Amazonas” e chegou ao atual “Cabo de Santo Agostinho” (PE), três meses antes da chegada de Cabral.


Em 1504, nas Terras de Santa Cruz (Brasil), o navegador francês Binot de Graneville aporta na atual São Francisco do Sul, onde permanece por 8 meses consertando seu navio “L’Espoir”.
Retorna a França, levando em companhia do índio Içamereque (Iça Mirim), que se casou posteriormente com uma de suas filhas.
É o primeiro europeu a visitar o Sul das Terras de Santa Cruz (Brasil), descrevendo as riquezas naturais e os índios da região.
Portanto, foram os franceses os primeiros visitantes europeus do Sul do Brasil.

Em março de 1532, no Brasil, quando Martim Afonso de Sousa quando soube que o rei de Portugal D. João III iria dividir o Brasil em 15 extensas faixas de terras,da costa até a linha do Tratado de Tordesilhas, modelo similar empregado e dado certo no arquipélago dos Açores e ilhas Canárias, para promover a conquista e povoamento, as Capitanias Hereditárias, e doadas aos chamados“donatários, a manutenção era por conta de seus próprios dinheiros, o custo para a Coroa era muito alto para expedições e policiamento de toda a costa.
Eram elas de Norte a Sul:

1) Primeira Capitania do Maranhão, doada ao historiador e burocrataJoão de Barros, de 50 léguas (ou 330 quilômetros de extensão).
2) Segunda Capitania do Maranhão, pertencia ao tesoureiro-mor do Reino, Fernando Álvares de Andrade, de 75 léguas.
3) Ceará, doada ao cavaleiro-fidalgo Antônio Cardoso de Barros, tinha 40 léguas.
4) Rio Grande, era o segundo lote de João de Barros e Aires Cunha, tinha 100 léguas
5) Itamaracá, era o terceiro lote de Pero Lopes de Sousa, dado a ele pelo rei D. João III como prêmio pela luta contra os franceses, possuía 30 léguas.
6) Pernambuco ou Nova Lusitânia, pertencia a Duarte Coelho, navegador e soldado da Ásia, a mais bem sucedida das capitanias, tinha 60 léguas.
7) Bahia de Todos os Santos, pertencia a Francisco Pereira Coutinho, depois de lutar nas Índias, vendeu tudo em Portugal e perdeu no Brasil, inclusive a vida, devorado pelos Tupinambás, tinha 50 léguas.
8) Ilhéus, doada ao escrivão da fazenda e milionário Jorge de Figueiredo Correia, tinha 50 léguas, nunca veio ao Brasil.
9) Porto Seguro, pertencia ao navegador Pero de Campos Tourinho, estabelecida onde o Brasil foi descoberto, tinha 50 léguas.
10) Espírito Santo, pertencia ao militar Fernando Coutinho, tinha 50 léguas.
11) São Tomé, pertencia a Pero de Góis, que acompanhara Martin Afonso na expedição de 1530, com 30 léguas.
12) Capitania do Rio de Janeiro, o segundo lote de Martin Afonso de Sousa, tinha 55 léguas, ficou abandonada entregue aos franceses.
13) Santo Amaro, o primeiro lote de Pero Lopes de Sousa tinha 55 léguas, apesar da proximidade de São Vicente, pouco fez.
14) São Vicente, o primeiro lote de Martim Afonso de Sousa onde residia e todas as suas benfeitorias, mas retornou para Lisboa e de lá para as Índias onde foi governador. Do Brasil disse:
“... perto de três anos, passando muitos trabalhos, muitas fomes e muitas tormentas”
15) Sant’Ana, segundo lote de Pero Lopes de Sousa, ia da ilha do Mel até Laguna (atual Santa Catarina), com 40 léguas de litoral. Permaneceu abandonado até o século XVII. Sua posse retornou a Coroa.

Em 1591, no Brasil, Rio de Janeiro, Francisco de Souza sétimo governador-geral, cria o “bandeirantismo defensivo”, incursões para caçar, aprisionar índios e localizar riquezas.

Os europeus chegaram ao Sul na Capitania de Sant’Ana ou São Pedro, com diferentes intenções:
- Primeiro, vieram os exploradores, sedentos de ouro e prata.
- Em seguida os religiosos, que queriam converter os povos indígenas ao cristianismo.
- Por fim os caçadores de escravos, as bandeiras e seus Bandeirantes, que chegaram até a região da Aldeia dos Anjos (atual Gravataí-RS).
Poucos se aventuravam a subir os rios de São Pedro (nome dados ao conjunto Lagoa dos Patos, Guaíba e Rio Jacuí), e na esquina do grande Delta, onde nascerá mais tarde Porto Alegre.
Houve a dispersão dos povos indígenas da faixa litorânea do Brasil ou o extermínio em massa provocado por epidemias de doenças trazidas pelos brancos entre e 1500 a 1660.
Os Bandeirantes portugueses completaram a obra de dizimar populações em busca de mão de obra cativa e pelos portugueses compradores de escravos.
Era tática dos portugueses, jogarem uma tribo contra outra, como haviam feito na África e esperar que os vitoriosos trouxessem os capturados para trocar por mercadorias.

Império luso-espanhol (1580-1640)

A partir de 1605, no Brasil, Jesuítas provenientes de Portugal tentaram estabelecer reduções entre os índios Carijós e Patos, na região de Laguna (atual Santa Catarina), mas a ação dos bandeirantes aprisionando os indígenas e afastando os padres, destruiu as missões.

Entre 1669/1673, no Brasil, é fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho, a povoação de Nossa Senhora do Desterro, da Ilha de Santa Catarina, na Capitania de Sant’Ana, importante porto natural de aguada e abastecimento das frotas que demandavam ao extremo Sul do Brasil e ao Rio da Prata, marcando o domínio português sobre o território que era reivindicado pelos espanhóis.

- É criado Feitoria ou povoado de Nossa Senhora do Desterro, desmembrando-a de Laguna. Seus limites originais compreendiam ao norte a Enseada das Garoupabas (Rio Camboriu), ao sul a Ponta do Ouvidor (Garopaba) e o planalto até as proximidades da atual cidade de Lages.

Em 22 de janeiro de 1676, na Europa, no Vaticano, a “Bula Romano Pontificis”, cria o bispado do Rio de Janeiro, dando-lhe como limite austral a Bacia do Prata.

- Até este momento a região de Santos (SP) até a foz do Rio da Prata (Uruguai), por quase dois séculos foi deixado em quase total estado de abandono, tanto por Portugal, quanto Espanha. Agora se iniciam os conflitos armados e diplomáticos pela Província Oriental do Rio da Prata.

Em 20 de janeiro de 1680, na América, do lado oriental do Rio da Prata, para estenderem suas posses muito além da linha do Tratado de Tordesilhas, e proteção das fronteiras, é criada por Dom Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro uma colônia fortificada na pequena ilhota chamada de São Gabriel, surgia a Colônia do Santíssimo Sacramento (atual Uruguai) na margem esquerda do rio da Prata, de frente para Buenos Aires (1580), espanhola, com objetivo de expansão militar lusa (portuguesa) e de contrabando no rio da Prata. Este povoado fundado por portugueses e dominado por espanhóis está ligado à história da Argentina, Uruguai, Paraguai e do Sul do Brasil, é a capital histórica do atual MERCOSUL.

- Portugal queria conquistar e colonizar terras com o marco indefinido, pois suas terras terminavam em Laguna. Foram 97 anos de lutas diplomáticas e guerras abertas pela fixação da fronteiras.
O palco no qual vai se desenvolver nossa história está vazio quando chegam os primeiros colonizadores europeus, no início do século XVIII.

Em 07 de maio de 1681, na Europa, Espanha, em Badajoz, é assinado o Tratado Provisional que determinou que a Colônia de Sacramento a“cidadela da discórdia” na região do rio da Prata fosse devolvida a Portugal. Assim se fez.

Em 1682, na América, na Província de Tape, lado espanhol do atual Rio Grande do Sul, para deter o avanço lusitano (português) na região em direção ao rio da Prata, os espanhóis determinaram a fundação dos Sete Povos das Missões pelos padres Jesuítas da Companhia de Jesus, restauraram São Nicolau e fundaram São Borja, São Luis Gonzaga, São Miguel, São Lourenço e São João Batista, a margem esquerda do rio Uruguai, este aldeamento foi mais pujante e dramática que a primeira em 1626.
As Missões Guaranis foram o berço do progresso nesta região:
- Fundição de ferro, obras arquitetônicas, esculturas, partituras, instrumentos musicais, experimentos agrícolas, estâncias, curtumes, pomares, ervais, vinhedos – tudo floresceu nas reduções (missões).
Como teria dito o guarani Sepé Tiarajú:
“Esta terra tem dono.”

1700-Capitania

- Por ser a Ilha de Santa Catarina praticamente o último bom porto ao sul e por estar localizada entre o Rio de Janeiro, capital do vice-reino e a região do litígio na Região do Prata (Rio da Prata), cresceu a sua importância estratégica, exigindo que fosse melhor e definitivamente ocupada de modo mais consistente.

Em 1714, no Brasil, em São Francisco do Sul, norte da Capitania de Santa Catarina, a Câmara apresenta uma petição ao emissário do Governo do Rio de Janeiro sobre a Capitania de Sant’Ana:
“O Rio Grande é que seria muito conveniente a Sua Majestade o se povoar, em razão dos castelhanos se não adiantem.”

Em 1722, na região da futura sede de São José da Terra Firme, é construído o Solar da Guarda Nacional, em estilo colonial rústico português de grandes dimensões, é o único prédio preservado em sua construção original. Já foi utilizado também como residência, escola militar, quartel da guarda nacional, e chegou a ser cortiço.
Atualmente abriga no andar superior o Museu Histórico e no inferior a Biblioteca Municipal.

Em 23 de março de 1726, na Ilha de Santa Catarina, a Freguesia de Nossa Senhora do Desterro é elevada a categoria de Villa, incluindo seus domínios as terras da futura São José da Terra Firme no Continente.

Em 1737, no Desterro, se estabelece a primeira Guarnição Militar.

Em 11 de agosto de 1738, no Rio de Janeiro, é criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina, subordinada ao Rio de Janeiro, compreendendo as terras da Ilha de Santa Catarina (Nossa Senhora do Desterro), e terra firme, as villas de Nossa Senhora das Graças do rio de São Francisco (São Francisco do Sul), Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Laguna), incluindo as terras do da Capitania de Sant’Ana ou São Pedro do Rio Grande (Rio Grande do Sul) que incluía a Colônia de Sacramento (no atual Uruguai).
A sede da capitania foi localizada na Villa de Desterro, que passa a condição de sede, da autoridade portuguesa para o extremo sul do Brasil.

Em 1739, na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, é construído pelo governador brigadeiro José da Silva Paes o Sistema de Defesa da Ilha de Santa Catarina com a construção de 4 grandes fortalezas e diversos fortes menores, sendo o primeiro a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim.
As fortalezas da barra norte em sistema de fogos cruzados representavam uma modernidade em sistema de defesa, formada pelas fortalezas de Anhatomirim, Ratones e São José da Ponta Grossa.

Em 1740, no Desterro, é construído a Fortaleza da Ponta Grossa.

- A outra face do sistema de defesa ficava na barra sul da ilha, denominada de Nossa Senhora da Conceição da Barra Sul (atual São José da Terra Firme).
A região de São José fazia parte da área protegida por este sistema de defesa.

Em 1746, em Portugal, o rei D. João V, ouvindo o Conselho de Estado, baixa Alvará (Decreto) autorizando e definindo as regras à emigração de casais açorianos para povoarem o Sul do Brasil, como eixo central a Ilha de Santa Catarina.

- O Conselho Ultramarino havia aprovado o transporte de casais através de Feliciano Velho Oldenberg que contratou o transporte de até 4 mil casais das ilhas dos Açores e da Ilha da Madeira, que deveriam ser assentados no sul do Brasil, onde receberiam terras públicas, ajuda financeira, implementos e animais.

Em 09 de agosto de 1747, em Portugal, Lisboa, com a intenção de organizar os novos assentamentos e freguesias, as autoridades portuguesas prescreviam algumas normas denominadas Provisões Régias, para ser aplicada no Brasil Colônia.
Algumas das orientações para os núcleos:
“Cada núcleo ou sítio deveria ter um quadrado para a praça, de 500 palmos de face, numa das quais se localizaria a igreja, as ruas seriam demarcadas a cordel e deveria ter pelo menos 40 palmos de largura devendo as casas alinhar-se e possuir um quintal de fundos.”
Determinava ainda para a Ilha de Santa Catarina que cada casal imigrante açoriano recebesse o equivalente a um quarto de légua em quadro para seu estabelecimento e o cultivo dos gêneros de primeira necessidade.


Em 1749, no Brasil, chegaram os primeiros casais açorianos na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, famílias ficaram na Villa de Nossa Senhora de Desterro na Ilha de Santa Catarina e outras no continente, os demais seriam enviados as Missões no sul, na Capitania de Sant’Ana ou São Pedro de Rio Grande, mas a demora nos deslocamentos fazia muitas famílias se estabelecerem onde paravam.
Em todos os povoados que vão parando casais açorianos vão fincando raízes.

De 1748 a 1756, desembarcaram na Capitania de Santa Catarina,“vivos”, cerca de 6 mil imigrantes das ilhas dos Açores e Madeira, para povoarem o Brasil Meridional, que deram origem a várias povoações no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A saída dos Açores de forma clandestina deve ter trazido um volume de casais, quase igual aos números oficiais, 4.500 se fixaram em Santa Catarina, os demais foram re-embarcados para o Rio Grande de São Pedro.
O costume de denominar “açoriana” a imigração procedente das ilhas atlânticas, se fez sentido, pois foram registrados apenas 59 madeirenses que se fixaram em terras catarinenses, os “casais açorianos”, assim chamados pois vinham em família completa (Pai, Mãe e Filhos).
A distribuição dos casais foi feita de forma a criar núcleos populacionais que pudessem produzir alimentos e outros produtos comerciáveis que interessavam ao Rei de Portugal, além de contribuir com os soldados para a defesa das terras do sul do Brasil.

- Os imigrantes aportados entre 1748 e 1749, foram estabelecidos na Villa de Nossa Senhora do Desterro e seus arredores.

- As famílias chegadas a partir de 1750 fundaram-se na Ilha de Santa Catarina as freguesias de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa e a de Nossa Senhora das Necessidades.

- Nos anos seguintes os imigrantes começam a ocupar terra firme, fundando diversas freguesias, São Miguel, Nossa Senhora do Rosário da Enseada do Brito, São José da Terra Firme e outras em direção ao sul da Capitania, chegando até o Rio Grande de São Pedro (Rio Grande do Sul).
Nos primeiros cinco anos a imigração açoriana ampliou uma vez e meia a população da Capitania de Santa Catarina.

- Com a chegada do europeu e dos bandeirantes paulistas, caçadores e escravagistas para comércio, os últimos remanescentes índios em terra firme, migraram de um local para o outro na região, de São Miguel (Biguaçu) a Palhoça junto ao rio Maruim, na forma de sambaqui, antes de se jogarem definitivamente para o interior em fuga.

Em 1750, no Desterro, em documento do governador da Capitania de Santa Catarina, consta que na Serraria d’El Rey (localizada na atual São José da Terra Firme, no bairro Serraria), havia dois cabos e sete índios, tem-se assim a prova da presença indígena na região.

Em 13 de janeiro de 1750, na Europa, concebido por um brasileiro de Santos (SP), Alexandre de Gusmão, secretário d’El Rey.
Os reinos de Portugal e Espanha pelo Tratado de Madri determinavam que cada reino, conservaria as terras que já tivesse ocupado pelo princípio do “Uti Possidetis” (aquilo que possuis).
A Coroa Portuguesa consegue que a região chamada Sete Povos das Missões, região contígua da Capitania do Rio Grande de São Pedro (ou Sant’Ana) seja incorporada aos seus domínios e resolve enviar colonos açorianos para povoá-la, e a Colônia do Santíssimo Sacramento volta à Espanha.


Em março de 1750, na metade do século XVIII, na madrugada serena e iluminada pela lua, por ordem d’El Rey de Portugal, casais provindos do Arquipélago dos Açores no Atlântico, fundearam e desembarcaram para lançar os fundamentos de uma nova povoaçãoem Terra Firme com invocação a “São José” (nome também de uma das ilhas do Arquipélago dos Açores).

- Os Casais Açorianos acamparam as margens da baia sul junto ao canal da Ilha de Santa Catarina, mais protegida do vento sul e a costa mais profunda o que permitia navegabilidade.
Eram 338 pessoas em Terra Firme66 casais ilhéus, 91 filhos e filhas maiores, 100 filhos e filhas menores, 18 agregados, somando-se os 6 paisanos e 9 habitantes da Serraria d’El Rey que já existia na região de São José (atual Serraria).

- Homens, Mulheres e Crianças fortes e resolutos, não ficaram inativos, a ouvir o canto dos pássaros na floresta virgem, montaram choupanas de taipa e barro, coberta de capim erguendo-se aqui e ali, na pressa do colono em construir seu abrigo no total de 182 habitações.

- Alguns iniciaram a lavoura para subsistência, plantar pequenas hortas em cantões da vasta floresta nativa.
Outros se empregaram como artesões no reparo e construção de sumacas, fragatas, brigues e fazer canoas, junto à praia, este ofício originou uma tradição que perdurou na região.
Ficaram acampados no trecho de uso público por ser margem da baia interna (1/2 légua).

- Ao mesmo tempo, que construíam as suas rústicas habitações foi elevado um “Cruzeiro”, nas proximidades do mar, no mesmo lugar onde se assenta a atual Igreja Matriz São José.

- Às famílias foram distribuídas sementes, armas e ferramentas, contudo não foi cumprida à medida que prometia a doação de duas vacas e uma égua por família, mais quatro touros e dois cavalos que deveriam ser compartilhados nas pequenas concentrações populacionais.
Ao chefe da família foi oferecido um quarto de légua de terras em um quadro, no entanto boa parte dos imigrantes abriu mão desta extensão para ficarem mais próximos, o que acarretou diversas conseqüências econômicas.

- Os imigrantes Açorianos introduziram uma herança cultural de costumes e festas, o ciclo de festas mais importantes:
Natal, Carnaval, Páscoa, Divino Espírito Santo, São João.
Também a conhecida Farra do Boi ou Brincadeiras do Boi, na Semana Santa, o período dos Corações e Pão-por-Deus, e ainda, a gastronomia a base de peixes, renda de bilro, o artesanato de barro (cerâmica), histórias, lendas e mitos, a introdução do figo, couves, cevadas, cana-de-açúcar, laranja, uva, trigo e temperos (especiarias), as lanchas baleeiras, as canoas de um só tronco (guarapurú).

Em 26 de outubro de 1750, na Capitania de Santa Catarina, através de Alvará Régio d’El Rey de Portugal, é fundado oficialmente a Freguesia de São José da Terra Firme.

- Por Provisão Régia é criada a Paróquia de São José, subordinada, respectivamente à Villa de Nossa Senhora do Desterro e ao Bispado do Rio de Janeiro.

- Nesta época existiam somente três municípios em Santa Catarina:
São Francisco do Sul (1504),
Santo Antônio dos Anjos de Laguna (1684),
Nossa Senhora do Desterro (1726).

Em 1750, no sul do Brasil, na Capitania de Santa Catarina, era governador Manuel Escudeiro de Souza, que recebia as famílias açorianas vindos do Arquipélago do Açores das ilhas dos Açores e Madeira, que se dirigiam para o Sul do Brasil, no porto do Desterro (atual Florianópolis) para então distribuí-las.
Neste período desembarcaram na ilha mais de 6.000 homens, dos quais 4.000 fixaram-se no litoral catarinense, os demais foram reembarcados para a Capitania do Rio Grande de São Pedro.

- No litoral da Capitania de Santa Catarina foram fundadas as Freguesias (distritos) de São José da Terra Firme, Enseada do Brito (Palhoça), Lagoa da Conceição (Desterro), São Miguel da Terra Firme (Biguaçú), Santo Antônio de Lisboa (Desterro), Vila Nova, além de reforçar a população das Villas de Nossa Senhora do Desterro e Santo Antônio dos Anjos de Laguna.

- As terras litorâneas não possuíam a mesma fertilidade do solo vulcânico do Arquipélago dos Açores, o “trigo”, não se adaptada ao solo arenoso-argiloso e clima úmido, a fertilidade da terra não resistia após a derrubada da mata.
Os colonos tiveram que se adaptar ao cultivo agrícola herdado dos índios, a “mandioca” que se tornaria a base alimentar dos açorianos e em trinta anos já existiam 300 pequenos engenhos, sendo alguns de cana-de-açúcar.
A “pesca” era praticada como subsistência, pois não havia mercado consumidor para o comércio.

- Outro problema foi às sucessivas divisões de terra ocorridas entre os herdeiros das gerações seguintes que começaram a comprometer a sobrevivência.

Em 1754, em São José da Terra Firme, quatro anos transcorridos da chegada, em plena paz organizadora, chega à notícia da guerra das“Reduções Jesuíticas” ou dos “Sete Povos das Missões”, no sul do continente, depois de firmado o Tratado de Madri.

- Por ordem de Gomes Freire de Andrade, general das forças de operações para execução do Tratado de Madrid (1750), representante do Rei de Portugal nos trabalhos demarcatórios, o tenente Francisco Barreto Pereira Pinto foi encarregado de trazer, casais açorianos em número de 60, vindos do Desterro em Santa Catarina, para o a Capitania de Sant’Ana (atual Rio Grande do Sul).

- A formação de um corpo de tropa cujo alistamento foi encarregado o coronel Cristovão Pereira de Abreu que convocou 200 homens, às quais foram incorporados os destemidos desterrenses (do Desterro) e partiram para Castilho Grande local do início das demarcações.
Foram enviados 160 sertanejos paulistas para apoiar o trabalho de demarcação do Tratado na Capitania de Sant’Ana. Parte do destacamento, 60 homens, foi para o Porto do Viamão, para construir barcos junto a Lagoa de Viamão ou Rio de Viamão (Lago Guaíba).

- Com a partida dos bravos do Desterro (atual Florianópolis-SC), verificaram-se numerosos claros na Praça da Freguesia. O governo convocou forçosamente milicianos do povoado josefense que estava próximo para compor a Praça da capital.

Em São José, a conseqüência da falta de braços na sua próspera lavoura, se viu quase que totalmente paralisada. 

Em 1755, em São José, a pequena Capela de São José já construída, foi promovida a Igreja Paroquial, sendo seu “cura d’almas” o padre José Antonio da Silveira nomeado vigário congruado (coerente), percebendo sessenta mil réis por ano, celebrava o santo sacrifício da missa.

- À medida que ia crescendo o número de habitantes em São José e a povoação se estendia pela costa, desenvolvia-se a lavoura sobressaindo à cultura do algodão e do linho, para aproveitamento foram montados no atual “Roçado”, pequenos e rudimentares teares.

