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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Ilha de SC nas informações de Shelvocke (corsário inglês)

A Ilha de SC nas informações de Shelvocke .

O navio corsário inglês Speedwell de 14 canhões e 100 homens, esteve aportado cinquenta dias no porto da Ilha de Santa Catarina, onde chegava a 19 de junho de 1719 e se retirava apenas a 9 de agosto deste mesmo ano. Procedente de Cabo Verde, com destino ao Pacifico, estava sob o comando de George Shelvocke.Vindos do Pacifico, e portanto em direção inversa, encontrou-se Shelvocke nesta baía com os navios franceses Ruby (de guerra) e Salomon le Sage (mercante).A 3 de agosto chegava também o navio português São Francisco Xavier, de 40 canhões e 300 tripulantes, porém sob o comando de um oficial francês, Monsieur la Rivière.Tudo isto deu assunto e serviço para o valoroso sargento Manuel Manso de Avelar, o pequeno herói da rústica póvoa da Ilha de Santa Catarina "de alegres ares".