Em 1755, no Desterro, capital da Capitania, é fundada a freguesia de Santo Antônio de Lisboa de frente para o continente. o que de fato já o era

Em 1756, no Rio de Janeiro, capital do Vice-reino do Brasil, o governo por Provisão Régia eleva o povoado à condição de Freguesia de São José da Terra Firme, o que de fato já o era.


Em 1759, em Portugal, Lisboa, o Marquês do Pombal, 1º Ministro do Reino Português ordena a expulsão dos jesuítas da Companhia de Jesus de Portugal e de suas Colônias. Os efeitos serão sentidos no sul do Brasil, onde as Missões Jesuíticas, sem a proteção da Coroa, serão alvos preferidos dos Bandeirantes, que se apossam dos índios e de seu gado, notadamente no sul do Brasil, onde havia os 7 Povos das Missões, com muitas das aldeias em território considerado português.

Nota:
- A muitas lendas no litoral catarinense referentes a possíveis enterros de tesouros, por parte dos padres jesuítas, em sua fuga do território português.
Estes padres em fuga cruzaram o território de São José da Terra Firme.


Em 24 de abril de 1763, no sul do Brasil, acontece a “Invasão Espanhola” comandada por D. Pedro de Zeballos Cortez y Calderon, vindo de Buenos Aires, no Vice-reino do Prata (atual Argentina) primeiro sobre a Villa do Rio Grande na Capitania de São Pedro do Rio Grande, a  população corre em fuga, conhecida como a “Corrida do Rio Grande”, para o interior do território.
Os espanhóis foram por mar até a ilha de Santa Catarina e invadem o Desterro.

Em 23 de fevereiro de 1777, na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, na “Invasão Espanhola” no comando do 1º Vice-Rei do Rio da Prata. D. Pedro de Zeballos Cortez y Calderon, com uma armada composta de 116 embarcações, 900 canhões e 12.000 pessoas.
Não foi possível testar o sistema de defesa da Ilha de Santa Catarina, pois os espanhóis a renderam sem dar um único tiro.
No Desterro foi instalado Governo Espanhol de Ocupação.

Em São José, o general Furtado de Mendonça, comandante das tropas que guarneciam a Ilha de Santa Catarina passa em fuga sobre o Continente, com suas forças, atravessando a Freguesia em desabalada marcha, estabelecendo o pânico. Amedrontados, inúmeros moradores abandonaram casas e haveres e internaram-se pelo sertão em busca de refúgio e segurança.

Em São José da Terra Firme também ocupada pelos espanhóis, por ser frontal a ilha de Santa Catarina.

- Os espanhóis eram uma ameaça constante, a idéia conhecida era expulsar os portugueses do Sul do território.

Em 11 de janeiro de 1787, em São José, comissionado pelo governador José Pereira Pinto, por ordem do vice-rei Luis de Vasconcelos e Sousa, partiram rumo ao planalto oeste, através do sertão, o alferes Antônio José da Costa, levando 12 homens de armas, 12 escravos e 7 bestas cargueiras a fim de conhecer e estudar as riquezas do vastíssimo “hinterland”.

- Marginando o rio Maruim até certa altura, e daí por diante pela floresta, cumpriu o alferes a incumbência, estudando a fauna a flora, observando e anotando as altitudes, fugindo do contato com os índios, em busca do planalto e da natural comunicação com o povoado de Lages, que o bandeirante paulista Correia Pinto havia fundado. A picada aberta pelo Alferes foi o traço de união entre a serra e o litoral.
Esta região era praticamente inexplorada de densa mata, os habitantes estavam concentrados no litoral, na região do atual Roçado e Barreiros.

Em 1796, em São José, o governador João Alberto de Miranda Ribeiro tentou colonizar com portugueses a picada aberta pelo alferes Antônio José da Costa (1787), mas a tentativa foi fracassada.

Em 1796, na capital da Capitania de Santa Catarina, o governador Alberto de Miranda Ribeiro elabora o primeiro relatório oficial em que apresenta informações econômicas, populacionais e naturais da Capitania intitulado “Relatório do Governador da Capitania de Santa Catarina ao vice-rei do Brasil”, e escreve sobre São José:
“O terreno dos Barreiros até a Ponta do Leal é fértil para a mandioca, arroz, milho, feijão, Linho e algodão; da Ponta do Leal até o Estreito que fica defronte a Villa capital de Desterro, Coqueiros, Itaguaçu e Abraão suas mandiocas, arroz, milho, feijão, cana, algodão e linho, mas há poucas forças para plantação. Capoeiras e Praia Comprida dão arroz, milho, feijão, no Arraial da Freguesia de São José, são as terras muito fracas e pouco produzem. No Rio Passavinte, são as terras muito boas, e dão de tudo (...), ressalta ainda que Picadas do Norte e Maruhy pode se plantar de tudo”. 

Em 1796, em São José, tem-se a primeira descrição do rio Maruim, como segue:
“- O Rio do Maruhi que fica ½ légua ao sul da Igreja da freguesia terá na barra 60 brasas de largo: Da navegação para canoas até o lugar onde esta a guarda do dito rio, em que se gasta menos de 1 dia. Da dita guarda para cima, chega ter somente 1 brasa de largo, e 2 ou 3 palmos de fundo em algumas partes.”
O rio Maruim e seus afluentes tiveram grande importância na ocupação do interior do município de São José desde o século XVIII, tanto como meio de transporte como fornecedor de água potável para os homens e animais.

- Nesta época os mais de dois mil açorianos viviam basicamente da agricultura, principalmente da mandioca, com a introdução do engenho de farinha (contribuição tecnológica a Santa Catarina).

Em 17 de novembro de 1797, na Capitania de Santa Catarina, Desterro, é elaborado o primeiro grande “relatório oficial” do governador da Capitania Alberto de Miranda Ribeiro, que apresenta informações econômicas, populacionais e naturais e paisagísticas sobre a Freguesia de São José da Terra Firme.

1800

Em 22 de janeiro de 1808, no Brasil, na chegada em Salvador na Bahia de todos os Santos, a Família Real Portuguesa foi recebida pelo governador, o conde da Ponte e ficou por 45 dias.
Pela primeira vez uma nação européia passara a ser regida da América. O Império Português era um dos maiores do mundo (com territórios na Europa, América, África e Ásia).

Em 08 de março de 1808, na luminosa manhã, chegava a Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro, capital da Colônia, desde a madrugada a multidão já se aglomerava no cais do Largo do Paço, fitando a esquadra fundeada na baía da Guanabara desde a madrugada, sob a escolta de 4 navios de guerra britânicos, e muita bagagem, todo o tesouro e a biblioteca real, entre outras.

Teria dito a princesa Carlota Joaquina, ao ver o estado de abandono do Rio de Janeiro:
“Que horror. Antes Luanda, Moçambique ou Timor”.

- Com a transferência da Corte para o Brasil, o príncipe regente D. João escapou de cair prisioneiro de Napoleão Bonaparte como seu primo Fernando VII de Espanha; salvou o trono, consolidou a unidade brasileira e seu grande Império.

- As notícias da chegada da Família Real chegam a São José, para espanto, orgulho e ansiedade de seus moradores.

Em 1812, em São José é construída a Capela de Santa Filomena, que abriga a imagem de Santa Filomena, esculpida em madeira e trazida da Itália.

Em 16 de outubro de 1815, no Brasil, no Rio de Janeiro, o Príncipe Regente Dom João, expedia Provisão Real (decreto) que elevava o Brasil a categoria de Reino, num esquema similar ao Reino Unido da Grã-Bretanha de hoje.

Em 1820, em Portugal, Porto, com a saída dos franceses desde 1815, este era governado pelo marechal inglês Beresford, os portugueses indignados com a situação, o fato de custearem a permanência da Família Real no Brasil e a preferência do rei D. João VI pelo Brasil, sua contínua dilação da volta para a Europa, irritou os portugueses e rebentou em Portugal a Revolução Liberal do Porto, aproveitando da ida de Beresford ao Brasil, o movimento revolucionário era dirigido por militares e magistrados.

Eram 4 horas da tarde de 7 de setembro de 1822 e o sol, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante.

- O príncipe regente Dom Pedro estava desde os 10 anos no Brasil, aqui tivera seus primeiros cavalos e suas primeiras mulheres, seus primeiros amigos; aqui vencera seus primeiros desafios, políticos e pessoais. Dom Pedro amava o país. Parecia ser o homem certo para torná-lo uma nação independente. – Foi justamente o que fez.
Ao colocar no trono um rei português, o Brasil fez uma transição relativamente tranqüila do regime Colonial para o Monárquico.


Em 07 de setembro de 1822, na Freguesia de São José, a Independência do Brasil é comemorada com entusiasmo, a população sai pelas ruas aos gritos de:


“Vivas ao Brasil,
ao Império e
 ao Príncipe Dom Pedro”.


Em 25 de março de 1824, em São José, chega à notícia, na ansiedade de dar ao país uma lei fundamental, a Câmara por sugestão do Rio de Janeiro, solicita ao Imperador que colocasse em vigor o projeto examinado.
O imperador Dom Pedro I alegando que:
“tendo-nos, requerido os povos deste Império juntos em câmaras, que nós quanto antes jurássemos e fizéssemos jurar o projeto da Constituição que havíamos oferecido às suas observações para serem depois presentes à nova Assembléia Constituinte; mostrando o grande desejo que tinham, de que ele se observasse já como Constituição do Império, por lhes merecer a mais plena aprovação e dele esperarem a sua individual e geral felicidade política”.
Foi declarada desde logo em vigor a Primeira Constituição do Império do Brasil, que foi jurada indiretamente na Província de Santa Catarina e no restante do Império.

Em outubro de 1828, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, ficou acertado a ida para a Província de Santa Catarina de 146 (famílias, de um total de 635 pessoas). Destes indivíduos, 523 haviam chego da Alemanha no referido ano e estavam alojados na Armação de São Domingos, em Niterói (RJ). Dos restantes 112, quase todos eram ex-soldados mercenários, de batalhões dissolvidos.

Em 14 de julho de 1829, em Santa Catarina, no Desterro, chega ao presidente da Província Francisco Albuquerque de Mello Ordem Expressa Imperial do Rio de Janeiro, no sentido de estabelecer as duas colônias alemãs:
“(...) os colonos alemães, transportados no bergatim “Luiza”, em uma colônia separada dos que foram no bergatim “Marquez de Vianna”, dando-lhes terras apropriadas, e mandando-lhes fazer comodações, onde se recolham, entre esta Cidade e a Villa de Lages, em ponto, no qual fiquem em contato, com outras colônias.”

Em 1829, em São José, chegam os primeiros imigrantes alemães, o governador Francisco Albuquerque de Melo, começou a povoar o sertão através do caminho aberto pelo alferes José da Costa com os imigrantes, fundando a Colônia de São Pedro de Alcântara, em homenagem ao imperador D. Pedro I.
O primeiro diretor da colônia foi o major Silvestre José dos Passos, cidadão ilustre, possuidor de peregrinas e acrisoladas (purificado, depurado (físico ou moral) virtudes.
De São Pedro de Alcântara irradiou-se a colonização alemão para os demais núcleos da Província de Santa Catarina.

- Os alemães introduziram entre nós o costume de festejar o Natal precedido de presente de São Nicolau (06 de dezembro), comemorando com árvore colorida e alvos flocos de algodão e com a presença de “Cristkind” (Menino Jesus) e “Pelznickel” (Papai Noel), a Páscoa com ninho de ovos de galinha, recheados de amendoim açucarado, caprichosamente pintado; o Kerb comemorando o padroeiro da igreja com três dias de festa comunitária; são legados germânicos que enriqueceram a comunidade lusa, nos moldes seguidos até hoje.

- A chegada dos alemães e de outras nações nórdicas; também chamados de alemães, por mais fraca que seja a população de imigrantes, em confronto com o número de brasileiros, tem ela, contudo, uma grande importância moral, porque seu exemplo não deixará de estimular, cedo ou tarde, o caráter apático dos brasileiros.

- A introdução alemã para a Freguesia de São José, resultou de interesses do governo imperial brasileiro de D. Pedro I em favorecer o assentamento de famílias alemãs em nosso país por ter se casado com D. Leopoldina princesa de origem alemã da Casa da Áustria.
Os imigrantes provinham da Renânia Meridional, parte chamada Hunsrück, e a parte do rio Mosela.
Os imigrantes alemães trazidos pelo veleiro “Johanna Jakobs”, embarcados em Bremen, trouxe 146 famílias, somando 523 pessoas. Outros veleiros também trouxeram imigrantes como o “Charlotte et Louise”, que partiu de Bremen em 7 de julho de 1828, em que viajaram Carlos Payeken, Frederico Guilherme Ruete, Nicolau Deschamps e família, ocupantes dos dois primeiros lotes  na colônia de São Pedro de Alcântara. Também vieram no bergatim “Marquez de Vianna” e no brigue “Luiza” 635 pessoas, somando 112 pessoas a mais do que trouxera o “Johanna Jackobs”.

Em 01 de dezembro de 1830, em São José, toda a Colônia Alemã, esta reassentada, realizada por João Henrique Sochting, o segundo diretor, acusava a presença de 652 habitantes: 377 homens, 275 mulheres que distribuídos em 168 famílias.

- A pouca fertilidade das terras, associados ao forte declive, fizeram com que muitas famílias procurassem novas terras, tanto na direção sul, região de Santo Amaro, como ao norte, Antônio Carlos, São Miguel (Biguaçú), mesmo descendo para o litoral, Praia Comprida e Desterro.
Em Praia Comprida estabeleceram-se com hospedaria, transporte de lanchas, ferrarias, sapatarias, marcenarias, selarias, casas de comércio, inclusive a agricultura, entre estas famílias estavam: - Adam Michels, Henrich Bohnen, Sebastian Lentz, Anton Huber, Joah Mannebach, Peter Joseph Schneider e Jacob Zimmermann.


Em 01 de março de 1833, a Freguesia de São José, já um importante centro comercial, por Resolução do presidente da Província, é elevada a categoria de Villa de São José da Terra Firme, desmembrada da capital Nossa Senhora do Desterro, sendo formado pelos povoados de São José e incorporadas as terras da freguesia da Enseada do Brito, mais extensas que a da freguesia de São José.
Seus limites se estendiam por 100 km de litoral e para o interior no planalto a menos de 80 km de Lages.

- Este acontecimento foi recebido num intenso regozijo da população, que comemorou condignamente.
Foi cantado solene “Te Deum” em ação de graças na igreja matriz e festejada com saraus nos sobrados de João Vieira da Rosa, presidente da Câmara e dos coronéis Joaquim Xavier Neves e Luis Ferreira do Nascimento Melo.
À noite os frontispícios (as faces) das principais casas foram iluminados a azeite em copos coloridos.

- A elevação a Villa seguiu-se a criação da Comarca de São José que foi instalada pelo juiz de direito Dr. Manoel Paranhos da Silva Veloso, seu primeiro magistrado, que era Ouvidor.


Em 04 de maio de 1833, em São José, o Poder Legislativo  municipal foi implantado com a criação da Villa de São José da Terra Firme, tendo vida própria se desvinculando politicamente da capital Desterro.
São José estava em grande festa no melhor estilo da época, a sociedade engalanada estava em frente à Casa da Câmara, os notáveis da região orgulhosos de seu novo “status” da comunidade, Conforme ata lavrada:


Aucto de posse e juramento que torna a Câmara da Villa de São José.
Anno de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oito centos e trinta e trez, aos quatros dias do mês de mayo, nesta nova Villa de São José onde foi vindo o Presidente da Câmara Municipal da Cidade do Desterro, Capital da Província de Santa Catarina, Marcos Antônio da Silva Mafra, acompanhado do Secretário da mesma Câmara, Luis de Souza de Medeiros para o fim de deferir juramento e dar posse aos vereadores da dita Villa de São José, cabeça do Termo do mesmo nome, que foi novamente criado, sendo desmembrado do da Capital (...) ficando no de Presidente o Cidadão João Vieira da Rosa por ser o mais votado (...)

São José é a mais importante Villa de Santa Catarina.

Em 24 de maio de 1833, em São José, o presidente da Província Feliciano Nunes Pires, após lista encaminhada, atendeu prontamente, nomeando como primeiros juízes e promotor de São José os cidadãos:
Juiz Municipal: Manoel Antônio da Cruz,
Juiz de Órfãos: Jacob Vieira da Rosa,
Promotor Público: João Antônio de Souza Quadros, sendo empossados em 20 de setembro de 1833.

Em 16 de junho de 1833, em São José são eleitos os Juízes de Paz para a freguesia de São José o cidadão Joaquim Manoel Cidades, que em “3 de fevereiro de 1834 foi acusado pela Câmara de incapaz para exercer o dito cargo por problemas de embriaguez”, para a freguesia da Enseada do Brito foi eleito José Inácio Bernardino da Silva.

Em 04 de julho e 1833, em São José, é enviado para o presidente da Província para aprovação do “Código de Posturas” (leis municipais).

Era 20 de setembro de 1835, entra em Porto Alegre, capital da Província de São Pedro (RS) o vitorioso general Bento Gonçalves (general monarquista, lutando contra os desmandos do governador (seu primo) por ele indicado), a população acompanha o general que se dirige a Câmara e dá posse ao vice-presidente da Província Marciano Pereira Ribeiro, abandonado por Fernandes Braga, que fugiu para a Villa de Rio Grande ao Sul.
Tem inicio a Revolução Farroupilha  ou Guerra dos Farrapos.

Em 11 de setembro de 1836, é proclamada a República Rio-Grandenseou República Piratini, com bandeira e hino, é eleito o general Bento Gonçalves da Silva como primeiro Presidente da República.
Depois de vencer a “Batalha do Seival”, o general Antônio de Souza Netto entusiasmou-se e disse as tropas:

“Camaradas!
Nós (...) devemos ser os primeiros a proclamar como proclamamos a Independência desta Província, qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o titulo de República Rio-Grandense.

Em março de 1839, em São José, é flagelada por formidável “tempestade de vento e chuva”, que prejudicaram terrivelmente a lavoura e as obras municipais. Os relatos são repletos de comentários sombrios sobre essa inclemência da natureza.

Em julho de 1839, os Farroupilhas avançam sobre a Província de Santa Catarina e proclamam em Laguna a República Catarinense  ou Juliana, em alusão ao mês de julho, tendo como presidente efetivo o paranaense Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, tio do coronel Joaquim Xavier Neves, político mais influente em São José, que havia sido eleito presidente da nova República e não assumiu.

Em São José, é assolada de aborrecimentos suscitados pela Revolução Farroupilha, o emissário dos Farrapos o tenente Marcelino Soares, natural da Villa, amigo e confidencial do coronel Joaquim Xavier Neves, sub-repticiamente (por meio ilícito) penetra no vilarejo altas horas da noite, alarmando a população josefense, e exige a imediata entrega da Praça, em nome do coronel Davi Canabarro, chefe da Revolução e para entregar o diploma de Presidente da República Catarinense ao coronel Joaquim Xavier Neves, cuja simpatia pela causa Farroupilha eram notórias, onde estava em entendimentos com os invasores de Lages (SC), era de esperar que São José aderisse à Revolução, do que estava inteirado o governo de Pardal, pois a eleição deste prestigioso político josefense para presidente da agora efêmera República veio, posteriormente, confirmar essa suspeita.
O Governo Imperial tinha em São José uma atalaia (sentinela) vigilante um soldado fiel, na pessoa do coronel José Bonifácio Caldeira de Andrade (Juiz de Paz), veterano das lutas da independência, na Bahia, e da abrilada, em 1831, o qual por termo à embaraçosa situação, mandou prender o emissário do coronel Davi Canabarro.
À voz de prisão, Marcelino Soares arrefeceu (esfriou) a arrogância e meteu pé no mundo.
Assim a Villa de São José voltou a sua vida normal, e o coronel Joaquim Xavier Neves foi feito desistir do sonho republicano e os ânimos serenados.

Em 1840, em São José, o total da população era 10.419 habitantes, sendo 2.225 escravos negros, constituída de 1.315 homens solteiros, 909 homens casados, 36 mulheres casadas, 34 homens viúvos, 2 mulheres viúvas.


Em 18 de julho de 1841, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, é realizado a sagração e coroação de D. Pedro II. A cidade foi cuidadosamente embelezada para a cerimônia. As festas duraram muitos dias, encerrando-se no dia 24 de julho com um grande baile de gala no Paço da Cidade.
Em Porto Alegre a cidade comemora e brinda ao “Imperador Menino”, com saraus e jantares.

Em 1843, em São José é construída a Bica da Carioca, lugar onde os negros escravos lavavam a roupa de seus senhores.


Em 13 de setembro de 1844, em Santa Catarina, pela Lei Provincial nº 194 foi criada a Freguesia de São Pedro de Alcântara, desmembrada da Freguesia de São José, continuando a pertencer a Villa de São José.

Em 28 de fevereiro de 1845, no Rio Grande do Sul, é encerrado o Conflito Farroupilha, com honroso acordo que foi selado entre Caxias (Luis Alves de Lima e Silva, presidente da Província) representando o Império, que teve dificuldades de encontrar o chefe real dos Farrapos e optou por Davi Canabarro (descrito como rude, extravagante e descuidado de filigranas morais) comandante do Exército Farroupilha, depois da exoneração de Bento Gonçalves do comando.

Em 20 de outubro de 1845, em São José da Terra Firme, na Província de Santa Catarina, foi distinguida com a visita dos jovens imperadores, recebidos entre extraordinárias manifestações de júbilo.
A praça central da Villa de São José ficou apinhada de gente naquela manhã, quando o Imperador Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina desembarcaram num cais construído às pressas para a ocasião.
Estavam acompanhados de uma pequena multidão em escalares de navios de guerra e três iates “embandeirados em arco com muito gosto” e uma banda de música.
Recebidos no cais pela Câmara Municipal, seguiram para a Igreja de São José “debaixo do Palio levado pelos vereadores, trajados à Corte com capas e bandas de cetim branco”, passando por “alas de coqueiros, ligados por grinaldas de verdura”, nos conta o autor de“O Relator Catarinense”.
O casal parou alguns instantes em frente à Igreja, decorada com uma“elegante arcada, ao pé da qual estavam em duas alas de meninas elegantemente vestidas”.
Tudo correu dentro da maior formalidade.
Duas meninas aguardavam o casal, filhas do coronel Joaquim Xavier Neves e do tenente-coronel Luís Ferreira do Nascimento e Mello, para saudar e lançar “uma chuva de cheirosas flores”.

Viva!

O imperador Dom Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina se dirigiram à Caldas de Cubatão, extasiados ante o belíssimo aspecto de nossa privilegiada natureza e apreciando de perto as virtudes dessas famosas termas.

O acesso às Caldas de Cubatão foi realizado por mil e duzentos homens, sob a direção do coronel Joaquim Xavier Neves, que para recreio e satisfação dos jovens imperadores, mandara arborizar e embandeirar a estrada, numa extensão de 35 quilômetros.

No regresso a Villa de São José SS. MM. assistiram ao “Te Deum laudamus”, pronunciando depois um “eloqüente e bem traçado discurso”, tendo como tema o Verso 24 do Livro 1 dos Reis, capítulo 10.
“E Samuel disse a todo o povo: agora já conheceis, a quem o Senhor escolheu, porque não há em toda a Nação outro, que iguale a este.
E todo o povo o aclamou, gritando: - Viva e Rei!”.
Cantando em ação de graças ao sucesso da viagem, nessa ocasião proferiu o famoso pregador Arcipreste Paiva, que era o vigário da Matriz, patriótica oração, saudando os augustos visitantes, congratulando-se com o povo pela extraordinária honra que São José recebeu com a visita das excelsas majestades.

Ao saírem do “Te Deum” SS. MM. foram interpelados por um ancião de longas barbas brancas que lhe recitou uma quadra:

“O astro rei quando nasce,
Trás consigo um resplendor,
Vivam suas majestades!
Viva o nosso Imperador!”

Terminada a solenidade religiosa, à tarde, no Solar dos Neves, transformado em “Paço Imperial”D. Pedro II deu-se  ao beija-mão e agraciou solenemente com as veneras (culto) de Oficiais da Ordem da Rosa os coronéis Joaquim Xavier Neves Luiz Ferreira do Nascimento Melo;

Cavalheiro da Ordem de Cristo os Srs. João Vieira da Rosa eManoel Joaquim Teixeira, Presidente da Câmara; e

Cavalheiro da Ordem da Rosa ao padre Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva.

A 3ª Legião da Guarda Nacional, “lusidamente uniformizada com o número de 600 baionetas e 250 cavaleiros guarneciam as faces da praça da Matriz”dando as “descargas de estilo, e formando em coluna aberta, executou a marcha em continência”, se retirando em seguida.

Depois do jantar “delicado e abundantemente servido” (nesta época o jantar era servido cedo pelas 05:00 horas da tarde) D. Pedro,Dona Teresa Cristina e seus seguidores montaram, se deslocando a cavalo até a Praia Comprida (região de Campinas e Kobrasol), no caminho de volta ao Desterro (Florianópolis), capital da Província, foram acompanhados por luzida cavalgada, SS. MM. assistiram a uma corrida de cavalos e lançamento de bois, à “moda do Sul”, tido como o Primeiro Rodeio que se tem notícia no Brasil, nos alagados de “Campinas” em São José da Terra Firme, dizem que o imperadorDom Pedro II chegou até a dançar num fandango.

A estrada que ligava São José ao Estreito, numa extensão de “légua e meia, estava bordada de um lado e de outro de habitantes de ambos os sexos, desejosos de, ainda uma vez, gozarem no seu distrito a presença de seus Soberanos”.
Além do Corpo de Cavalaria da Legião, outros 200 moradores acompanharam o casal.

Ambos apreciaram maravilhados, do morro das “Capoeiras”, o encantador panorama da baia josefense que despertou à imperatrizD. Teresa Cristina, saudades da sua belíssima Nápoles, no Reino das Duas Sicilias (na atual Itália), pela semelhança entre as duas baias.

No Estreito, as embarcações aguardavam para conduzir a comitiva de volta, São José, estava com o Centro todo iluminado.
No trapiche, estavam presentes “todos os cidadãos notáveis”, muitas“alas de imenso povo” “grande número de girândolas”, terminando com “Vivas repetidos de todos os lados”. E o casal foi embora.

- Por ocasião da visita de D. Pedro II e D. Teresa Cristina, os oficiais às ordens de SS. MM. inauguraram com suntuoso baile a residência do alferes Francisco Xavier de Oliveira Câmara, de recente construção.

Somente as cidades de Desterro e São José, na Província de Santa Catarina, receberam a honra da visita imperial.

- São José em peso ufanou-se de tão honrosa visita que serviu de assunto para conversações durante muitos anos.

- Acompanhou SS. MM. o Bispo do Rio de Janeiro, D. Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, Conde de Irajá, durante três dias consecutivos administrou “Crisma” a um considerável número de filhos da terra, à quase totalidade da população.

Em todos os atos religiosos o Bispo Conde de Irajá, foi auxiliado pelo padre Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, vigário da paróquia.

Os magnânimos imperadores fizeram a Igreja Matriz São José generoso donativo de três contos de réis, um grande valor na época.

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Dom Pedro II
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A vinda de Dom Pedro e Dona Teresa Cristina foi vista com bons olhos, em terras catarinenses, além da capital e de São José da Terra Firme, também a localidade de Santo Amaro e São Miguel, em Biguaçu, deveria ser visitada, mas fortes chuvas impediram o deslocamento dos barcos até lá.
Imagina-se o empenho de nossas autoridades em bem receber os visitantes. Sabe-se que, entre outros eventos, em São José foi promovida a apresentação de exímios cavaleiros em tiro de laço (laçadas), pialo, combates de lança, facão e arremesso de boleadeiras. Eram homens vindos do planalto serrano especialmente para a ocasião.
O Régio Casal ficou impressionado com o que viu, especialmente com a indumentária dos peões, e chegaram a circular pelo improvisado acampamento em que se alojavam pessoas vindas de todo o estado.
D. Pedro II permaneceu três dias em São José e depois seguiu para o Rio Grande do Sul, onde ficou quarenta dias. Dona Tereza Cristina não o acompanhou, ficou aproveitando os poderes medicinais das águas de Caldas do Cubatão (atual Caldas da Imperatriz).
Podemos dizer que, com a festa oferecida aos soberanos nos alagados de Campinas, em São José, abriram-se entre nós os verdadeiros rodeios para a exibição pública. O que até então havia eram rodeios feitos por peões nas propriedades em que trabalhavam. Na assistência, quando muito, somente os vizinhos.

De certa forma, os animados rodeios hoje promovidos têm em sua raiz um relevante acontecimento histórico. Podemos ousar em afirmar que o primeiro Rodeio do Brasil organizado como um espetáculo aconteceu em São José em 1845.

Em 13 de maio de 1846, em São José, é instalado pelo Decreto nº 231 a Freguesia de Garopaba, com terras da Freguesia da Enseada do Brito. Assim o município de São José passou a ter quatro freguesias:
São José (Sede), São Pedro de Alcântara, Enseada do Brito e Garopaba.

Em 26 de março de 1849, em São José, pela Lei Provincial nº 277 aVilla é elevada à cabeça de Segunda Comarca de Santa Catarina.

Em meados do século XIX, surgem mais duas colônias de imigrantes alemães:
Colônia Santa Isabel, junto ao rio dos Bugres,
Colônia Teresópolis no vale do Cubatão, ambas em homenagem a imperatriz do Brasil D. Teresa Cristina, que visitou a região junto ao imperador em 1845.

Em 26 de outubro de 1850, em São José da Terra Firme, os josefenses comemoram seu Primeiro Centenário”, com muita festa e baile.

Em 1851, em São José, tem início por meio de subscrição de esmolas, a construção da Capela do Senhor do Bom Fim, numa colina elevada da cidade.

Em 1852, em São José, é construída a Capela de Nosso Senhor do Bom Fim, abriga a imagem do Senhor do Bom Fim, cópia fiel da venerada na cidade de Salvador (Bahia).

Em 03 de maio de 1854, a população da Villa josefense vibrou de entusiasmo com a elevação a categoria de Cidade de São José.

- São José nesta época tinha uma enorme extensão territorial, um dos municípios mais populosos e ricos da Província de Santa Catarina, exportava: - “café, tapioca, açúcar, farinha de mandioca, cachaça e algum algodão”. Durante certo tempo teve importância a cultura do“linho”, que desapareceu por completo.
A cidade dispunha de um porto marítimo freqüentado por grande número de cargueiros.
O comércio progredia com as casas de importação e exportação.
Os partidos políticos, através dos grandes comerciantes, disputavam o domínio e os mandatos.

Em 29 de maio de 1854, em São José, pela Lei Provincial nº 371 é criado a Freguesia de Santo Amaro do Cubatão, ficando subordinada a Villa de São José.

Em 07 de setembro de 1854, em São José, comemorando a magna data da Independência do Brasil (07.09.1822- 32 anos) com missa, presente todo o elemento oficial, após solenemente o presidente da Província Dr. João José Coutinho, colocou a pedra fundamental da Casa da Câmara e Cadeia, construção que foi levada a efeito com a verba dotada pelo Conselho Municipal de vários exercícios, e ainda auxílio particular, em subscrição aberta para fim tão útil e patriótico, obra terminada em 1859.

- Revestiu-se essa solenidade de um caráter especial, realizando-se então festas populares, jantares e banquetes.

- À noite, antes de começar o espetáculo de gala, que fazia parte do programa, foi inaugurado com todas as honras, o retrato de S. M. o Imperador D. Pedro II, orando nessa ocasião o Sr. Davi do Amaral e Silva, por entre palmas e vivas entusiásticos.
A banda musical, de recente formação sob a regência do maestro organista Alberto Rickler, executou o Hino Nacional, cantando também, de pé, pelas pessoas presentes.

- Representou-se a peça “Monge da Terra d’Ossa”, com uma dança da época. Para terminar o espetáculo e espairecer as emoções causadas pelas cenas desse dramalhão trágico, seguiu-se-lhe a farsa “As Impugnações”.

Em 17 de setembro de 1854, em São José, o presidente da Província Dr. João José Coutinho, colocava a pedra fundamental do teatro particular (atual Theatro Adolpho Mello), construído com capital organizado por ações, tomadas pelos amadores da arte Tália.
Paraninfou o ato o coronel Luiz Ferreira do Nascimento Melo, presidente da Câmara.

Em 1854, em São José, foram iniciadas várias obras para suprir o crescimento da cidade, no governo provincial de João José Coutinho:
- É ampliada a Igreja Matriz São José, reformada interna e externamente.
- A Ponte sobre o Rio Maruim, danificada pelas constantes enchentes passou por radical transformação, sendo construída em tijolo e pedra, com tal perícia e solidez perfeita.
- Construção da Capela do Senhor do Bom Fim, o “Cavaleiro da Cidade”, sendo a obra levada a efeito por meio de subscrição popular e esmolas.
- Com o fito (fim) de aformoseá-la e precaver a segurança dos moradores, a Câmara resolveu demolir as primitivas casas, situadas na Praça Municipal e que ameaçavam ruína, eram construções simples: - Um corredor ligava as lojas ou salas abertas para a rua aos cômodos que as mulheres ocupavam a aos dos serviços domésticos que voltavam para o quintal. As alcovas (quartos de dormir) eram dispostas ao longo do corredor e raramente recebiam iluminação natural. O telhado de duas águas lançava parte das chuvas na rua e parte no quintal. As construções de fachada alinhavam-se para garantir estabilidade às edificações.
Por contrato foi entregue o serviço ao capitão Constâncio Pessoa que efetivou o trabalho pela quantia de 58$000 (cinqüenta e oito mil réis).

- O governador da Província João José Coutinho era um apreciador da cidade de São José, era raro o sábado ou dia santificado em que o Presidente da Província não visitasse a panorâmica e prestigiosa cidade, o que ocasionava intrigas e ciumeiras na capital Desterro, veiculadas pelos jornais, com retumbante repercussão na Corte, no Rio de Janeiro.

- Estabeleceu-se em São José o oficial João Clímaco Zusarte Firmo, que fora oficial da Marinha de Guerra de Portugal, emigrando para o Brasil, onde abriu forte casa comercial na sede de São José.
Homem de inteligência e de esmerada cultura, notando a falta de estabelecimento de ensino, onde a mocidade da terra pudesse adquirir conhecimentos mais amplos, fundou um “Colégio para Meninos e Moços”.
Neste colégio formaram-se:
Os irmãos Ferreira de Melo, irmãos Campos, das famíliasTolentino, Silva Ramos, Xavier da Câmara, Silva Pessoa, Xavier de Souza, Zeferino da Silva, Caldeira de Andrada, Vieira da Rosa, Afonso de Barros, Souza Moreira, Simplício Santos, Antônio de Souza, Fagundes, Schneider, Lentz, os nomes João de Souza, Marcolino Ramos Souza Medeiros, Cândido Domingos da Silva, José Rodrigues Lopes, João Gomes, Zacarias da Costa, Teodoro e Alexandre do Nascimento Ramos, João Nepomuceno da Silva Ramos, José Ramos Moreira, Luis Henrique dos Santos Souza, Constâncio Pessoa  Junior, João Rodrigues Alves, Júlio Ferreira da Silva, João José de Castro Junior, João Xavier Neves, Frederico Afonso de Barros Junior, Carlos Afonso de Barros, João Francisco Duarte, tantos homens de grande relevância, mais tarde, na sociedade, de grande projeção política e na administração pública.

Em São José, desde os primórdios, quanto ao Culto Religioso, primou sempre pela “fidelidade à fé Católica”, praticando todos os seus atos com perfeição e devoção.
As imagens:
- São José, o padroeiro (não se tem a procedência e data de aquisição, nem na tradição oral),
- Senhor do Bom Fim (mandada vir da Província da Bahia pelo padre Macário, em réplica a imagem baiana),
- Nossa Senhora das Dores e Senhor Morto (adquiridas entre 1853 e 1856 na Província da Bahia), 
- Senhor dos Passos, estas obras Sacras são veneradas e reverenciadas nas respectivas igrejas.

Em 03 de maio de 1856, em São José, a Villa de São José da Terra Firme é elevada a categoria de Cidade de São José, que desponta como centro social e econômico de um vasto município, sendo a pequena enseada o extremo da via que ligava o litoral ao sertão, e a sede ponto mais importante do núcleo josefense.

Em 1856, em São José, no ano em que a Villa de São José foi elevada a categoria de Cidade, a eleição para Juiz de Paz (na época eleito por voto) apresentou o seguinte resultado:
“Obtivemos votos para juízes de paz para o quadriênio de 1857-1860, nesta cidade de São José, os cidadãos seguintes: - Joaquim Lourenço de Souza Medeiros, 380 votos, José Silveira de Souza Fagundes, 370 votos, Joaquim Xavier Neves Junior, 370 votos, Joaquim da Silva Mellado, 368 votos, ...”

Em 21 de junho de 1856, em São José, depois de quase dois anos de obras é inaugurado o Theatro Adolpho Mello, na Praça Municipal, sendo um dos primeiros do Brasil e o primeiro de Santa Catarina.

Entre 1856 e 1861, em São José, a Igreja Matriz São José foi reformada e ampliada.

Em 1857, em São José, é construída a Capela de Nosso Senhor do Bom Jesus dos Passos.

Em dezembro de 1864, na América, no Paraguai, Solano Lopes, presidente ditador, decide se defender atacando: - aprisionou o vapor (navio) brasileiro “Marquês de Olinda” no porto de Assunção, é o estopim para a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado do continente.
Ao desligar-se em 1811, do Vice-Reinado do Prata, declarando independência, sem acesso ao mar e a Argentina não reconhecendo sua independência, organizou-se militarmente. Com a campanha do Brasil contra Aguirre no Uruguai, Solano Lopes viu no conflito uma possibilidade de expansão de suas fronteiras o “Paraguai Maior”.
Solano Lopes invadiu no final de dezembro a vulnerável Província do Mato Grosso, onde o tenente brasileiro Antônio João Ribeiro resistiu o que pode em Dourados.
Lopes pediu autorização à Argentina para passar com suas tropas em Corrientes a fim de atacar a Província do Rio Grande do Sul e o Exército Brasileiro que invadira o Uruguai, que é negado e declara guerra a Argentina.

Em São José, declarada a guerra ao Paraguai, um grupo de jovens josefenses apresentou-se logo ao Quartel do Batalhão de Depósitos, verificando praça voluntariamente e seguindo pouco depois com destino ao campo de operações.

Compunham-se ele dos voluntários heróis jofesenses:

Fernando Gomes Caldeira de Andrade, Francisco Xavier de Oliveira Câmara Júnior, João Pedro Xavier da Câmara (que morreu marechal do Exército), Cândido e João Lourenço de Sousa Medeiros, Carlos e Manoel do Nascimento Ramos, Ângelo dos Santos Sousa e Gaspar Pereira da Rosa.

Em 1865, na América, tem início a Guerra do Paraguai, entre o Paraguai e a Tríplice Aliança formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai. Embora o Paraguai fosse menor e menos rico que o Brasil e Argentina, estavam prontos para a guerra. Tinha 64 mil homens em armas (e 28 mil reservistas), o Brasil possuía 18 mil soldados efetivos, a Argentina 8 mil e o Uruguai 1 mil.
Quarenta dias após a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, a Esquadra Imperial comandada pelo Almirante Barroso destrói a marinha paraguaia na Batalha do Riachuelo.

Em 1866, em São José, a população escrava, analisando a população por sexo, qualidade ou cor e condição social, constata-se que os mulatos (pardos) somavam 1.076 pessoas, os negros (pretos) eram 2.319 pessoas, o total da população de descendência africana era de 16,2%.

- Do total da população de São José, 84,2% eram de lavradores, que trabalhavam em atividades agrícolas.

Em 1869, em São José, estava instalado o Hotel Novo junto a Praça Municipal (atual Hercílio Luz), em um prédio assobradado, onde tinha um salão de bilhar no térreo.

Em 1º de março de 1870, na América, no Paraguai, Francisco Solano Lopez, o presidente ditador, morre as margens do Aquidabã, na cordilheira de Azcurra, na luta de Cerro Corá - “Muero con mi Pátria”, suas últimas palavras, recusando-se a entregar sua espada ao General José Antônio Corrêa da Câmara, Visconde de Pelotas (futuro presidente do Estado do RGS) que coordenava as forças de vanguarda. Solano Lopez tinha vários ferimentos e não poderia resistir.

- Quase todos os jofesenses retornaram para casa ao final da Guerra do Paraguai, satisfeitos do dever cumprido, os heróis “Voluntários da Pátria” foram amplamente homenageados em São José da Terra Firme.

Em 1871, em São José, depois de receber homenagens honrosas devido a seus méritos e alta patente, o Marechal Guilherme Xavier de Souza, a quem o imperador iria agraciar com o título de Visconde de Itajaí, foi um legítimo herói na campanha da Guerra do Paraguai, onde preponderou como chefe no comando supremo de nosso Exército Imperial, filho ilustre de São José da Terra Firme.

- Os voluntários catarinenses foram elogiados por S.M.I. D. Pedro II pelo comportamento de bravura, exemplares, pela sua eficiência militar, pelo modo, enfim, com que se portaram à frente do inimigo, nos combates e batalhas em que se empenharam.

Em 1876, São José está no auge de seu progresso, e goza seus louros.
sociedade jofesense é citada além das raias municipais como uma das maiores, seletas e progressistas da Província (Estado).
moda  vinha diretamente da Corte no Rio de Janeiro que respirava o modismo de Paris (França).
Cultivava-se a música com fino gosto e apurada arte, os saraus e recepções fizeram época na pacata São José, alcançando notoriedade.
Três bandas de música disputavam a primária na divina arte de Euterpe, havia na sede da cidade a:
- Perseverança Artística, alcunhada de “Piratas”, da qual era diretor Francisco Tolentino, tinha na sua regência, Antônio da Silva Penedo.
Na Praia Comprida, duas outras:
- Recreio Josefense, por antonomásia “Farrapos”, era diretor Antônio Pedro Schneider, tinha na regência Francisco dos Santos Barbosa.
- Quebra Quilos, banda de músicos medíocres, era constituída de mulatos e pretos forros, sob a direção de Adão Mafra, crioulo troncudo e sem pendores artísticos.
Belíssimos concertos e retretas realizaram essas afinadas bandas musicais, no alegrar da população josefense, nos seus dias festivos, faziam com garbo e entusiasmo desfraldando seus estandartes.
Na política apontavam-se os vice-presidentes da Província: - Xavier Neves, Ferreira de Melo, Pinto de Lemos, Silva Ramos e Ferreira de Melo Filho, detentores várias vezes das rédeas do governo.

Em São José, o entrelaçamento de diversos ramos de famílias em um único tronco, o Vieira, formou uma grande, forte, famosa e unida família, embora divergissem politicamente alguns de seus membros, filiados a este ou aquele partido.
Passado o calor das eleições e o renhido dos pleitos, não havia necessidade de reconciliações. Pois todos se reuniam na melhor cordialidade familiar.

Citamos um causo político:


- Ocorrido entre os advogados Antônio Ferreira de Melo e Francisco Tolentino, eram primos irmãos e cunhados, aquele chefe conservador e este liberal.
Costumavam anotar em carteira os nomes de seus eleitores, cabalavam juntos na maior camaradagem, e, concluído os afanosos trabalhos, à noite, em serão, cotejavam os cabalados.
Apurada a eleição e verificada que fosse a falta de um correligionário menos escrupuloso, faria uma chacota do outro, sem melindre, até que a nova eleição viesse apagar o afeito daquela em que ocorreu a trapaça política (aliás, muito comum).

Em 1881, em São José na Praia Comprida, morava Paulino de Albuquerque, homem inteligente, poeta que deixou vários trabalhos esparsos nos jornais da época, era, porém, um “ateu intransigente”.
Conta a história:
- Numa noite clara de luar, palestrava ele numa roda de amigos, quando alguém se referiu à existência de “Deus”, Paulino retrucou imediatamente, dizendo que só acreditava em Deus se viesse um cadáver espostejado recompor-se ilusão ou aviso celeste, o fato é que mal proferiu essas palavras, e ...
“ Um clarão vermelho manifestou-se no centro da roda”

A palestra terminou e cada qual se separou impressionado pelo que vira e seguiu logo para casa.
Paulino de Albuquerque tomou o fenômeno como uma advertência divina e no dia imediato procurou o coronel Francisco José da Rosa, com quem estava de relações cortadas e com ele se reconciliou, propondo-lhe a compra de um terreno, necessário a ereção de uma capela.
Efetuada a transação, deram começo as obras, despendendo nela elevadas importâncias.

Em 08 de outubro de 1882, em São José, na Praia Comprida, um ano após o fenômeno, chegava à imagem de Santa Filomena, que a comissão edificadora da nova Capela, mandou vir da Itália.
Às 4 horas da tarde foi solenemente benta, com excepcionais festas. E assim se converteu mais um ateu intransigente, Paulino de Albuquerque.

Em 08 de novembro de 1882, em São José, é criada a Freguesia de Palhoça subordinada à cidade de São José.

Em 11 de dezembro de 1883, em São José, chega à notícia da construção de uma “Estrada de Ferro” com a denominação de D. Pedro I, a cidade seria o ponto inicial a malograda via férrea.
A comissão de engenheiros incumbidos de proceder aos estudos estava na capital Desterro (Florianópolis).

Em 19 de dezembro de 1883, em São José, é batida a primeira estaca na praça da cidade josefense para a construção da Estrada de Ferro D. Pedro I.
A cidade regurgitou (muitos) visitantes, compareceu para o evento o elemento oficial da capital e de outras localidades.
No local do batimento da estaca, realizou-se um vasto e prolongado banquete, sendo levantado um espaçoso barracão.
À noite, houve grande passeata, com banda de música, pelas ruas da cidade iluminada a “giorno”, finalizando os festejos com um baile na Câmara Municipal.

Em 06 de setembro de 1886, em São José, é criado a Freguesia de Águas Mornas, subordinada a São José.

Em 1887, em São José, é fundado um “Clube Abolicionista”, os josefenses não ficaram indiferentes à campanha abolicionista que vinha sendo agitada de Norte a Sul.
Por iniciativa de “alguns” inimigos da escravatura, formou-se a diretoria do clube com os Srs. Antônio Elesbão Pires, João Carlos de Souza Medeiros, Jalmeno Lopes, Firmino Pereira Bento, João Lourenço de Souza Medeiros e Francisco Pereira. Alguns elementos desta associação filiaram-se mais tarde ao Partido Classista, na primeira fase do Regime Republicano.

- Os escravos atraídos ao “Clube Abolicionista”, recebiam sua carta de alforria, admirados, sem o menor protesto de seus senhores.
Era o princípio da derrocada escravagista no município de São José.

- Os Negros e mulatos  na formação da sociedade josefense, dentre os diversos povo africanos, que contribuíram para a construção da identidade cultural de São José da Terra Firme.
Os negros na qualidade de escravos não usavam sobrenome próprio, sendo conhecidos pelo prenome, pela nação africana de origem (quando vindos da África) e pelo nome do proprietário.
Exemplo:
- Antônio, escravo Guiné, de Major Thomaz José da Costa, faleceu em 17 de dezembro de 1837, de idade 55 anos.


O número de escravos negros no município de São José foi bastante significativo no ano de 1840, quando eram 21,3% da população.
A Colônia Militar Santa Teresa comunidade josefense, onde os negros e mulatos formavam a maioria da população, com 56,8%, mas a população escrava somente de 3,8%, os demais eram homens livres.
Ao serem alforriados através da “Carta de Alforria”, adotavam, via de regra, o sobrenome de seu antigo proprietário.
A cultura negra josefense está presente na alimentação (feijoada), na religião (umbanda, candomblé), nos folguedos populares (cacumbi), na música (semba, samba), nos instrumentos de percussão, nas lendas do Saci-pererê, na literatura (através de Cruz e Sousa).

Açorianos, Alemães e Negros foram fundamentais na construção dos valores étnico-culturais de São José.

Até 1888, em São José, antes da Lei Áurea, os senhores de engenhos e latifundiários, arraigados aos seus princípios políticos, nada faziam sem se aconselhar com os velhos chefes, os coronéis Ferreira de Melo, Silva Ramos, Silveira Fagundes e Pinto de Lemos, escravagistas intransigentes, que eram ouvidos como verdadeiros oráculos.
A indisciplina dos escravos e fugas eram grandes problemas, pelos maus tratos, castigos físicos e a separação das famílias, vendidos separadamente.

Em 13 de maio de 1888, no Brasil, é assinada no Rio de Janeiro, capital do Império ou Cidade Neutra, a Lei Áurea  pela Regente do Império Princesa Isabel, declarando livre todos os escravos no Brasil, sem indenização a seus antigos proprietários (o governo Imperial não dispunha deste dinheiro).
Muitos proprietários que tinham mão de obra escrava foram à falência.

Em São José da Terra Firme, o fim da escravidão é motivo de festa, todos saem às ruas para comemorar com muita alegria muita música, mas não a alegria de todos, - claro, pois alguns proprietários josefenses chegaram à falência.


Os Descalços do Preconceito:
- Ao longo de três séculos, “usar sapatos”, mais do que simples conforto ou mero sinal de status, foi sinônimo de liberdade no Brasil.
Até maio de 1888, somente homens brancos, mulatos ou negros livres, podiam andar calçados.
Os chamados “Escravos de Ganho” (liberados para trabalhar para terceiros) podiam até vestir “calças bem posta, paletó de veludo, portar relógio na algibeira, anel com pedra, chapéu coco”, mas tinham que andar descalços. Nem tamanco nem sandálias – pé no chão: “para deixar exposto o estigma indisfarçável do seu estatuto de cativo”.
Tanto era assim que anúncios sobre fuga de escravos às vezes alertavam:
“Anda calçado para fingir que é forro”.
Isto foi em todo o Brasil e o sul não foi exceção, mesmo com todos os movimentos antecipados abolicionistas, o estigma não estava só na liberdade, mas no status social, divisor de classes, para isto tanto valia negro, branco ou amarelo.

Em São José, o famigerado Vitoriano Menezes, conhecido mercador de negros comprava por um bom preço nas terras de São José e Desterro e vendia para lavouras paulistas, devido ao “grande valor” do escravo no mercado.
Mas com a Lei Áurea, de um dia para o outro foi quebrado o seu negócio. A “fina flor da mulata”, como dizia, não aparecia mais, já não lhe ofereciam oportunidade às miseráveis transações que o enriqueciam.
Por fim Vitoriano mudou-se para São Paulo, onde logo depois recebeu a punição por seus crimes. Assassinado em Campinas (SP), com uma martelada na cabeça, foi seu cadáver atirado dentro de uma sentina.

Em 15 de julho de 1889, segunda-feira, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, S.M.I. D. Pedro II escapou de um atentado, no Rio de Janeiro, ao sair do Teatro Sant’Ana, quando, após um pequeno tumulto provocado por alguém que gritara “Viva o partido republicano”, um jovem português, Adriano do Valle, caixeiro, que alcoolizado e instigado pelos republicanos disparou três tiros de pistola contra a sua carruagem.
A sorte que o tiro partiu de considerável distância, perdendo-se no espaço, mas comoveu profundamente a alma brasileira.

- Ao contrário do que ocorreu na Alemanha, onde Hödel fora decapitado por tentar assassinar o imperador Wilhelm IDom Pedro II não deu importância ao fato e perdoou o terrorista.
Mas quatro meses depois, os militares desfecharam um golpe de Estado e instituíram a República.

- Na capital Desterro, o presidente da Província mandou cantar um“Te Deum” em ação de graças, por haver Sua Majestade D. Pedro II, espaçado incólume do atentado. Assomando à tribuna sacra o Cônego Francisco Pedro da Cunha, Vigário de São José e um dos maiores oradores sacros da época, proferiu memorável oração em que, após discorrer sobre a vida do monarca, verberou com indignação o ato insensato do caixeiro.
São dele estas patrióticas palavras:
“O projétil errou o alvo! Mas feriu o coração da Pátria! Não foi um brasileiro e sim um luso (português), que abriu no estandarte das chagas duplas que a lusos e brasileiros consternou.”


Em 1888, em São José, a Propaganda Republicana, refletiu com intensidade principalmente sobre os jovens.
Os jornais da Corte, notadamente o “País”, em que pontificavam Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Fernando Lobo, Joaquim Serra e outras penas, eram lidos e relidos na botica do velho Cristovão Joaquim de Oliveira e no Armazém do Constancinho de Constâncio José da Silva Pessoa Junior, enchendo-se de entusiasmo as almas moças de Artur Ferreira de Melo, Joaquim Pinto de Lemos, João Gualberto da Silva, Antônio Elesbão Pires, Hortêncio Paiva, Alberto Meyer, Manoel Cesário Demaria e muitos outros.

Em 1889, em São José, encerrou suas atividades o Grupo Dramático Particular, de cujo corpo cênico faziam parte: - Antônio Ferreira de Melo, Francisco Tolentino, João da Silva Ramos, João Luiz Ferreira de Melo, os irmãos Francisco e Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, José Silveira de Sousa Passos, Antônio Francisco de Sousa, Ernesto Galvão de Moura Lacerda, Cândido Domingos da Silva, Leonor, as irmãs Dalila e Maria Bento Fernandes, Maria Luiza Cidade, e posteriormente, João Gualberto da Silva, José Cristovão de Oliveira, Ernesto José de Sousa, Hercílio Lentz e Hortêncio Paiva.

Em 15 de novembro de 1889, no Brasil, Rio de Janeiro, agora capital da República, através de uma conspiração militar e das oligarquias prejudicadas com o fim da escravidão é proclamado à República no Brasil pelo marechal Manoel Deodoro da Fonseca, sem derramamento de sangue, foram mandando para o exílio o imperador D. Pedro II e a Família Imperial, encerrando o período monárquico e o sistema parlamentarista.
O Marechal Manoel Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 25/02/1891), Alagoano, Militar, assume a República como “Chefe do Governo Provisório”, eleito pelos proclamadores.

Em 15 de novembro de 1889, em São José, a aceitação da nova ordem da República, foi fraca, a não ser por conta dos grupos republicanos que já estavam organizados, mas em correria diante do acontecido.
Dissolvidos os partidos políticos, os “Liberais”, então detentores do poder, separam-se, e grande parte de seus componentes abraçou logo o novo regime.
Os “Conservadores”, que haviam ficado indiferentes ao movimento, aproximaram-se também, constituindo então o PRC - Partido Republicano Catarinense que esteve de cima até a vitória da Revolução de 1930.

Em 1890, no Brasil, inicia a grande imigração, principalmente de europeus para o Sul do Brasil.

Em 07 de janeiro de 1890, em São José, pelo Decreto-Lei do presidente do Estado Lauro Severino Müller, é dissolvido a Câmara Municipal, surgindo o Conselho Municipal e o Superintendente, era evidente o rancor político e o desejo de substituir as antigas lideranças ligadas a Monarquia, e São José era um destes baluartes conservadores. Lauro Müller é bem eloqüente, deixando claro que as câmaras municipais eram um mal que tinha que acabar.

No dia 15 de setembro de 1890, no Brasil, realizaram-se as eleições em todos os Estados brasileiros, conforme Regulamento Eleitoral (conhecido como Regulamento Alvim), baixado em 23 de junho de 1890, para eleger os representantes para a Assembléia Constituinte Federal (15.11.1890-26.02.1891), foram eleitos deputados por São José: - os nomes de Francisco Tolentino e Artur Ferreira de Melo.


Em 15 de novembro de 1890, no Rio de Janeiro, no Paço da Boa Vista, no primeiro aniversário da República, o Congresso Nacional Constituinte instalou-se, com toda a solenidade. O Congresso compunha-se principalmente de pessoal novo na política brasileira: - republicanos históricos ou de última hora, muitos militares e alguns remanescentes dos partidos da monarquia, quase sempre discretos ou adesistas entusiastas.

- Formada a mesa do Congresso, coube a Presidência, por unânime consenso de seus pares, ao josefense Francisco Tolentino  que recebe, por isso, significava manifestação de apreço.
Depois de eleger a sua Mesa, o primeiro ato do Congresso foi reconhecer os poderes do Governo Provisório, e prorrogá-los até que se promulgasse a nova Constituição.
Houve um acordo geral para que fosse imediatamente votado e aprovado o projeto do Governo. Não se fizeram, pois, alterações significativas.

Francisco Tolentino, com seus correligionários e amigos encerra com um baile em sua residência.


Em 11 de junho de 1891, em São José, promulgada a Constituição, começaram os dissídios políticos, Eliseu Guilherme da Silva, josefense, e chefe político na capital, agremiando elementos, funda com Germano Wendhausen, Cristovão Pires, Severo Pereira, Irmãos Barbosa, Fábio Faria, Fausto Werner e outros, formando o “Partido Federalista”, dissolveu-se assim o Partido Classista.
O novo partido começou a agir imediatamente, movendo vigorosa campanha pela imprensa contra o presidente do Estado Lauro Müller

Em 23 de novembro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, vinte dias mais tarde, o presidente da República Deodoro da Fonseca é forçado a renunciar durante a Revolta da Armada (Marinha), sendo substituído por seu vice-presidente, Floriano Peixoto.

Positivismo está em Santa Catarina e assume o poder com o seu lema:
“o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”.
A República era de inspiração, político-filosófico Positivista, conseguiu dar uma cara aos prédios públicos e privados, espelho da Ordem, do Progresso e da Modernidade  trazidos pela tardia penetração do capitalismo no sul do país.
Pela primeira e única vez no mundo, a filosofia positivista foi acompanhada, nas mãos de Lauro Müller, e por elementos muito mais positivistas que o próprio positivismo de Augusto Comte.

- Na capital Desterro, Lauro Müller, presidente do Estado, moço, cheio de fé republicana, com o pensamento volvido para os postulados Positivistas, deixou-se, político ainda inexperiente, seduzir pelos encantos de suas idéias amparando o golpe de Estado que culminou com a queda do presidente da República Deodoro da Fonseca e a sua.

- Houve em São José um racha (fracionamento) da família josefense, até então unida, pelo grau de parentesco entre seus maiores valores. Alguns políticos permaneceram fiéis ao Imperador (no exílio).
A oposição, que pouco se avantajara, recebeu a adesão do deputado Artur Ferreira de Melo, que resignou o mandato de deputado.

Em São José adesões apareceram em massa, tornando-se a velha cidade o mais forte baluarte federalista do Estado de Santa Catarina. As insistentes manifestações políticas contra o governo e nas quais o Partido Federalista de São José teve parte preponderante, culminaram com a deposição do presidente do Estado Lauro Müller, por lhe haver faltado apoio do centro.

Em 23 de novembro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, capital da República, o marechal Floriano Peixoto (23.11.1891-15.11.1894), segundo presidente da República,                
Alagoano, Militar, sem Vice, foi eleito pelo Congresso.                
Assume a presidência da República, anulou o decreto de Deodoro da Fonseca de dissolução do Congresso e suspendeu o estado de sítio.

Em 1892, em São José, encontram-se registrada a presença de diversos troncos familiares de descendentes italianos, árabes, franceses e espanhóis.

Entre novembro de 1891 e março de 1892, Floriano Peixoto afastou os governadores que haviam apoiado o golpe de Deodoro, substituindo-os por aliados.
Governou com mão de ferro e consolidou a República.

- O presidente da República Marechal Floriano Peixoto envia a Santa Catarina, como seu emissário, um homem de sua confiança, o Tenente Manoel Joaquim Machado que assume o governo do Estado e chama o Partido Federalista para governar com ele.
Assim São José continuava a influir poderosamente na política do Estado.
E fez sentir ainda mais a sua ascendência na governança, depois que o Tenente Machado contraiu núpcias com uma josefense, sobrinha e afilhada do tenente Coronel Caetano Carlos Xavier Neves, Comandante do Esquadrão de Cavalaria, que passou “ipso-facto”, a ser pessoa de confiança e lugar no governo.
- Na realidade teve um bom pistolão!

- Com a formação do Partido Federalista, ficou a antiga agremiação política reduzidíssima. Apenas conservaram-se fiéis a Lauro Müller, o Coronel Pinto de LemosFrancisco Tolentino, Francisco e Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, Joaquim Pinto de Lemos, Marciano Francisco de Sousa, Marcolino do Nascimento Ramos, Cândido Domingos da Silva, Manoel Guilherme Ramos, João Umbelino de Sousa, mais conhecido por João Catarina, Francisco Otaviano da Câmara, Adolfo Nonato da Silva e um número pequeno de eleitores, remanescentes do velho partido.
- Convocado o eleitorado para novas eleições à constituinte estadual, feitas estas, foram pelo Congresso eleitos presidente do Estado de Santa Catarina o Tenente Manoel Joaquim Machado, e presidente do Legislativo Estadual o Coronel Eliseu Guilherme da Silva.

- Na capital Desterro, os jornais a Gazeta do Sul e República, romperam em vigorosa oposição aos governos estadual e federal. Francisco Tolentino, diretor da “Gazeta”, salienta-se nessa campanha, de esplêndida cultura literária e jornalística, em editorais memoráveis, dentro da ética, analisa, combate e aponta inconstitucionalidades, dos atos do governo.
O governo revida através do jornal O Estado, em linguagem elevada por Eliseu Guilherme da Silva.
Defrontam-se, assim, na tribuna jornalística, dois ilustres jofesenses, liberais da Monarquia, em defesa dos novos ideais da República.

Em 05 de dezembro de 1891, na Europa, em Paris, França, morre no exílio Dom Pedro II  (conhecido como Sr. Alcântara), o último imperador do Brasil.
Entrou em agonia na noite do dia 04 de dezembro, e faleceu as 00h35min da manhã do dia 05 de dezembro.

Suas últimas palavras foram:
"Deus que me conceda esses últimos desejos– paz e prosperidade para o Brasil…"

Em 1892, em São José, a distribuição de profissões no município, nota-se que atividades comerciais e de profissões liberais tomam grande impulso, devido à abertura do Caminho da Serra, que aumenta a produção, devido aos núcleos teutos.
São engenhos e fábricas instaladas na região de São José:
- 6 Fábricas de açúcar, 11 engenhos de aguardente, 164 engenhos de mandioca, 82 alfonas de moer trigo, 5 cortiços de couro.

Em 1892, em São José, na Praia Comprida, eram eleitores habilitados 51 indivíduos, dos quais 10 tinham origem alemã, 1 sueco (Sandin), 46 tinham atividades ligadas ao comércio, só 5 ligadas à agricultura.

- A burguesia josefense aos poucos conquistou o seu espaço no Estado, chegando a ocupar o primeiro lugar nas atividades econômicas e segundo lugar na política (em poucos momentos a primeira posição). Nesta época o município de São José se estendia até Garopaba ao sul, indo próximo a Lages a oeste, e o rio Serraria ao norte.

Em 1893, entre janeiro e junho, em Blumenau, o Partido Republicano, organizou e desenvolveu forte campanha contra o governo.
Movimento chefiado por Hercílio Luz, que tinha fortes elementos, cognominado “baluarte da legalidade” (em contraposição a São José) onde homens como Paulo Ramos, Santos Lostada, Bonifácio Cunha, Francisco Margarida e Cunha Silveira, coordenavam respeitáveis forças.
Este movimento legalista culminou com a deposição de quase todas as municipalidades e do presidente do Estado.

Em 02 de fevereiro de 1893, em Porto Alegre (RS), uma semana depois da posse do presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Julio de Castilhos, inicia a Revolução Federalista, que vai colocar“Maragatos e Pica-paus”, cara a cara, embora houvesse outros interesses em jogo, a revolução resumiu-se ao choque entre os aliados de Gaspar Silveira Martins que voltara do exílio em 1892, imposto por Deodoro da Fonseca e os partidários de Júlio Prates de Castilhos, uma luta entre o antigo regime monarquista e a nova ordem republicana.

Na segunda quinzena de julho de 1893, em São José, a Câmara continuava em poder dos Federalistas, os Legalistas enviaram o tenente Carlos Alberto Camisão, que foi destacado para depô-la.

- Numa tarde calma, seguiu por mar com oitenta praças escolhidos do 25º Batalhão de Infantaria, desembarcando na Praia Comprida, nos fundos da residência do Major Marciano Francisco de Souza, um dos poucos josefenses contrários à situação.
O Tenente Carlos A. Camisão, de temperamento belicoso, porém, militar prudente, não afoitou-se a atacar a municipalidade de surpresa, indo ao anoitecer, à paisana, observar de perto o campo onde se feriria projetado ataque. Ai chegando, foi avisado por alguns correligionários que o Coronel João Luiz Ferreira de Melo, superintendente municipal, convocara, cedo, os seus amigos e partidários, expondo-lhes a melindrosa situação em que se achavam.
O Coronel Ferreira Melo, que não ignorava a situação precária de seu partido o P.F., no momento dirigiu-se a seus amigos nestes termos:
“O meu lugar é aqui! Conheço as minhas responsabilidades. Não sou um inconsciente e não arredarei pé daqui, embora morra ou fique só”.

- Diante dessa resolução, os seus amigos não o abandonaram. Dividiram-se em grupos e escolheram lugares mais próprios para resistirem ao ataque do Tenente Camisão.
Eram eles: - Caetano e Israel Neves, João Batista da Costa, João, José e Francisco de Campos, Ismael Antônio da Rosa, Jalmeno Lopes, Antônio Elesbão Pires, José Ramos Moreira, Jacó Quint, Francisco José da Rosa Junior, João Carlos de Souza Medeiros, Francisco Vicente de Assunção, Alípio Rosa, Francisco e Manuel Justino Leite, João Schneider, Augusto Xavier de Souza Junior, João Augusto Xavier de Souza Medeiros, Joaquim Sebastião Lentz, Bernardo Trupel, Olegário Alves, João Pedro de Espíndola, Macário Bento de Carpes, João Batista d Nascimento, João Vieira Franco, Coronel Francisco José da Rosa e Silveira Fagundes, Artur Ferreira de Melo, Francisco Vieira da Rosa, Nicolau Schmidt, Ernesto Beistoff, Antônio Francisco de Souza, Tomás Silveira de Souza, João Nepomuceno da Silva Ramos, Salustiano da Costa, Joaquim Fagundes, Jacinto José da Rosa, Jacinto Duarte, Maximiliano dos Santos e ainda outros e em grande número de pretos assalariados para a defesa.
Uns fortificaram-se no sobrado ao lado da Câmara Municipal, alojaram-se outros na torre da Igreja Matriz São José, muitos permaneceram na municipalidade e um bom número de defensores localizou-se no morro do Bom Fim, que ficava como os demais pontos guarnecidos, a cavaleiro da praça.

- Observando o Tenente Carlos Alberto Camisão que seria imprudência expor a sua tropa num ataque em campo raso, ao passo que os atacados ficariam a coberto de seus tiros, retrocedeu, pedindo aos amigos que fosse avisado dessa resolução o coronel Bernardino Machado, que à noite viria da Freguesia de Palhoça com reforços fazer assédio, por mar.

- Os Federalistas, tendo conhecimento de que os Legalistas de Palhoça cooperariam com o Tenente Carlos A. Camisão, imediatamente mandaram guarnecer a ponte de Maruim por um forte contingente, obstando, assim, a sua passagem.

- Retirando o destacamento militar e não tendo ciência do que ocorrera, à noite, em embarcações, a vela e a remos, os homens de Palhoça comandados pelo Coronel Bernardino Machado, aproximaram-se do trapiche municipal para efetuar o desembarque, sendo surpreendidos, porém, por uma saraivada de pedras pelos Federalistas de terra, que gritavam:
“Morram os Lambistas!”, alcunha que os federalistas deram aos adversários, partidários do Dr. Lauro Müller.
Os Legalistas nas embarcações já a resguardo das pedradas, retrucavam de longe, enfurecidos:
“Abaixo aos Maragatos!”, antonomásia dos federalistas, importada dos Pampas Gaúchos.

Em agosto de 1893, em São José, estoura a notícia da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul.
Em São José reúnem-se logo os marechais do Partido Federalista para receber os emissários da revolução sul-riograndense.
Em pacto secreto, aderem os federalistas aguardando os acontecimentos que se desenrolariam no Rio de Janeiro.
Revolta-se a esquadra na Baia da Guanabara contra o governo do presidente da República Floriano Peixoto.

Em 27 de setembro de 1893, em São José, o cruzador “República”, uma das melhores unidades da esquadra brasileira, fundeia na baia josefense e, com poucos tiros domina as precárias fortificações da cidade.
O cruzador vinha sob o comando do Capitão de corveta João dos Santos Lara e trazia a bordo o capitão de mar e guerra Frederico Guilherme de Lorena.

- No Desterro (atual Florianópolis), capital do Estado de Santa Catarina é instalado o governo provisório da nova República do Brasil, o Capitão de mar e guerra Frederico Guilherme de Lorena, foi empossado Chefe do Governo Provisório.
- Foi baixado o decreto de convocação da Guarda Nacional.

- Imediatamente, uma comissão de Federalistas dirigiu-se à capital, tentando audiência com o novo Chefe do Governo Provisório, que não os recebe, julgando tratar-se de um grupo de espiões.

- Coube a São José parte saliente nesse agrupamento de forças, três mil e quinhentos homens formaram na Praça Municipal nos primeiros dias de convocação e deles foram considerados válidos mil e oitocentos.
Organizados os corpos, foram nomeados comandantes do 1º Batalhão o Coronel João Luiz Ferreira de Melo e do 2º Batalhão o Coronel Israel Xavier Neves e oficiais imediatos, Jacinto Duarte, João Vicente Vaz, Bernardo Trupel, Francisco Adão Schmidt, Joaquim Sebastião Lentz e outros.
Para instruir a tropa o governo revolucionário nomeou oficiais do exército.

- No primeiro dia da convocação, o Chefe do Governo Provisório, Frederico de Lorena, cercado do mundo oficial, inaugurou solenemente a Estação Telegráfica de São José, após o capitão de mar e guerra Frederico de Lorena passou em revista as tropas formadas na Praça Municipal.
À noite realizou-se no Paço Municipal uma grande recepção, finalizando as festas com um baile de gala.

- Dos batalhões foram destacados companhias para guarnecer pontos afastados, a fim de evitar surpresas dos “Pica-paus ou Legalistas”, como eram chamados nas falanges revolucionárias os soldados comandados pelos generais Artur Costa, Lima e Silva, Pinheiro Machado e Coronel Firmino Lopes Rego. Este fazia a vanguarda da coluna Artur Costa, que operava no sul do Estado.

Nota:
- Diziam à boca pequena que, fazendo sortidas altas horas da noite, vinha ele confabular na Freguesia de Palhoça com seu amigo e concunhado Jacinto José da Luz, para comunicar aos amigos, as vantagens obtidas pelo MarechalFloriano Peixoto nesta luta fratricida. 

- As hostes revolucionárias puseram-se no encalço dos “corta-cabeças”, designação dada ao Coronel Firmino Lopes Rego, sendo sua cabeça posta a prêmio, houve até quem a visse espetada num pau na Estrada da Enseada do Brito.

Em Santa Catarina os revoltosos e seus simpatizantes são perseguidos e, derrotados, mortos e fuzilados.
Na Ilha de Santa Catarina onde ficou a sede do governo provisório da Revolução Federalista/Armada, após a derrota muitos foram fuzilados na Fortaleza do Anhatomirim.

- A capital Desterro passa a chamar-se Florianópolis (Cidade de Floriano) em homenagem ao “marechal de ferro” Floriano Peixoto, presidente da República.

Em 1894, em São José, pelo Decreto nº 40 é criado o Distrito de Angelina que é desmembrado de São Pedro de Alcântara e subordinado ao município de São José.

Em 24 de abril de 1894, em São José, pelo Decreto nº 184 do presidente da Província Moreira César o Distrito de Palhoça é elevado a Município de Palhoça, desmembrado de São José, com as terras ao sul do rio Maruim, quase 2/3 das terras de São José.

- Como punição pela Revolução Federalista (1893), São José perde os distritos de Palhoça, Santa Amaro, Enseada de Brito, Garopaba e Águas Mornas, para o novo município.

- A República foi mortal para o progresso de São José e iniciou-se um período de estagnação e mesmo de retrocesso. Os principais líderes josefenses, adeptos da Monarquia, foram relegados ao segundo plano pelos novos donos do poder, e punidos.

Em 1894, em São José, sob a direção do mestre Felipe Rosa e custeado por elementos do Partido Republicano local, fundou-se a banda musical “Recreio Josefense”.
Na mesma época, foi reorganizada pelo Partido Federalista a banda“União Artística”, sob a regência de Venâncio Antônio da Costa.

- Mais tarde com a retirada de Felipe Rosa foi criada a banda“Adolpho Mello”, que teve a regê-la o maestro Olimpio Rego, músico do Conservatório, que deu notável impulso à nova sociedade.

- Dissolvida tempos depois a “União Artística”, os seus melhores componentes agregaram-se à banda “Adolpho Mello”.

Em 1898, em São José, a imprensa local teve seu marco inicial com a“Pena”, pequeno jornal manuscrito, onde João Otaviano Ramos, com pouca idade, modesto e tímido era ao mesmo tempo diretor, redator e gerente. Jornal feito exclusivamente à pena com artigo de fundo, noticiário e anúncios, não escapou, todavia, às forças caudinas da crítica, havendo quem lhe apontasse gafes. Mesmo assim Otaviano Ramos colaborou com o jornalismo josefense.

- Mais tarde São José teve outros jornais, o “Astro”, impresso em tipografia própria, sob direção de Francisco de Paula e Souza.
Houve também a “Luz”, sob direção do coronel Napoleão Poeta e finalmente o “Josefense” por Antônio Epitácio dos Santos.


Em 23 de agosto de 1895, no sul do Brasil, termina a Revolução Federalista, iniciada em janeiro pela mediação do novo presidente da República Prudente de Morais, a Ata de Pacificação entre o caudilho Joca Tavares e o general Inocêncio Queiroz, com dez mil homens mortos pelos campos do interior, a chamada “Revolução da Degola”; assim os Legalistas voltaram ao poder com mais força.

Em São José, o Partido Federalista – P.F. facilmente organizou-se, de modo que, politicamente, continuou a preocupar o governo estadual e federal. O P.F. sempre em minoria, para dominar o adversário nas urnas, teve de valer-se de recursos vários, já o P.R.C. para remover obstáculos sérios transferia as mesas eleitorais de um para outro lugar, dificultando o acesso dos contrários.
Por isso, o Partido Federalista, com suas falanges completas nunca pode vencer uma eleição.

- No Rio de Janeiro, capital federal, chefes Federalistas geram através do entendimento com Lauro Müller, o chefe supremo do PRC – Partido Republicano Catarinense.
Coube a um ilustre josefense, Eliseu Guilherme da Silva, aliado a Abdon Batista, a maior parcela neste grande feito – a fusão dos dois partidos conflitantes – muito embora sofressem ambos pesados ápodos dos antigos correligionários, que nunca lhes perdoaram o que consideravam uma traição e que até hoje, se tem conservado fiéis a idéia e aos postulados federalistas.
Lauro Müller, após a assinatura do acordo, percorreu o Estado de Santa Catarina, reconciliando os adversários de ontem e procurando fazer desaparecer velhos ressentimentos, enchendo dessa forma, a alma catarinense de júbilo.

- Lauro Müller pertence à galeria dos grandes homens, ocupando entre eles lugar saliente. A só reconciliação desses adversários intransigentes em matéria política, que vinham terçando armas desde os primeiros tempos da República, bastaria para glorificá-lo.

- A cidade de São José, recebeu Lauro Müller com homenagens e festas excepcionais. Os braços fraternais de “Lambistas” “Maragatos” multiplicaram-se, eliminando intrigas e arrefecendo paixões, tem fim os resquícios da Revolução Federalista em Santa Catarina.

Em 1899, em São José, é criado o Distrito do Estreito, junto à baia (atualmente o Estreito pertence a Florianópolis).

Em 1899, em São José, amadores da arte Tália fundaram aSociedade Dramática “Vinte e Um de Agosto”.
Do corpo cênico faziam parte Crisanto Medeiros, João Gualberto da Silva (que já participava de outro grupo até 1889), Ernesto Pires, Álvaro Tolentino, João de Oliveira Barbosa, Adolfo Silva, Murilo e Carlos do Nascimento Ramos, Inácio Carpes, Eugênio Fagundes de Morais, Alipio Rosa, Antônio Olavo da Silva, Antônio Ernesto Alves, Antônio Libório Lentz e as senhoras Jesuína e Pompília Silva.

1900-República dos Estados Unidos do Brasil

Em 1904, em São José, é fundado o Grêmio Literário Cruz e Souza, por iniciativa de João Otaviano Ramos, João de Oliveira Barbosa, Adolfo Silva, Antônio Domingues, Murilo Ramos e outros moços, amantes da boa leitura. Foi alugada uma sala, móveis e objetos para organização do grêmio, em pouco tempo estavam com as estantes cheias de livros e as mesas repletas de jornais e revistas, vindas de todos os estados do Brasil. As reuniões eram contínuas, mas, com a saída de alguns de seus prestigiosos membros para fora do município, o grêmio se desfez e sua biblioteca repartida.

Em 1920, em São José, foi urbanizado o Jardim Carlos Napoleão Poeta, revestido em “petit pavê”, antigo posto onde cruzaram Suas Majestades Imperiais D. Pedro II e D. Teresa Cristina (as palmeiras existentes no jardim foram plantadas em 1903).

Em 1922, em São José, pela Lei Municipal nº 28 é criado o Distrito de Garcia, desmembrado de Angelina, subordinado ao município de São José.

Em 1926, em Florianópolis, com a construção da Ponte Hercílio Luz ligando a Ilha de Santa Catarina e sua capital Florianópolis ao continente e a cidade de São José junto ao Estreito (nesta época o Estreito continental pertencia a São José),
Com a construção o Estreito, ainda sob jurisdição de São José, integrou-se prontamente à malha urbana de Florianópolis. Suas ruas principais eram parte dos caminhos que ligavam Biguaçu e São José atravessando o Canto, Barreiros, Campinas e Capoeiras, e também através de Coqueiros, no final doa anos 1950.

- Foi um grande acontecimento, mas transformou a economia de São José que entrou em um período de estagnação, dependente da capital Florianópolis para sobreviver.
São José não havia acumulado capital suficiente para se industrializar; a perda da maior parte de seu território pelas sucessivas emancipações ou imposições políticas, as mudanças dos pólos da economia catarinense, vão dando a São José a configuração de “cidade-dormitório”.
Com o desenvolvimento de Florianópolis, aumentaram os problemas sociais e de infra-estrutura de São José, com o início da migração de populações de baixa-renda e redução comercial e de receita.


Em 1926, em São José, os componentes da banda “Adolpho Mello”foram incorporados ao Tiro de Guerra 410.
Com a saída do maestro Olímpio Rego, foi substituído por Alípio Rosa, apreciável músico josefense.

- A Banda Adolpho Mello, enfraquecida, pouco a pouco, com a retirada de muitos músicos, faz surgir de seus remanescentes a“União Josefense”, que é mantida atualmente por amor a arte.

Em 1928, em São José, é extinta a figura do Superintendente Municipal, surgindo o “Prefeito” como chefe do Poder Executivo Municipal.

Em 26 de julho de 1930, no Brasil, em Recife (PE), o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa (que foi candidato a vice com Getúlio Vargas na chapa derrotada para Presidência da República) é morto por um membro da Família Dantas, rival político, foi uma comoção nacional, dizia-se:
“O Cadáver da Nação”

- Este foi o estopim para a Revolução de 1930.

Em 1930, em São José, a Revolução de 1930 que vem avançando de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, as tropas do presidente do Estado Getúlio Vargas chegam, fazendo a debandada dos contrários e do povo que não sabia o que acontecia direito.

Em 24 de outubro de 1930, no Brasil, os revolucionários do Sul e do Norte ocuparam vários Estados, quando os revoltosos do Sul se preparavam para invadir São Paulo, a fim de alcançar o Rio de Janeiro, um grupo de militares, para evitar maiores conflitos, resolveu depor o presidente da República Washington Luis (três semanas antes do término de seu mandato), o presidente não queria renunciar, preferia a morte, mas o arcebispo D. Leme, o convence.
A idéia dos revoltosos era não deixar Júlio Prestes, candidato vitorioso assumir a presidência.

- Foi tudo muito rápido. Vinte dias depois, os Gaúchos festejam a vitória da Aliança Liberal, no Rio de Janeiro, Capital Federal.

Em 1930, em São José, com a Revolução 30, o Poder Legislativo é reduzido à função de Conselho Consultivo.

Em 12 de novembro de 1931, em São José, pela Lei 1.149, foram nomeados os conselheiros consultivos para o município.

Em 04 de dezembro de 1931, em São José foi instalado o Conselho Consultivo, com a composição: - Carlos Napoleão Poeta, Antônio Augusto Lehmkhul, Hildebrando Dinarte Vaz.

Em 13 de abril de 1939, em São José é instalada a Câmara de Vereadores, com o fim do Conselho Consultivo.

Em 30 de abril de 1936, em São José, os eleitos para vereadores tomam posse, em grande festa.

Em 1939, em São José, é criado o Distrito de João Pessoa (nome em homenagem ao presidente do Estado da Paraíba assassinado em 1930), desmembrado do Distrito do Estreito.

Em 1940, em São José, no Distrito de João Pessoa, no Estreito, todas as ruas ainda se encontravam sem calçamento.

Em 1941, em São José, existiam 29 Oleiros (que manipulam o barro) conhecidos, com grande produção e comercialização, esta década foi conhecida como período áureo da atividade oleira no século XX em São José.

Em 1942, em São José, é construído o Hospital Psiquiátrico Colônia Santana, na localidade de Colônia Sant’Ana, o hospital chegou a tratar 1.600 pessoas internadas.

Em 1944, em São José, a cidade sofre um novo golpe perdendo a rica região do Distrito de João Pessoa onde se localizava a principal área comercial do Município de São José e os abatedouros de gado da região, passam a pertencer à capital Florianópolis, estas terras que hoje constituem a parte Continental da capital, em 1949 o Distrito de João Pessoa volta a ser chamado novamente de Estreito.
O Município de São José por compensação ganhou do Estado às distantes terras do Distrito do Bom Retiro. Depois do desmembramento do Município de Palhoça no século XIX este foi o pior acontecimento, que abalou a economia de São José.

Entre 1939 e 1945, na Europa, Ásia e Norte da África, ocorreu a Segunda Guerra Mundial, entre Alemanha-Itália-Japão, contra o Ocidente e Oriente.

Em 22 de agosto de 1942, no Brasil, os presidentes Getúlio Vargas do Brasil e Franklin Roosevelt (EUA), após negociações, onde em troca da instalação da base militar em Natal (RN) os EUA emprestaram U$ 20 milhões, para construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, que já estava em tratativas anteriores para a instalação com os alemães.
O Brasil Declara Guerra  contra o IIIº Reich Alemão e a Itália.

 - Com a declaração de guerra, o governo do Presidente Getulio Vargas proibiu que se falasse em italiano, alemão e japonês, muitas pessoas não saiam de suas propriedades, pois mal falavam o português, e tinham medo de serem detidas ou agredidas.

Em 1955, em São José, começou a ser loteado o bairro Campinas (antigo posto de gado) ao lado da praia, até aquela época só existiam duas casas, uma onde é atualmente o Posto Matias, de madeira, do“seu” Joca, homem encarregado de levar as tropas de gado ao matadouro oficial no Estreito e outra pertencente a José Di Bernardi, proprietário da maior parte da área do bairro.
Os primeiros lotes foram vendidos a família Matias e a família dos irmãos Vieira. Estes também processaram a venda de lotes.

Em 22 de maio de 1959, em São José, pela Lei nº 404 é criado o Distrito de Barreiros, desmembrado do Distrito de São José (Sede), procurando se refazer da estagnação econômica que se encontra.

A partir de 1960, em São José, inicia as migrações de populações oriundas das cidades da Grande Florianópolis: - Alfredo Wagner, Bom Retiro, Águas Mornas, Garopaba, Paulo Lopes, Enseada de Brito, Governador Celso Ramos, Tijucas que vinham em busca de empregos e ou, por terem vendido suas propriedades para a especulação imobiliária ou tentavam uma nova atividade mais próximo a capital e ao mercado consumidor.
Esta primeira leva ocupou os distritos do Estreito, Barreiros e Campinas.

Em 07 de dezembro de 1961, em São José, representou um novo golpe territorial e administrativo para a municipalidade josefense, é criado o Município de Angelina, com o desmembramento dos distritos de Angelina e Garcia.

Em 31 de maio de 1966, em São José, pela Lei nº 577, votada na Câmara por unanimidade, criando a primeira Escola Profissional Feminina de São José, promessa de campanha cumprida pelo exmo. Prefeito Cândido Amaro Damásio (o Candinho).
Durante a campanha para prefeitura o então candidato Candinho, em conversa com a Sra. Édia Pires que fazia trabalhos manuais em sua residência, surgiu idéia de criar uma escola para repassar as senhoras, donas de casas e jovens para aprender um ofício e dele tirar um proveito financeiro.
Os primeiros cursos oferecidos: - Corte e Costura, Bordado à Máquina, Bordado a Mão, Flores, Artes Aplicadas, Pintura, Pirogravura, Tricô e Cochê.
Até 1982, foram vários locais até a construção da primeira sede definitiva.
As Escolas Profissionais são Modelo a ser seguido, pelo seu sucesso.

A partir de 1970, em São José, houve um maior volume de investimentos por parte dos governos Federal e Estadual na capital, o desenvolvimento começa a deslanchar a passos largos, a primeira indústria a se instalar foi a Fábrica de Rendas e Bordados Hoepcke.

- Com a construção do Distrito Industrial, junto à rodovia BR 101, houve uma explosão de indústrias instaladas.

- Seja em decorrência das migrações, seja pelo êxodo rural, pelos custos de moradia na capital Florianópolis, São José retoma o seu crescimento econômico estagnado por mais de 30 anos.

- Junto com o desenvolvimento veio uma descontrolada urbanização de São José, que apresenta graves distorções no uso dos recursos naturais e paisagísticos, que levaram a extinção de espécies animais e vegetais nativos, com uma enorme devastação do meio ambiente.

Em 1975, em São José, os empresários Koerich, Brasil Pinho, e Cassol (formação do nome “Ko-bra-sol”), formaram a Kobrasol Empreendimentos S.A., com a finalidade de lotear parte do Distrito de Campinas, incluindo a sede do Aeroclube de Santa Catarina, exceto a pista de pouso e decolagens.
Grande parte da área se constituía de mata e banhado por todos os lados, exceto a pista de pouso, a finalidade era construir casas residenciais e prédios até dois pisos.

Em 1976, na Europa, Portugal, no Arquipélago dos Açores, é criado a Região Autônoma dos Açores, com a aprovação pela Assembléia Nacional Portuguesa do Estatuto Político da Região.

A partir de 1980, em São José, com a crise no campo e a propaganda da possibilidade de emprego e das belezas da região, vieram os serranos, tanto da região de Lages quanto do meio oeste catarinense.
Simultaneamente uma avalanche; de gaúchos, paranaenses e nordestinos migraram para a cidade. Essa segunda leva se localizou em Forquilhinhas, Kobrasol, Bela Vista e tantos outros loteamentos em bairros de origem recente.

Em 15 de dezembro de 1981, em São José, pela Lei nº 6.023 é criado o Distrito de Campinas, desmembrado do Distrito Sede (Centro Histórico), pois a urbanização do município era acentuada, exigindo a re-divisão do distrito.

Em 1982, em São José, é inaugurada a sede própria da Escola Profissional Feminina, junto ao Centro Histórico, pelo prefeito Cândido Amaro Damásio, na direção da escola desde 1976, estava à senhora Edite Schmidt de Souza.

Em 17 de abril de 1985, em São José, para efeito de divisão e ocupação do espaço urbano em diversas áreas, foi formulado o Plano Diretor do Município de São José, com os objetivos, as diretrizes e as estratégias que foram estabelecidos pela:
- Lei nº 1.605: - dispõe sobre o zoneamento de uso e ocupação do território do município de São José
- Lei nº 1.606: - dispõe sobre parcelamento do solo urbano e dá outras providências e finalidades de uso.

Na década de 1990, em São José, o setor primário, detém pequenas propriedades de economia familiar. Mesmo as terras não tendo grande fertilidade, o município tem apresentando bom desempenho no plantio de arroz de sequeiro, mandioca, milho, cítricos e sorgo sacarino.

No período 1980/90, em São José, houve um considerável incremento do parque industrial e de pessoas ocupadas. São José possui o 5º Parque Industrial de Santa Catarina.

Em 1993, em São José, com o aumento da população, sentiu-se a necessidade de mais uma unidade no bairro Areias em Barreiros, foi criada na administração do prefeito Gervásio Silva uma extensão daEscola Profissional Feminina da Sede em espaço cedido peloMIFA – Movimento de Integração Familiar que era administrada pela senhora Nilza Maria da Silva, representante da diretora Euzebina Ana Silveira Porto.

Em 1994, este cronista chega a São José, no bairro Ipiranga em Barreiros.

Em 1995, em São José, uma nova crise territorial, a grande urbanização do Distrito de Barreiros, e a carência de serviços básicos por parte da administração municipal (Sede), levaram à organização de um Movimento Pró Criação do Município de Barreiros, mas a proposta foi rejeitada, o (NÃO) venceu pela população no plebiscito realizado.

Em 23 de outubro de 1995, em São José, pela Lei nº 15.292 é criado o Município de São Pedro de Alcântara, desmembrado do município de São José, através de plebiscito o SIM sai vencedor, e São José perde sua última grande área territorial.


Em 1997, em São José, inicia o Projeto Tapete Preto, para asfaltamento das vias e ruas de São José que em grande parte estavam sem nenhum calçamento.

Em 28 de agosto de 1997, em São José, pela Lei nº 3.048 foi criado a Fundação do Meio Ambiente do Município de São José.

2000-São José
Cidade do Século XXI

Em 2002, Santa Catarina, é o estado brasileiro com o maior número de municípios (17) entre os 50 primeiros em IDH, coordenado pelas Nações Unidas.

- São José é 11º colocado em SC e 35º no Brasil.

Em 19 de janeiro de 2002, na Europa, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, no Paço do Concelho da Praia da Vitória, assinaram Protocolo de Cidades Irmãs, - São José-SC, Brasil e Praia da Vitória, nos Açores, Portugal - marcando o início de parceria entre açorianos e seus descendentes.
Foram signatários, o prefeito de São José da Terra Firme José Dário Elias Berger e o presidente da Câmara da Praia da Vitória José Fernandes Diniz.
Foram localizados, 36 troncos familiares, e 65 pessoas das que fundaram São José, no século XVIII, originários da Praia da Vitória.

Entre 22 e 24 de novembro de 2002, em São José, com a participação da comissão da cidade de San Carlos na AÇOR-FEST (Festa da Cultura de Base Açoriana de São José), marcou o início da parceria para estreitar laços de amizade entre os descendentes açorianos de San Carlos no Uruguai e São José no Brasil e com o próprio Arquipélago dos Açores.

Em 12 de julho de 2003, em Florianópolis, o município de São José foi credenciado junto ao Conselho Estadual de Educação e recebeu autorização para oferecer os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia, dando início a USJ.


Em 27 de novembro de 2004, aconteceu a inauguração da Estátua de São José, na Avenida litorânea Beira Mar.

Finalmente a Prefeitura conseguiu inaugurá-la, mesmo abaixo de muita chuva.

Com missa celebrada por três padres, o prefeito Vanildo Macedo conseguiu inaugurar a estátua do padroeiro do município.

A cerimônia contou com a presença de vereadores, secretários, da bandaSociedade Musical União Josefense, do vice-prefeito eleito, Valdemar Schmidt, e mais de 200 pessoas da comunidade.

Todos concordaram que a imagem está ocupando um lugar de destaque, que pode até se tornar um local de peregrinação, além de poder ser admirada por muita gente que passa ou utiliza a Avenida.

A estátua de São Jose:

Obra: Osvaldo Zanini,

Altura: 12 metros,

Material: Feita de ferro com amianto e concreto.

Pedestal da obra: tem quatro metros de altura e de diâmetro, e a imagem oito, totalizando os 12 metros.
O santo padroeiro do município está com o menino Jesus no colo, e segundo os fiéis, irá abençoar a cidade.
Nota:
A imagem foi projetada para ser colocada no trevo de acesso à cidade, próximo ao Shopping Itaguaçu, na BR 101, chegou a ser jardinado e feito um pedestal, mas o Denit – Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes, baseado no Código de Trânsito Brasileiro, não permitiu sua inauguração.

Em 06 de dezembro de 2004, em São José, é criado por Lei Complementar nº 014 a Secretaria Extraordinária de Legalização Urbana, com o objetivo de promover a qualidade de vida e auxiliar no planejamento urbano, visando o crescimento sustentado. Organizado e legalizado.
Em 1º de janeiro de 2005, em São José, foi criado a Secretaria dos Transportes, na administração Fernando Elias, para proporcionar e fiscalizar um meio de transporte acessível e com qualidade.

Em 07 de janeiro de 2005, em São José, o lixão de Forquilhas foi interditado, por ser uma ameaça a saúde pública, degradação do meio-ambiente e proliferação de urubus.

Em janeiro de 2005, em São José, é criada a Secretaria Municipal da Agricultura, Pesca e Abastecimento.

Em 18 de março de 2005, em São José, é inaugurado o Centro Municipal de Educação Ambiental Escola do Mar, com o objetivo de trabalhar a Educação Ambiental como ferramenta de sensibilização, junto ao mar no bairro Serraria, com moderno projeto arquitetônico com laboratórios, auditório, trapiche, barco-escola e rancho do pescador, direcionado a educação das crianças josefenses.

Em 2005, em São José, é formado o Coral Novo Amanhecer, formado por 130 cantores, alunos dos três maiores Centros Educacionais de São José - CEM: - Barreirão, Forquilhão e Melão.

Em 26 de abril de 2005, em São José, pela Lei nº 4.279 é criado oCentro Universitário Municipal de São José, a primeira universidade municipal, pública e gratuita do Brasil, com sede no Centro Federal Tecnológico – CEFET.
A USJ atende 800 alunos de graduação. Oferece cursos: - Administração, Ciências Contábeis, Pedagogia, Ciências da religião, Curso Técnico em Meio Ambiente, Especialização em Orientação Parapsicológica Social e Institucional, Especialização em Orientação Parapsicológica Pessoal.

Em 27 de setembro de 2005, em São José é implantado o Centro de Atenção a Terceira Idade – CATI, Moacyr Iguatemy da Silveira, com 23 mil m2, na Avenida Beira Mar, para idosos com mais de 60 anos, participam de atividades de lazer, diversão, confraternização, orientação pedagógica, curso de italiano, musicoterapia, grupos terapêuticos, tai chi, ioga, assistência social, cuidados com a saúde e outros programas. Coordenado pela Secretaria Municipal de Ação Social, o CATI pode atender até 4 mil idosos por mês, além da sede, conta com 3 ônibus de passeio.

Em 2005/06, em São José, inicia a implantação da Etapa I da radial Avenida das Torres, ligando o bairro Kobrasol ao bairro Areias, via paralela à rodovia BR 101, a maior obra de infra- estrutura viária de São José.

Em 19 de março de 2006, em São José, é inaugurado um grande sonho de São José, o Centro Multiuso - Centro de Eventos de São José, com grande inauguração e eventos para a população josefense, como:
18/03 – O cantor Daniel,
19/03 – A cantora Wanessa Camargo,
             O cantor Sergio Reis e filhos.

- Obra em parceria com o Governo do Estado com contra partida da Prefeitura de São José. Esta obra colocou São José no cenário dos grandes eventos. Localizado junto à nova Avenida Beira Mar ao lado da estátua de São José.

- Com área de 11.567,16m2,
- Grande Arena para 4.600 pessoas sentadas
- Ginásio para 3.600 pessoas,
- Teatro para 800 espectadores,
- Quadra poli-esportiva para 2.500 pessoas
- Estacionamento com 600 vagas

Em 06 de dezembro de 2006, em São José é inaugurada a exposição –Pintando a Cultura Açoriana de São José da Terra Firme, com a mostra de pinturas de óleo sobre tela, com os temas e autores do município a seguir:

A Rendeira: por Aldaléia Fortkamp,
São José: por Andréia Rodrigues,
Monumento ao Imigrante: por Beth Yokiko Flores,
Ostras: por Débora W. Koirich,
Catadoras de Berbigão: por Elaine Henrique,
Bica da Carioca: por Erli Bremer,
A Procissão: por Ezilda Coelho,
Brasil Colônia: por Iara Bauer *,
Escola de Oleiros: por Inácio Dorvantil Nunes Rodrigues,
Símbolos da Festa do Divino Espírito Santo: por Irene Campos Pinho,
Lembranças: por Iris Terezinha Drumm de Espindola,
O Boi-de-Mamão: por Leneci Lena Maria Flores Nunes,
Do Trabalho à Cultura: por Sandra Regina Machado.

*Em destaque: - A mãe deste cronista

Em 2006, em São José, foram comemorados os 40 anos  da instalação da Escola Profissional Feminina - EPF, que conta atualmente com 6 Escolas, subordinadas a Secretaria Municipal de Educação, que oferecem a mais de 670 alunas, distribuídas em 17 cursos:

1ª Escola Prefeito Cândido Amaro Damásio (Sede),
2ª Escola Profissional de Barreiros,
3ª Escola Profissional de Campinas,
4ª Escola Profissional Fazenda Santo Antônio,
5ª Escola Profissional da Bela Vista,
6ª Escola Profissional Forquilhinhas.

Em 2007, em São José, pelo reconhecimento a Escola do Marrecebeu o Prêmio Biosfera e o troféu Fritz Müller, maior prêmio ambiental de Santa Catarina, concedido pela FATMA.

Em 2007, em São José, a cidade conta com:
21 unidades de ensino fundamental,
06 escolas profissionais,
02 escolas ambientais,
Escola de Oleiros,
18 Centros de Saúde,
01 Policlínica Municipal (Campinas),
01 Laboratório de Análise Clínicas (Forquilhinhas),
240 Agentes Comunitários de Saúde.

Em 2007, em Santa Catarina, Joinville, quatro alunos da Rede Municipal de Ensino, participam da Escola de Teatro Bolshoi no Brasil:
- Evandro Augusto Bossle Jr., Kamila Cristina de Abreu, Jéssica Moratelli, André Tiago Grzybovsky, escolhidos em seletiva nacional.
As bolsas de estudos de 8 anos são custeadas pela Prefeitura Municipal de São José.

Em 2007, em São José é inaugurada a Etapa II da Avenida das Torres, que liga o bairro Areias ao bairro Serraria, que significa uma transformação urbana para São José, num investimento de R$ 4.568.359,64.
Com 2.160 metros de extensão, essa obra ampliou o sistema de transporte coletivo, facilitou o trânsito dentro do município entre os bairros. A Avenida das Torres trouxe a valorização dos imóveis, e ampliação da infra-estrutura.

Em abril de 2007, em São José, é inaugurado na Serraria, a Colônia de Pescadores Z-28, uma importante reivindicação da região, cerca de 200 pescadores cadastrados serão beneficiados.

Em 2007, em São José, é inaugurada a feira de artesanato “São José Feito à Mão”, em espaço privilegiado, no estacionamento da Prefeitura no Kobrasol, realizada todos os sábados das 9h às 12h.

Em 2007, em São José, foram 400 alunos diplomados nas Escolas Profissionais, nos 28 cursos oferecidos.

Em 2008, em São José, é abatida por uma enchente divido as chuvas, 380 famílias ficaram desabrigadas, e foram deslocadas para alojamentos provisórios, com três refeições diárias.

São José cresce, com alguns dados:
- O serviço de taxi esta com a frota em 110 veículos distribuídos em 20 pontos
- Os ônibus da frota municipal de São José foram padronizados com pintura que destacam a cidade.
- Na economia, 11.077 empresas instaladas, com 59.431 empregos formais e 5.485 autônomos. A cidade conta com 3 Centros Empresariais para atendimento das novas e atuais empresas:
Centro Sertão do Maruim,
Centro Forquilhas,
Distrito Industrial.
- 6.000 mil alunos participando de atividades esportivas.
- 152 mil atendimentos por ano no Centro de Atendimento ao Cidadão.
- Plantio de 60 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, com seleção pelo porte por via instalada.



HINO do MUNICÍPIO de SÃO JOSÉ
Letra e Música do Maestro José Inácio Acácio Santana


Aqui outrora chegou o imigrante,
que além dos mares deixou Portugal,
e Através do trabalho constante,
edificou nossa terra natal


(Estribilho)
A sua história é um exemplo de fé,
na inteligencia de um povo febril.
Pelo trabalho eficaz, São José
tembém ajuda a construir nosso Brasil.


Os Sacrifícios dos antepassados
foram sementes de fruto eficaz
e os josefenses no amor irmanados,
aqui trabalham em tempos de paz.


Em São josé, interior e cidade,
convivem sempre em perfeita união,
porque os laços de freternidade
abraçam todos na integração.


O mestre, o aluno e os trabalhadores,
industrial, militar e civil,
comerciantes e agricultores,
se dão as mãos e constroem o Brasil


Lei nº 863, de 27 de janeiro de 1973





quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Hans Staden um aventureiro alemão (cronista ao mesmo tempo que turista)

" VIAGEM AO BRASIL "

Hans Staden


1. Foi Hans Staden um aventureiro alemão, de Homberg, Hesse, cronista ao mesmo tempo que turista. Numa primeira viagem ao Brasil houvera estado em Pernambuco. Na segunda embarcou em Sevilha na expedição espanhola de Diego Sanábria, novo Governador designado do Paraguai
Dividida a expedição em duas secções, antecipou-se a primeira, na qual veio Hans Staden, sobre a vinda do Governador. Era um galeão com três bergantins, levando 200 pessoas sob o comando de Johan de Salazar y Spinoza. Aportava na Baia Sul da Ilha de Santa Catarina em 25 de novembro de 1549.


" Como chegássemos ao grau 28 disse o capitão ao piloto que entrasse por detrás de uma ilha e deitasse âncora, a fim de ver em que terra estávamos. Entramos, então, entre duas terras, onde havia um porto excelente, deixamos a âncora ir ao fundo e deliberamos.

Cap. 9. De como alguns dos nossos saíram no bote para reconhecer o porto e acharam um crucifixo sobre uma rocha.
Foi no dia de Santa Catarina, no ano de 1549, que deitamos âncora, e, no mesmo dia, alguns dos nossos, bem municiados, saíram no bote para explorar a baía. Começamos a pensar que fosse um rio, que chamam rio de são Francisco, situado também na mesma província, pois que, quanto mais entrávamos mais comprido parecia.
Olhávamos de vez em quando, a ver se descobríamos alguma fumaça, porém nada vimos. Finalmente, pareceu-nos ver umas cabanas e para lá nos dirigimos.


Eram já velhas, sem pessoa alguma dentro, pelo que continuamos até de tarde. Então vimos uma ilha pequena na frente, para a qual nos dirigimos, a passar a noite, julgando haver ali um abrigo.
Chegamos à ilha, já noite; não podíamos, porém, arriscar-nos a irmos à terra, pelo que alguns dos nossos foram rodeá-la a ver se por ali havia gente; mas não descobriram ninguém. Fizemos, então, fogo e cortamos uma palmeira, para comer o palmito, e ficamos ali durante a noite.
De manhã cedo, avançamos pela terra a dentro. Nossa opinião era que havia ali gente, porque as cabanas eram disto um indicio.
Adiantando-nos, vimos ao longe, uma rocha, uma madeira, que nos pareceu uma cruz e não compreendíamos quem a teria posto ali. Chegamos a ela e achamos uma grande cruz de madeira, apoiada com pedras e com um pedaço de fundo de barril amarrado e, neste fundo, gravadas umas letras que não podíamos ler, nem adivinhar qual o navio que teria erigido esta cruz; e não sabíamos se este era o porto onde devíamos nos reunir.


Continuamos então rio-acima e levamos o fundo do barril. Durante a viagem, um dos nossos examinou de novo a inscrição e começou a compreendê-la. Estava ali gravado em língua espanhola:

 SI VEHN POR VENTURA, ECKY LA ARMADA DE SUA MAJESTAT, TIREN, UHN TIRE AY AUERAN RECADO (se viene por ventura aqui la armada de su magestad, tiren um tiro y haran recado).

Isto quer dizer: se por acaso vierem navios de sua majestade dêem um tiro e terão resposta.
Voltamos, então, sem demora para a cruz e disparamos um tiro de peça, continuando depois, rio-acima, a nossa viagem.
Pouco depois, vimos cinco canoas com selvagens, que vieram sobre nós, pelo que aprontamos as nossas. Chegando mais perto, vimos um homem vestido e barbado que vinha à proa de uma das canoas e nos parecia cristão. Gritamos-lhe para fazer alto às outras canoas e vir com uma só a conversar conosco.
Quando se aproximou perguntamos-lhe em que terra estávamos; ao que nos respondeu que estávamos no porto de Schirmirein, assim denominado pelos selvagens, e para melhor o entendermos, acrescentou chamar-se Santa Catarina, nome dado pelos descobridores.


Alegrou-nos muito isto, porque este era o porto que procurávamos, sem conhecer que já nele estávamos, coincidindo ser isso no mesmo dia de Santa Catarina. vede, pois, como Deus socorre àquele que no perigo o implora com fervor.
Então nos perguntou ele de onde vínhamos, ao que respondemos que pertencíamos a armada do Rei da Espanha, em caminho para o rio de La Plata, e que havia mais navios em viagem, que esperávamos, com Deus, chegassem logo para nos unirmos a eles.
A isto responde ele que estimava muito e agradecia a Deus, porque havia três anos que tinha saído da província do rio La Plata, da cidade chamada La Soncion, pertencente aos espanhóis, por ter sido mandado à costa, cidade distante 300 milhas do lugar onde estávamos, para fazer com os Carijós, que eram amigos dos espanhóis, plantassem raízes que se chamam mandioca e suprissem as naus que disso precisassem. Eram essas as ordens do capitão que levara as últimas novas a Espanha e se chamava Salaser e que agora voltava com outras naus.
Acompanhados então dos selvagens até as cabanas onde ele morava, ali fomos bem tratados.


Cap. 10. Como me mandaram a nossa nau grande numa canoa cheia de selvagens.
Pediu então o nosso capitão ao homem, que achamos entre os selvagens, que mandasse vir uma canoa, com gente que levasse um de nós a nau, para que esta também pudesse vir.
Ordenou-me que seguisse com os selvagens até a nau, ausentes dela como estávamos já três noites, sem que a gente de bordo soubesse que fim tínhamos levado.
Quando cheguei à distância de um tiro da nau, fez-se lá um grande alarido, pondo-se em guarda a maruja e não consentindo que mais perto chegássemos com a canoa. Gritaram-me, indagando do que havia acontecido, onde ficaram os outros e como é que vinha eu sozinho naquela canoa cheia de selvagens.
Calei-me ; não respondi, porque o capitão me ordenara que fingisse estar triste e observasse o que se fazia a bordo.
Como lhes respondi, diziam lá entre si: aqui há coisa; os outros, de certo, estão mortos e estes agora vêm com aquele só, para armar-nos uma cilada e tomar o navio. Queriam, então, atirar contra nós, porém, chamaram-me ainda uma vez.
Comecei então a me rir e lhes disse que ficassem tranquilos, pois que lhes trazia boas novas, e com isso permitiram que me aproximasse. Contei então o que me tinha passado, o que muito os alegrou, e os selvagens voltaram sozinhos.
Seguimos logo com a nau até perto das cabanas, onde fundeamos, à espera das outras naus, que se tinham desgarrado por efeito da tempestade.
A aldeia onde moravam os selvagens chama-se Acutia e o homem que lá achamos chama-se João Femandez Biscainho, da cidade de Bilbáo. Os selvagens eram caiós e trouxeram-nos muita caça e peixe, dando-lhes nós anzóis em troca.


Cap. 11. Como chegou a outra nau da nossa campanha, que se tinha desgarrado e onde vinha o primeiro piloto.

Com cerca de três semanas de espera, chegou-nos a nau em que vinha o primeiro piloto; mas a terceira nau era perdida de todo e nada mais soubemos dela.
Aparelhamos, então, para sair e fizemos provisão para seis meses, pois havia ainda cerca de 300 léguas de viagem por mar. Quando tudo estava prestes, aconteceu-nos perder a nau grande no porto, o que impediu a nossa partida.
Ficamos aí dois anos no meio de grandes perigos e sofrendo fome. Tínhamos que comer lagartos, ratos do campo e outros animais esquisitos, que lográvamos colher, assim como mariscos que vivem nas pedras e muitos bichos estravagantes.
Os selvagens que nos davam mantimentos, só o fizeram enquanto recebiam presentes de nossa parte; fugiram depois para outros lugares e como não podíamos fiarnos neles, dissuadimo-nos de aí continuar com perigo de perecer.
Deliberamos, pois, que a maior parte dos nossos devia ir por terra para a província de Sumption, daí distante cerca de 300 milhas. Os outros iriam no navio que restava. O capitão conservava alguns de nós que iriam por água com ele. Os que iam por terra levavam, alguns mantimentos e alguns selvagens. Muitos deles, é certo, morreram de fome no sertão; mas os outros chegaram ao seu destino como depois soubemos; entretanto, para o resto dos nossos homens o navio era pequeno para navegar no mar.

Cap. 12. Como deliberamos ir a São Vicente, que era dos portugueses, a arranjar com eles um navio para fretar, e terminar assim a nossa viagem; porém, naufragamos e não sabíamos a que distância estávamos de São Vicente.
Os portugueses têm perto da terra firme uma ilha denominada São Vicente. Esta ilha se acha há cerca de 70 milhas do lugar onde estávamos. Era nossa intenção irmos até lá, a vermos se possível era havermos dos portugueses um barco de frete e seguirmos até o rio de La Plata, pois o que tínhamos era pequeno demais para nós todos. A este fim, alguns de nós partiram com o capitão Salazar para a ilha de São Vicente; mas nenhum de nós tinha lá estado, exceto um de nome Ramon, que se obrigou a mostrar a ilha.
Saímos, pois, do forte de Inbiassape (Sul da Ilha de SC) que se acha no grau 28 ao sul do Equinóxio, e chegamos cerca de dois dias depois da nossa partida a uma ilha chamada Alkatrases, mais ou menos a 40 milhas do lugar de onde saimos. "




http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/portugue.html

Carta de Luiz Ramirez (1528)

Introdução ao texto. 



Com a presença de Sebastião Caboto de outubro de 1526 a fevereiro do ano seguinte na Ilha de Santa Catarina, a que deu então o nome que agora tem, aumentou a informação sobre a região, que de futuro se tornaria o Estado com este mesmo nome.

    Pertence ao documentário geral relativo a Sebastião Caboto, parte de uma longa missiva com a data de 10 de julho de 1528, que descreve a Ilha de Santa Catarina e os acontecimentos que nela estão sucediam, escrita por um dos seus marujos, o espanhol Luiz Ramirez. Foi esta carta enviada a seu pai, tudo depois de haver saído a armada da Ilha de Santa Catarina e já se encontrar dois anos em San Salvador em Rio La Plata.

    Representa a carta de Luiz Ramirez para a Ilha de Santa Catarina algo similar à de Pedro Vaz Caminha, de 1500, com referência ao Brasil. Era Luiz Ramirez pessoa bem informada e que viajara com o próprio Sebastião Caboto, na Capitânea, que houvera naufragado na Baía Sul da Ilha de Santa Catarina.
    
    A carta, depois de narrar o aportamento em Pernambuco e referir-se às bondades dos moradores e aos indígenas daquelas costas nordestinas, descreve ainda longamente o curso ao longo da costa, na qual se perdeu um batel, episódio que motivou o aportamento na Ilha de Santa Catarina, para finalmente abordar os acontecimentos aqui acorridos.
    E. Pauli.


         1. "As naus desfizeram-se de alguns objetos inúteis para dar lhes alívio. A nau capitania perdeu o batel que trazia na popa.        A tormenta, da maneira como tenho dito, e muito pior, nos durou toda a noite até domingo. Amanheceu o dia com muito e bom sol como se não houvesse passado nada, e assim andamos até que sexta feira seguinte, dezenove do dito mês (de outubro), chegamos a surgir em uma Ilha através a uma grande montanha, por que parecera ao Capitão General ser aparelhada de madeira para fazer batel para a nau capitania, porque, como digo, na tormenta passada havia perdido o seu.

        2. E estando nisto, vimos vir uma canoa de índios, a qual veio à nau capitania, pôr sinais no deu a entender que havia ali cristãos. O que ainda não acabado de entender, o senhor Capitão General lhes deu a estes índios algum resgate, os quais foram muito contentes.
        Estes índios, segundo parece, foram por terra a dentro e deram novas de nossa vinda. De maneira que, outro dia de manhã, vimos vir outra canoa de índios e um cristão dentro dela.
        Este deu novas ao Sr. Capitão General como estavam naquela terra alguns cristãos, que eram até quinze, os quais haviam ficado da nau em que iam a negócio (à la especiaria) em que ia por Capitão General o Comendador Loaysa, e aqueles iam em uma nau em que ia como Capitão Don Rodrigo de Acuña, e porque a dita armada se havia desbaratado no Estreito e eles não quiseram volver à Espanha, seu Capitão os havia deixado ali.

        E também disse de outros cristãos, que se diziam Melchior Ramirez, vizinho de Lepe, e Enrique Montes, os quais disse haviam ficado de uma armada de Juan de Solis, que neste rio (de onde Luiz Ramirez está escrevendo sua carta) onde agora nós estamos os índios haviam morto e desbaratado, e que havia mais de treze ou quatorze anos que estavam naquela terra e que estavam doze léguas dalí, os quais ditos cristãos, como dos índios souberam estar ali a armada de cristãos.

        3. E logo o Enrique Montes veio à nau capitânia, e falando em muitas coisas com o Sr. Capitão General de como haviam ficado naquela terra, vieram a dizer o que dito tenho; e como também a grande riqueza que naquele rio onde mataram o seu Capitão havia, do que por estar mui informados por causa de sua língua dos índios da terra de muitas coisas, as quais direi aqui algumas delas; e era que, se o queríamos seguir, que nos carregaria as naus de ouro e prata porque estavam certo que entrando pelo rio de Solis, iríamos a dar em um rio que chamam Paraná e outros que a ele vêm a dar iam confinar em uma serra havia muita maneira, e que nele havia muito ouro e prata, e outro gênero de metal, que aquele não alcançava que metal era, mas de quanto ele não era cobre, e que todos estes gêneros de metal havia muita quantidade, e que esta serra atravessava pela terra mais de duzentas léguas, e na fralda dela havia assim mesmo muitas minas de ouro e prata e outros metais.
        E este dito dia sobre a tarde veio à mesma nau capitânia, seu companheiro; porque ao tempo que souberam da nossa vinda, não estavam juntos, e como cada um o soube, pôs-se a vir. Este também disse muito bem da riqueza da terra; disse haver estado no rio de Solis como língua de uma armada de Portugal.

        4. E o Capitão General, para mais se certificar da verdade disto, lhe perguntou se tinham alguma amostra daquele ouro e prata que diziam, ou outro metal que diziam, os quais disseram ficaram ali sete homens de sua armada, sem outros que por outras partes se haviam apartado, e que destes eles dois só haviam ficado ali estando na terra; e os demais vista a grande riqueza da terra, e como junto a dita serra havia um rei branco que trazia bar... (rasgado) vestidos como nós, se resolveram ir lá; para ver o que era, os quais foram e lhes enviaram cartas; e que ainda não haviam chegado às minas, mas já haviam tido palestra com uns índios próximo à serra e que traziam nas cabeças uma coroa de prata e umas pranchas de outro penduradas ao pescoço e nas orelhas, unidas por cintos, e lhes enviaram doze escravos e as amostras do metal que tenho dito, e que lhes faziam saber como naquela serra havia muita riqueza e que tinham muito metal recolhido, para que fossem lá com eles, os quais não se quiseram ir, porque os outros haviam passado por muito perigo por causa das muitas gerações que pelos caminhos que haviam de passar havia; e que depois haviam recebido novas que estes seus companheiros, retornando adonde eles estavam, uma geração de índios que se dizem os guaranis os haviam morto para tomar lhes os escravos que traziam carregados de metal, o que nos outros achamos agora por certo no que descobrimos pelo Paraná acima, como adiante direi a Vossa Mercê.

        5. E logo o Sr. Capitão General lhes disse ensinassem o que diziam lhes haviam enviado seus companheiros: os quais disseram que quatro meses antes, pouco mais ou menos, antes que chegássemos a este porto dos Patos, que assim se chamava onde se achavam, chegou ao dito porto uma nau na qual vinha por Capitão o dito Don Rodrigo que Vossa Majestade digo, ao qual deram até duas arrobas de ouro e prata e de outro metal muito bom, com uma relação da terra, para que o levasse a Sua Majestade e fosse informado de terra tão rica.
        E que ao tempo que se lhe entregou no batel para leva-lo à nau, o batel submergiu com o muito mar que havia, de maneira que se perdeu tudo, e que então se haviam afogado com o dito batel, quinze homens, e que ele escapou a nado com a ajuda dos índios que entraram por ele, que por isso não tinham metal algum, salvo umas contas de ouro e prata, e que por ser a primeira coisa que naquela terra haviam obtido o tinham guardado para dar a Nossa Senhora de Guadalupe as quais deram ao Sr. Capitão General, e as de ouro eram muito finas, de mais de vinte quilates segundo pareceu.
        E que se o Sr. Capitão General quisesse tocar em dito rio de Solis, que eles iriam com suas casas e filhos e nos mostrariam a grande riqueza que havia nele e o Sr. Capitão General respondeu que era outro o seu caminho.

        6. E, por causa da muita necessidade que havia de batel para a dita nau capitânia que lhes perguntou, se havia por aí perto alguma montanha onde houvesse boa madeira para o dito batel, e responderam que ali junto aonde estávamos surtos, atrás daquela montanha alta, havia muito bom lugar.
        E logo o Sr. General mandou ir a sondar a entrada e o porto a um piloto e a um mestre, as duas pessoas em tal caso mais sábias e de quem mais crédito neste caso se pudesse dar. Eles vieram ao dito canal e o sondaram.
        Voltados, disseram ao Sr. Capitão General como o haviam sondado todo, e que podiam entrar as naus muito bem e sem nenhum perigo: o que pareceu o contrário, porque como a nau capitânia se fez à vela de onde estava surta, no domingo de Simão e Judas, que foi aos vinte e oito de outubro do dito ano (1526), ao querer passar, para entrar para trás da montanha, a dita nau capitânia tocou num baixio, e logo se inclinou a uma banda de maneira que não pôde mais ir para trás nem para frente, vendo-nos em grande perigo de vida a todos os que vínhamos na dita nau, por andar o mar algo levantado.
        Mas implorei a Nossa Senhora de nos salvar, de maneira que nenhuma pessoa pereceu.
        Todavia se salvou alguma parte do que nela vinha. Aqui perdi eu minha caixa com algumas coisas dentro, que me fizeram falta por haver-se alargtado a viagem mais do que pensávamos. E logo o Sr. Capitão vendo a nave perdida, passou a outra nau, e dali, como digo, pôr muita diligência para salvar que nela vinha; mas, como digo a Vossa Mercê, não foi tanto quanto quiséramos.

        7. E logo o Sr Capitão General determinou de entrar-se no rio com as outras naus que lhe ficavam antes que as tomasse algum temporal, que lhes fizesse dano, e depois de entradas em dito porto e amarradas as naus como convinha, e logo o Senhor Capitão General cuidou de saltar em terra e pôr em obra o que havia resolvido fazer.
        Logo fez fazer certas casas em terra para que a gente, que da dita nau se havia salvo, se recolhesse.
        O Senhor Capitão General vendo a melhor nau perdida e muita parte do mantimento, e que a gente não se podia recolher nas outras naus, por ser muita, resolveu fazer uma galeota que deslocasse pouca água e que fôssemos em descoberta do dito rio de Solis, pois estávamos informados da muita riqueza que nela havia, porque nisto se fazia mais serviço a Sua Majestade que na viagem que levávamos da maneira que esperávamos ir.

        8. Esta Ilha era muito alta de arvoredo (Esta isla era muy alta de arboleda), havia nela cinco ou seis casas de índios, e depois que a ela chegamos fizeram muitas mais, porque da terra firme vieram muitos e fizeram suas casas.
        Estes índios trabalharam muito, tanto para fazer casas para a gente como em outras coisas necessárias.
        Nesta ilha havia muitas palmeiras (palmos): neste porto nos traziam os índios infinitivos abastecimentos, como faisões, de galinhas, e perus, patos, veados, antas, que disto tudo e de outras muitas espécies de caça havia em abundância, e muito mel, e outra coisas de mantimentos, o que tudo se resgatava pela mão de Henrique Montes, pôr saber a qualidade dos índios melhor que outros, por se haver criado entre eles.
        As frutas desta terra são muito pequenas e poucas: todo mantimento é como o de Pernambuco, e a gente da mesma maneira e condição, salvo que aqui as mulheres casadas trazem umas mantinhas pequenas de algodão, de maneira que não andam tão desonestas como as que acima disse.

            9. Neste porto estivemos três meses e meio, dentro dos quais se acabou de fazer a galeota, ainda que antes se acabara de fazer senão enfermasse toda a gente, que era a terra enferma que a todos levou em sua rasura, que eu dou milha fé a vossa marcê que, segundo a gente que caiu de golpe, bem pensamos que perigara a maior parte; ali nos morreram quatro homens, e outros que sairam mal no seguimento de nossas viagem.
        A Juanico esteve aqui muito mal, e tanto em tanta maneira, que dou fé a Vossa Mercê que, pensei, se fosse o seu caminho; passei com o farto trabalho à falta do pouco refrigério que havia. Eu, graças a Nossa Senhora, me achei muito bem nesta terra que jamais cai doente, nem me doeu a cabeça nela; mas não me durou muito, porque faço saber a Vossa Mercê que no mesmo dia que deste porto de Santa Catarina que assim se lhe pôs nome saimos, que foi tão grande a enfermidade que me deu, que bem pensei ter chegado ao fim.
        Assim que, senhor, depois de acabada a dita galeota, e recolhida toda a gente nas naus, com todos os crinstão que ali achamos, saimos com bom tempo do dito porto a quinze de fevereiro do dito ano de 1527, e de onde a seis dias seguintes chegamos ao Cabo de Santa Maria, que é a Boca do rio Solis... eu vim de Santa Catarina até aqui na galeota, e como minha enfermidade foi muito grande, e como nela hvia muito pouco abrigo, passei infinitos trabalhos".

        10. (Depois de narrar a penetração pelo rio Paraguai, e a chegada de Cristóvão Jaques, o missivista conclui:)
"assim permaneço neste porto de San Salvador, que é o rio Solis, a dez dias do mês de julho de mil quinhentos e vinte e oito anos. O humilde e menor filho que beija as mãos de Vossa Mercê - Luiz Ramirez."

(Traduzido do texto puplicado por José Toríbio Medina. El Veneciano Sebastian Caboto, 1908, I p. 442-457)..
 http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/portugue.html

Sobre os registros paroquiais de Desterro




Frei Agostinho da Trindade, primeiro vigário.


Este religioso da ordem dos Carmelitas, natural de São Paulo, com serviços em Itanhaém, foi ser uma figura de amplo mérito no Sul, havendo servido com igual mérito à Ilha de Santa Catarina e Laguna. A Ordem dos Carmelitas entrou no Brasil em 1580, com sede no Rio de Janeiro, e casa em São Paulo em 1694
Atendeu com realismo, deixando também descendentes. É bisavô, pelo lado materno, de Pe. José Mendes dos dos Reis, um dos nomes mais ilustres do clero colonial de Santa Catarina, o qual por sua vez também deixou descendentes (vd ). Finalmente o operosos Frei Agostinho da Trindade também cuidou junto à Metrópole, que a região fosse povoada (vd 386).
A importância da figura de Frei Agostinho da Trindade para Ilha principia pelo fato já citado de ter sido seu primeiro vigário, de que o documento mais antigo conhecido é o termo de casamento de 7 de janeiro de 1714, em que assina "Vigário desta Matriz".
Em Santa Catarina Frei Agostinho da Trindade foi a primeira grande figura do clero, a qual os de seu tempo fizeram justiça e ainda hoje não deve esquecer.


378. Termo do casamento de 7 de janeiro de 1714 dado como pragmaticamente, sendo o da mesma fundação da paróquia, hoje Catedral Arquidiocesano de Florianópolis:
 "Aos sete dias do mês de janeiro do ano de mil setecentos e catorze, perante o padre Frei Agostinho Trindade, religioso do Carmo, sendo vigário desta Matriz, se receberam em face da Igreja os contraentes Domingos Martins e Domingas da Costa. Foram testemunhas Baltazar Soares e Antônio Cordeiro, Merência Godinha e Maria Gerarda; e não continha mais o dito assento, que do caderno em que estava lancei neste livro, para todo o tempo constar. O Vigário Francisco Justo Santiago".


379. O primeiro batizado registrado acontece um ano e meio depois do de casamento, e é de 15 de julho de 1715, de um filho de José Velho, (cf. n. 84) realizado por Frei Tomé, companheiro de Frei Agostinho da Trindade:
"Aos quinze dias do mês de julho de mil setecentos e quinze, batizou e pôs os santos óleos o Rev. Pe. Frei Tomé a Thomaz, inocente filho de José Velho e de sua mulher Joana Bonilha. Foram padrinhos Francisco Antônio e o Cap. João Lopes. Frei Agostinho da Trindade" (Livro de Batizados, I, de Desterro).
Pelos espaços vazios no tempo, induz-se que muitos lançamentos, pelo menos dos batizados,  não foram feitos, ou se perderam nos restantes cadernos em que se anotavam. E assim é possível que o termo de 15 de julho de 1715 não fosse efetivamente o primeiro.


380.  A presença de Frei Tomé Bueno parece limitar-se aos  três primeiros anos, de 1714 a fins de 1716, como se infere dos assentamentos posteriores nos quais não reaparece. É o celebrante do segundo casamento havido na Matriz em 25 de outubro de 1714. Atendeu também ao terceiro, em 28 de outubro, do mesmo ano. Celebrou outro em 30 de setembro de 1715. Outro a 12 de agosto de 1716. O último em 30 de novembro de 1716. Nascido em São Paulo, teria seguido de retorno a seguir.
Frei Agostinho da Trindade se mantém, com interrupções,  até depois de 1730. Mas nenhum ato assinou nos livros paroquiais em 1717. Presume-se que se tenha retirado juntamente com Frei Tomé, já em fins de 1716. Retornando em 1718, está aparentemente sozinho.


381. Ameaça de morte ao primeiro vigário.  Integrado no meio ilhéu, Frei Agostinho da Trindade, com seus entusiasmos e aventuras de pequeno herói, está envolvido nos acontecimentos administrativos.
Quanto aos partidos,  sua posição parece a que se alinha com a de Francisco Brito Peixoto, em oposição a Manuel Manso de Avelar. Isto esclarece também sua presença em ambas as vilas.
Um incidente com uma parte da população, em 1720, leva Frei Agostinho a refugiar-se em outro ponto da Ilha, pois querem matá-lo.
É possível que o caso envolva a divisão existente entre o partido de Francisco Brito Peixoto de Laguna e o de Manuel Manso de Avelar.
Fora o sargento-mor da Ilha acusado de contrabandear com os navios franceses. No jogo da demanda, Brito Peixoto é preso em 1720, sendo depois liberto. Posteriormente, em 1721, o preso será Manso de Avelar, que estará solto em 1724, por influencia de Manuel Gonçalves de Aguiar e outros (vd ).
O incidente ocorrido em 1720 com Frei Agostinho da Trindade é amenizado com a interferência do jesuíta do colégio de Paranaguá, Luiz de Albuquerque, que então acompanhava o Ouvidor Rafael Pires Pardinho, que em 27 de janeiro daquele ano chegava em correição e instituía o distrito judicial da Ilha de Santa Catarina.
Tendo-se acalmado os ânimos, os forjadores do crime se sujeitaram a ir buscar o padre. Este, ainda receoso, manteve-se resolutamente fora do povoado.
Enquanto o Ouvidor fazia a correição, o jesuíta faz a vez de pároco. Inclusive celebra um casamento, tomando o cuidado de acrescer que andava em missão com provisão do reverendo vigário da Vara, o Padre Dom Antônio Rochadel, de São Francisco. A narrativa do incidente com o vigário efetivo se encontra no Arquivos dos jesuítas, em Roma,  sem os nomes dos padres em questão (Bras. 10 (I), 555 v. Cf. Serafim Leite, H. Da Companhia de Jesus no Brasil Vi, p. 467)..
 Mas, em vista do assentamento mencionado, temos o nome do jesuíta, além de já conhecermos por outros termos o do vigário, Frei Agostinho da Trindade.
O episódio teve novos desdobramentos, no futuro. Uma carta de 1635, de Manuel Gomes, de Laguna, ao Governador de São Paulo, elogiosa a Frei Agostinho da Trindade, ao mesmo tempo que acusando a Manuel Manso de Aguiar, se diz aditivamente que este, com 8 ordenanças de Desterro, havia ameaçado ao frade de morte, fazendo-o fugir para São Francisco.
O jesuíta interventor, que acompanha ao Ouvidor, invectivou ainda alguns abusos, em troca de usos mais conformes com as leis da Igreja. Parece haver aqui uma oposição entre o espirito puritanista do inaciano e a maneira aberta de pensar de Frei Agostinho da Trindade.
Examinou também o jesuíta a situação dos índios que estavam sendo escravizados, apesar das garantias legais. Apelando ao Ouvidor, fez com que fossem copiados no livro da Câmara os decretos que estabeleciam a liberdade dos índios.
Viu-os no alto de dois montes, "vivendo à maneira de feras, sem ninguém que lhes ensinasse as coisas da fé e política cristã". Tratava-se, pelo aspecto, de índios domesticados, entregues todavia à sua sorte.


382. Segundo Vigário e introdução dos livros paroquiais (1727).  Com o clérigo secular Pe. Francisco Justo Santigo, segundo vigário da Freguesia de N. Sra. do Desterro "e da Vara e da Vila da Laguna" (Tombo de Desterro, fl. 3), posse aos 19 de janeiro de 1727, principia a burocratização.
A anterior situação de precariedade não permitiu talvez que Frei Agostinho da Trindade houvesse dado maior importância à escrita documental, como nem o fizeram os demais que por aqui transitaram antes dele, fazendo batizados e casamentos sem os suficientes cuidados dos respectivos registros.
As circunstâncias ambientes talvez não permitissem o uso senão de simples cadernos de anotações,- como o fizeram. Com este procedimento poderão ter deixado de fazer assentos, ou tê-los feito precariamente, passando a perder-se  em consequência os registros dos primeiros batizados.
Mais tarde, em 1727, quando a administração já ia mais burocratizada nestes confins, os cadernos até então usados serão transcritos por outro titular da paróquia, que dará abertura a um primeiro livro de batizados, como também a um primeiro de casamentos.
Abrindo o de batizados escreveu, o novo vigário Francisco Justo Santiago, em página, que subsiste porque foi em tempo transcrita por Arcipreste Paiva ao livro do Tombo de Desterro:
"Tomamos posse desta paróquia aos dezenove de janeiro deste presente ano de mil setecentos e vinte e sete Vigário dela e da Vara e da Vila de Laguna por previsão do ilustríssimo e reverendíssimo senhor Bispo desta Diocese Dom Frei Antônio de Guadalupe, achei uns cadernos, onde se assentavam os batizados, e por me parecer coisa indecente, lancei todos os assentos de batizados que nele estavam de verbum ad verbum neste, para a todo o tempo constar.
Na seguinte folha começam os assentos dos escravos e administrados.
Vila de Santa Catarina, 20 de janeiro de 1727 - O Vigário Francisco Justo Santiago" (Tombo da Igreja Matriz de N. Sra. do Desterro, livro I, fl. 3).
Curiosamente o vigário ainda continua assinando "Vila de Santa Catarina", 9 meses depois que se criara o município de Desterro. Ver-se-á não muito depois que nem sequer o Rei usará este nome de mau gosto.


  http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/EncReg/EncSC/MegaHSC/SCcolonial/91sc0362.htm

https://web.archive.org/web/20071223143348/http://cfh.ufsc.br:80/~simpozio/EncReg/EncSC/MegaHSC/SCcolonial/91sc0362.htm

A Ilha de SC nas informações de Shelvocke (corsário inglês)

A Ilha de SC nas informações de Shelvocke .

O navio corsário inglês Speedwell de 14 canhões e 100 homens, esteve aportado cinquenta dias no porto da Ilha de Santa Catarina, onde chegava a 19 de junho de 1719 e se retirava apenas a 9 de agosto deste mesmo ano. Procedente de Cabo Verde, com destino ao Pacifico, estava sob o comando de George Shelvocke.Vindos do Pacifico, e portanto em direção inversa, encontrou-se Shelvocke nesta baía com os navios franceses Ruby (de guerra) e Salomon le Sage (mercante).A 3 de agosto chegava também o navio português São Francisco Xavier, de 40 canhões e 300 tripulantes, porém sob o comando de um oficial francês, Monsieur la Rivière.Tudo isto deu assunto e serviço para o valoroso sargento Manuel Manso de Avelar, o pequeno herói da rústica póvoa da Ilha de Santa Catarina "de alegres ares".De inicio houvera, pacifica troca de produtos de terra, com sal de Cabo Verde. Depois, ocorreram a bordo altercações e conflitos com os ingleses, em que Manso teve o apoio dos marujos portugueses. Ocorrendo ainda haverem desertado três ingleses, que foram a seguir perseguidos em terra por seus companheiros, passaram estes a ser vaiados pelos portugueses:Morram os cães! Morram os cães Ingleses!Houve descarga de tiros, ferimentos e sangue.Coisas de uma terra rústica, entre pequenos heróis. O mesmo Shelvocke, que perdera o controle dos marujos, chegou no final à pacificação. Partiram os ingleses, havendo negociado 21 bois, alguns porcos, 200 peixes meros grandes , 150 alqueires de farinha de mandioca, 160 alqueires de favas, fumo e salgados, seguindo bem providos.Acrescenta que mantinham por estas razões grande número de cães de guarda. Não obstante, certamente por causa dos incidentes, chamou à esta população de homens valentes "de bandidos, refugiados de outras regiões brasileiras mais policiadas".

"Quanto ao caráter dos portugueses dessa ilha, pode-se levar em conta a carta que recebi daquele capitão, pois está absolutamente certo que são uma malta de bandidos, que aqui chegam como refugiados das outras colônias mais estritamente governadas do Brasil; Emanuel Mansa, que era o assim chamado capitão da Ilha, já era o chefe deles no tempo do sr. Frezier. Porém de minha parte, eu lhes devo fazer a justiça de dizer que sempre negociaram honestamente comigo e foram sempre muito educados para com todos nós, exceto para com aqueles que cometeram os desatinos antes mencionados.Eles desfrutam das bênçãos de uma terra fértil e um ar muito saudável e não têm falta de nada, a não ser de roupas. Dispõem de armas de fogo suficientes para o seu uso e realmente as usam com frequência, pois devem constantemente defender-se das onças.Mas o hábito já os fez encararem essa inconveniência com serenidade, embora, em suas casas devam sempre manter um grande número de cães para defendê-los contra aquelas criaturas, que, muitas vezes, conseguem criar uma tremenda confusão entre eles. Contaram-me que uma onça, de certa feita, matou 8 ou 10 cães em uma só noite.Mas durante o dia, elas dificilmente conseguem escapar deles e dão aos habitantes uma espécie de diversão e uma oportunidade de destrui-las efetivamente. Em resumo, nada é mais comum do que se ver as marcas das patas de onças sobre as areias das praias.Quanto às excelentes casas de moradia mencionadas pelo sr. Frezier (vd 352), nenhum de nós logrou ver nenhuma delas. Nem têm eles nenhum local que se possa chamar cidade, nem tampouco qualquer fortificação de qualquer espécie, com exceção das matas. Estas, com efeito, são um ótimo refugio, para onde podem escapar com segurança em casos de ataques."Quanto aos Índios desse lugar, não posso dizer muito a respeito deles, pois jamais vi mais de 2 ou 3 deles" (Viagem em torno da Terra realizada nos anos de 1719 a 1722, 1-a ed. 1726, Londres; citada pela versão portuguesa de Paulo Berger, Ilha de Santa Catarina, relatos de viajantes estrangeiros, 2-a ed. 1984, Editora da UFSC, p. 47).

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Relato do navegador Frances Amadeu Francisco Frezier

Amadeu Francisco Frezier, nascido em 1682, foi engenheiro e cientista, Sua viagem em 1712 para o Pacifico tinha por objetivo trabalhar na defesa dos interesses espanhóis do chile e Peru, ameaçados por ingleses e holandeses.

 Além do levantamento cientifico e geográfico, estudou também os costumes.Em agosto de 1714 está de retorno á França. Ordenando as suas notas, as imprimiu em 1716. Em dois volumes fez um relatório dos mares do sul, - Relation du voyage de la Mer du Sud aux côtes du Chili en du Perou.

A parte referente a Santa Catarina, recorta à Relação de Frezier, foi publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, vol. 2, ano 1913. Veio a falecer em 1773. Para a antiga Florianópolis é, como Hans Staden, um nome significativo.Tratava-se de dois navios, sendo o do cronista o chamado Saint-Joseph.

Havendo saído de Saint-Malo a 28 de novembro de 1711 os navios chegavam á Santa Catarina a 31 de março de 1712. A resolução de fazer descanso e adquirir viveres, deu ao cronista a oportunidade de um maior contato com a terra pelo espaço de dez dias, quando a expedição partiu de novo a 12 de abril.A chegada dos navios fora de grande espanto para a população.

Em vista da noticia anterior do assalto de Duguay Trouin, praticado por este francês ao Rio de Janeiro, fugiu a população do povoado de Desterro para a mata adjacente, não obstante os sinais de amizade dos navios. Descendo os franceses em terra, acharam as casas abandonadas, quando finalmente se aproximam três homens de canoa propondo-lhes que, se não fizessem mal, lhes forneceriam viveres. Canoas carregadas de galinhas e frutas, além de fumo, passaram a ser negociadas diariamente com os franceses.

Descreveu Frezier ao povoado da Ilha de Santa Catarina:



"Passamos primeiramente por um pequeno estreito de cerca de 200 toesas de largo, formado pela Ilha e terra firme, onde não ha senão duas braças e meia d'água. Então começarmos a avistar de um a outro lado belas habitações".


Ali se encontra uma primeira descrição do povoado como conjunto de habitações distribuída nas duas margens separadas entre si 400 metros ( = 200 toesas).A expressão "belas habitações", ainda que tenha sido contradita por outros (vd 359), diz certamente do caráter poético, que as casas assumem quando vistas panoramicamente, sobretudo em no horizonte marítimo.Outros informes de Frezier: 

"Perto da Terra Firme, existe um ilhote, atrás do qual há um pequeno porto, onde o governador da Ilha tem ordinariamente uma barca para o serviço dos moradores, mas que comumente serve para fazer o comércio de peixe seco que transporta à Lagoa [Laguna] ou ao Rio de Janeiro". 

Perto de Araçatuba "um dos seus oficiais, que havia estado 2 anos antes, chamou-nos a atenção para uma língua de terra baixa onde se encontram manadas de bois selvagens"."Embora não paguem tributo algum ao Rei de Portugal, são seus súditos e obedecem ao governador ou capitão que nomeiam para comandá-los em caso de guerra contra os inimigos da Europa e os Índios do Brasil, com os quais andam quase sempre em guerra, de sorte que quando penetram em Terra Firme, que não é menos tomada de floresta que a Ilha, não ousam fazê-lo em grupos menores de trinta ou quarenta homens bem armados. Esse capitão cuja comando não passa ordinariamente de três anos depende do governador da Lagoa [Laguna], pequena vila distante da Ilha doze léguas ao sul. Tinha então 147 homens em seu distrito, alguns Índios e negros libertos, dos quais uma parte dispersa pela orla da terra firme".

"É a Ilha uma continua floresta de árvores verdes o ano inteiro, não se encontrando nela outros sítios praticáveis a não ser os desbravados em torno das habitações, isto é, doze ou quinze sítios dispersos aqui e acolá Ó beira mar, nas pequenas enseadas fronteiras á terra firme".

Sobre a alimentação:

"A caça ordinária dos habitantes é o macaco, de que ordinariamente se alimentam".

Do ponto de vista religioso, tal como no militar, dependem de Laguna:"A única coisa que tem a lamentar é o viverem na ignorância:

 são cristãos em verdade, mas não são eles instruídos em sua religião, não havendo senão um vigário na Laguna, que lhes vem rezar a missa nas principais festas do ano; pagam no entanto o dízimo á igreja que é a única coisa que deles exigem"."Foi lá que vi, primeira vez, o arbusto que dá o algodão. Como suspirasse desde muito conhecê-lo, desenhei um ramo para me servir de lembranças".

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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

POVOAMENTO DE SANTA CATARINA

POVOAMENTO DE SANTA CATARINA 


Depois de mais de um século de pré-história de aportamentos espanhóis e portugueses, vão os bandeirantes aos poucos tentando se estabelecer definitivamente. Tem-se então as primeiras noticias do povoamento da Ilha de Santa Catarina e do continente fronteiriço. Os primeiros povoadores são relativamente temporários, desde a tentativa do capitão Amaro Leitão, em 1645, até se conseguir uma clara continuidade, a partir de 1673, por iniciativa de Francisco Dias Velho, que enviou então seu filho fazer plantações.Mas o povoado foi atacado em 1687 por piratas, prejudicando-o bastante com a morte dada ao fundador Francisco Dias Velho. Não obstante uma difícil fase de estabilização, o povoamento já se ia tornando vitorioso, ao marcar em 1714 a formação da freguesia e em 1726 a criação do município.


 Ao mesmo tempo que na Ilha, também se estabelecem no continente alguns povoadores, conhecendo-se algo do que acontecia logo mais ao Sul em Massiambu. Só mais tarde acontecerá o povoamento mais intensivo, pela vinda de portugueses de Açores, instalados na beira mar, e imigrantes alemães, na Grande Florianópolis montanhosa. Mas estes novos elementos só vieram em tempo adentrado da Capitania (vd ) e da Província (vd ).O mérito inicial do povoamento da região foi exclusivamente dos bandeirantes.São pioneiros do tempo em que sequer havia organização política local, cabendo a eles dar origem à freguesia e ao município.

Facilitou a ocupação da Ilha de Santa Catarina e de sua região o fato mesmo de já se encontrarem estabilizadas as povoações de Paranaguá (vd 204) e São Francisco (vd 205ss).
Outro fator facilitante foi a fundação imediata de Laguna (1684) (vd), a qual precisava da Ilha de Santa Catarina como entreposto de contato com São Vicente.


Mas ocorrem ainda as ações prévias, e que são agora o tema a considerar.Três destas ações prévias se fizeram conhecer mais claramente, e que são:

- o povoamento temporário de Antônio Amaro Leitão (c.1645-1651);
- o plano de Salvador Corrêa de Sá e Benevides (1657-1658);
- a presença de Antônio Afonso e companheiros (1666).a) Povoamento temporário da Ilha de SC pelo Capitão Antônio Amaro Leitão (c. 1645-1651). 91sc0231.


O povoamento temporário de Antônio Amaro Leitão (c.1645-1651);

Ocorre um paralelismo quase perfeito entre a ocupação da Ilha de São Francisco e a da Ilha de santa Catarina, ainda que os sucessos fossem diferentes. Em ambas as ocupações, elas se fazem por efeito da expansão ao longo da costa e sob o estímulo do ouro.O arrebanhamento do índio já não é mais o móvel principal. Há, pois, uma diferença profunda entre os planos de povoamento de Manuel Preto, de 1629 - 1630 (vd 167 ss), e dos vicentinos instalados em 1634 - 1635 (vd 170 ss) e os trabalhos de povoamento daqueles que vêm para a Ilha de Santa Catarina a começar de 1645, quando ocorre a tentativa do Capitão Antônio Amaro Leitão.


 Apesar de todas serem bandeirantes, se distinguem ainda como períodos. Não obstante ser novo o modo de povoar, continuam as caçadas ao índio, embora em decrescendo.Destas ocupações experimentais ao longo da costa catarinense nasceriam mais tarde as solicitações de sesmarias, como de fato o foram, conforme se tem conhecimento. Em vista da rusticidade das populações, nem todas as famílias adotavam este encaminhamento, porque se preocupavam apenas de uma economia de subsistência.

É bem conhecido o caso da Ilha de Santa Catarina aonde chegou o ouvidor em 1720 e regularizou as ocupações das terras em nome dos ocupantes efetivos, deixando de levar em conta o fato de haverem pertencido muito anteriormente ao trucidado Dias Velho (vd 335).Em 1645 se estabeleceu na Ilha de Santa Catarina o Capitão Antônio Amaro Leitão, com alguns povoadores.Esta notícia sem detalhes tem a mesma fonte documental, que a do posto bandeirante encontrado cerca de 1634-1635 na Ilha de Santa Catarina, - o Arquivo da Companhia de Jesus, de Roma.

Em vista de não se fazer referência a outros povoadores naquele espaço de 10 anos, é possível que por todo aquele decênio estivesse a Ilha desabitada, como a descrevera em junho de 1635 o missionário jesuíta Inácio Sequeira (vd ).O documento jesuítico tem por objetivo principal dizer do pedido então feito à Ordem para ceder padres. Mas é suficientemente claro para dizer que o povoamento era feito pelo Capitão Antônio Amaro Leitão e que se iniciara dez anos depois daquele dos bandeirantes em 1635.
Foi levantado um cruzeiro na Ilha de Santa Catarina com a data de 1651 e que persistiu no adro da igreja até 1727, segundo a notícia, que nos veio através de Paulo José Miguel de Brito.É possível que a construção do cruzeiro remonte ao tempo do povoamento de Capitão Antônio Amaro Leitão. Suposto que desde o início fosse ele de pedra, - no todo ou em parte, - não seria obra de um navegador em trânsito.Depois de construído, já poderia ali ficar, mesmo que todos os moradores abandonassem a terra.

Nenhuma informação restou sobre o porquê da cessação do povoado, senão vagas especulações. Um das especulações seria a de que fora impossível aos moradores prosseguir na estadia. Um outra vaga especulação seria a de a pirataria, então já vigente nos mares, tivesse assaltado o frágil povoado, como depois também aconteceria em São Francisco (vd 214) e aqui mesmo quando do povoamento de Francisco Dias Velho (vd).b). 


Plano de Salvador Corrêa de Sá e Benevides na Ilha de SC (1657-1658).

 Entre 1651 e 1673 as notícias são suficientes para se saber que houve intermitências no povoamento da Ilha de Santa Catarina.Os novos povoadores, que possivelmente aqui estiveram não atuaram de molde a criarem um núcleo dinamizador capaz de ser considerado uma povoação.Há, pois, uma nítida diferença entre a povoação anterior do capitão Antônio Amaro Leitão e as tentativas que por ventura se tenham seguido de imediato. Depois deste espaço mais ou menos vazio de 1651 a 1673, o novo empreendimento criado por Dias Velho se diferencia sobre o tempo anterior como um todo.O tempo entre 1651 à 1673, apesar de relativamente vazio, possui o seu status peculiar, que mostra a tensão generalizada para a efetivação algum dia do povoamento.

 Os fatos, que então ocorrem, não têm em si mesmos considerável valor, porque não chegaram à concretização povoadora.Mas estes episódios despertam o interesse do historiador exatamente para comprovação de que a pressão cinética de forças existia e se tomava cada vez mais forte, ao ponto de ser examinado em 1658 um grande plano pela corte de Lisboa, ainda que não levado a efeito.A estratégica Ilha de Santa Catarina entra para a discussão dos altos escalões do governo português em 1657.

Eram então requeridas ao Rei, por Salvador Corrêa de Sá e Benevides, para seus planos, 100 léguas desta região numa petição que foi encaminhada ao Conselho Ultramarino em 14 de março de 1658 para ser esclarecida.Salvador conhecia sobejamente a costa, desde quando a patrulhara, defendendo-a dos espanhóis, e certamente percebia agora a expansão demográfica na direção Sul, portanto a possibilidade de povoá-la.Não se sabe porque não tivesse o plano chegado a termo, pois o Conselho Ultramarino manifestara-se pela sua conveniência. Talvez ocorressem dificuldades com os herdeiros da antiga denotaria? Ou seria porque novas oportunidades se haviam oferecido a Salvador, que efetivamente é nomeado dois anos depois Governador do Rio de Janeiro?Qualquer fosse a hipótese, a Ilha passou a ser mais falada, do que já era. E o próprio governador Salvador Corrêa de Sá Benevides, que depois passará para São Paulo, parece participar dos movimentos oficiais de estímulo ao povoamento do Sul (vd 248). 

Ficaram também informações sobre a Ilha, em consequência das consultas que o Conselho Ultramarino solicitou aos que então em Portugal tinham conhecimento sobre esta costa.Mas é claro que tais notícias já poderiam ser anacrônicas e algumas certamente dependiam de terceiros.Marcos Corrêa de Mesquita, antigo ouvidor do Rio de Janeiro, era favorável à concessão, em vista da qualidade das terras.Comentava, dizendo que a região é "muy remota das povoadas deste Reyno", que não havia brancos e nem povoações de índios, a não ser uma onde os brancos iam resgatar.Manuel Pereira Lobo, - que fora Capitão-mor da Capitania de São Vicente,- informou que de Cananéia até Buenos Aires não havia habitações de índios que tinha tido e que as terras dariam fartura de alimentos.

Declarando conhecer os portos de São Francisco, Ilha de Santa Catarina e Rio Grande, seria "muy conveniente ao serviço de Sua Majestade o povoarem-se, havendo quem o quisesse... Como são de tão longe, há de ser de muito gasto e despesa o povoarem-se neste princípio" (cf. n. 37).

Salvador Tomé de Mealhadas, capitão, declara também despovoadas as terras, duvidando que nelas dê a cana-de-açúcar em vista do frio, acrescenta que o gado certamente prosperaria muito. "Não somente se devem dar estas terras às pessoas que as pedirem, para as povoarem, se não fazer-lhes, ainda, mercês, porque de estarem despovoadas nem Deus, nem Vossa Majestade tem serventia e de se povoarem pelo contrário".

Ainda é situada neste tempo a informação de A. Marques, segundo a qual Francisco Dias Velho teria saído em 18 de abril de 1662, de São Paulo, - acompanhado da família, um homem branco, dois padres e muitos índios domesticados, - com vistas a estabelecer-se na Ilha de Santa Catarina, embora tenha imediatamente retornado. Poderia estar estudando uma futura possibilidade de expandir ali até seus múltiplos negócios.Em vista do seu anterior projeto de ocupar Santa Catarina (vd 244), deveria estar vendo com bons olhos a marcha de povoadores naquela direção, onde em 1660 já se criava o município de São Francisco e em 1665 já tomaria posse o primeiro vigário, o bandeirante Pe. João de Faria Fialho. 



Antônio Afonso e Miguel Antunes Prompto (1666).

  Em 1666 começam a aparecer as notícias da concessão de sesmarias por parte dos representantes dos herdeiros da donataria de Pero Lopes de Sousa.O retransmissor de tais notícias é Joaquim de Almeida Coelho, pai da historiógrafo catarinense, autor de Memória Histórica da Província de Santa Catarina, editada em 1856, muito conceituada, porque escrita à base de documentos, dos quais muitos hoje não mais subsistem.Refere-se a um certo Antônio Afonso e 6 companheiros com as respectivas famílias, que obtiveram em 6 de outubro de 1666 carta de meia-légua de terras para povoar, obtida junto de Gabriel Lara, Capitão-mor de Paranaguá e Procurador do Marquês de Cascais.

O historiador mencionado diz que "vieram" efetivamente:"No ano de 1666 Antônio Afonso e seis companheiros vieram com suas famílias povoar a Ilha e Terra Firme, para cuja fim lhes concedeu Gabriel de Lara Capitão-mor da Capitania de Paranaguá,Ouvidor, Alcaide-mor e Procurador bastante do Marquês de Cascaes (em nome deste), dentro de quarenta léguas ao sul da sua repartição (que se estendia até a Lagoa de lbiraquera) cartas de sesmaria de meia-légua de terras, datadas no Paranaguá por despacho de 3 de outubro. E este Capitão-mor substituiu no governo e repartição das terras ao Capitão-mor de São Francisco, Manuel Lourenço de Andrade" (A. Coelho, Memória histórica da Prov. de SC 1856, p. 7).

É muito importante a referência ao Capitão-mor de Paranaguá, porque ela vem revelar o início da expansão demográfica, por simples dilatação de ocupação, que então se vinha processando já muito ao Sul da Ilha de São Francisco. Ainda que Dias Velho, vindo diretamente de São Paulo, fosse o iniciador do núcleo gerador de Florianópolis, foi contudo a população que derivava ao longo da costa a que verdadeiramente imprimiu seu desenvolvimento.

Acrescenta-se mais outra notícia e que se refere a Miguel Antunes Prompto requerendo em Macambu: "No mesmo ano (1666) o Capitão-mor da Praça de Santos, Agostinho de Figueiredo com poderes do Donatário, o Marquês de Cascaes, concedeu a 22 de julho cartas de sesmaria de meia-légua de terras sobre as margens do rio Macambu na terra firme, e todo o sertão, a Miguel Antunes Prompto e 13 companheiros de Guaratuba que lhe requereram, como povoadores.


Após estes, vieram outros, com sesmarias passadas pelo mesmo Gabriel de Lara, e logo depois por seu substituto Domingos Francisco Francisque" (A. Coelho, Memória história da Prov. de SC, p. 7 de 1856).Importa considerar que ditas sesmarias de 1666 são referidas como situadas tanto na Ilha como na terra firme, no caso de Antônio Afonso; na terra firme, para Miguel Antunes Prompto.

Ao que parece, as de terra firme estavam mais no interesse dos povoadores, e se situavam na direção do Sul, talvez por causa dos campos naturais que ali havia.Quanto ao nome Macambu, deve ser Massiambu (que a notícia denomina Macambu e que pode ser corruptela de Maciambu), portanto no continente, um pouco além da Baia Sul. E se o grupo de 6 pessoas de Antônio Afonso também ocupava uma porção do lado da Ilha, este lado poderia ser exatamente pela extremidade sul da mesma, perto de Massiambu.

As características destas duas notícias povoatórias do ano 1666 são expressivas. Elas são taxativas no que se refere à datas de concessão, pessoas, dimensões, locais, e finalmente à vinda efetiva dos interessados. Almeida Coelho é taxativo em dizer duas vezes que "vieram" e uma vez "como povoadores".Se, de outra parte, não subsistem informações diretas sobre os requerentes das sesmarias no Massiambu, restam notícias de que na região novos interesses se manifestaram, como de Dias Velho e de Brito Peixoto (de Laguna).Importa entrar para o campo das hipóteses sobre o porque da falta de notícias posteriores.Uma primeira hipótese, a mais radical, dirá simplesmente, que ditos requerentes não vieram, apesar do que se disse; ou, se vieram, logo abandonaram os empreendimentos que se propuseram.


Uma segunda hipótese suporá que os povoadores referidos eram modestos e não chegaram a criar um centro polarizador, passando por conseguinte despercebidos em seu outro local. Isto teria assim acontecido, apesar de Antônio Afonso ter vindo com 6 pessoas e Miguel Antunes Prompto com 13.Efetivamente as empresas eram de caráter modesto e gente mais simples, - pois se diz que algumas delas eram de Guaratuba (Paraná), então ainda pequena localidade. Tratava-se de meias-sesmarias, para cada grupo.

Complementa a segunda hipótese a consideração de que o empreendimento mandado criar por Dias Velho em 1673 na Ilha de Santa Catarina polarizou as informações em torno a este. Aliás, o mesmo Dias Velho também requereu espaços em Massiambu, como já se disse. Tudo mostra haver já então interesse naquela região, como propícia à criação de gado, com condições humanas para empreendimentos.
Em 30 de novembro de 1678, apresenta-se em São Paulo, no mesmo grupo de Dias velho, um tal Antônio Afonso Vidal, para acompanhar a expedição que fundaria a Colônia de Sacramento, em que terá a função de sargento-mor. Eis mais uma sugestão para hipótese.Inversamente, as notícias a respeito das sesmarias concedidas em 1666 vão apoiar logisticamente as informações que virão a respeito do empreendimento de Dias Velho em 1673. Inclusive seu requerimento de terras em Santos é apoiado pelo precedente de que já outro o fizera.

Conclusão geral sobre o que acontecia até 1672:
Qualquer seja a possibilidade, bastante certa, de já haver habitantes entre a Ilha de Santa Catarina e Araçatuba, perto de Laguna, eles não criaram um centro dinamizador, de cuja polarização nascesse diretamente o atual centro urbano de Florianópolis. Coube a Francisco Dias Velho criá-lo, e marcá-lo pela construção de uma ermida.


Os nomes dos moradores da recém criada Freguesia de N. Sra. do Desterro(1714), quando já ia adiantada a reação de crescimento por efeito da vinda dos "segundos povoadores", já pode ser apreciada na petição de 25 de janeiro de 1715, que então eles dirigiam ao Governo, por intermédio de Manuel Gonçalves de Aguiar, funcionário em trânsito. 


São 15 nomes, que representam as principais famílias de 1715:

Domingos Tavares13
Baltasar Soares Lousada
Sebastião Fernandes Camacho
Manuel Manso de Avelar
Manuel Corrêa da Fonseca
Salvador de Souza Brito
Manuel Domingos Lopes
Manuel Teixeira
Domingos de Brito
Jerônimo Gomes14
João Lopes Biscardo
Salvador Dias Botelho
Joseph Velho Rangel
Diogo Camacho Moço
Francisco Martins. 


Confirmado a troca de população, alguns dentre estes nomes irão ser
encontrados depois em São Francisco: Sebastião Fernandes Camacho, Salvador de Souza de Brito, João Lopes Biscardo, José Velho.


http://floripendio.blogspot.com.br/2010/05/florianopolis-antigo.html

http://www.alfredo.com.br/arquivos/gentrop1.pdf
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/EncReg/EncSC/MegaHSC/SCcolonial/91sc0220.htm


Abaixo as primeiras imagens documentadas da Ilha de Santa Catarina, feita por um artista francês que aqui passou junto da expedição de Jean François Galaup, em 1785.


Florianoplois-duche de vanvy 1785


PS. A Igreja mais antiga da Ilha de Santa Catarina, construída em 1675, no centro de Florianópolis. Inicialmente, foi erguida no local apenas uma igrejinha, no governo de Dias Velho. O projeto de substituí-la pela Catedral, do Brigadeiro Silva Paes, só foi aprovado em Lisboa em 1751, sendo executado entre 1753 e 1773. Localiza-se no centro de Florianópolis, em frente a Praça XV de Novembro.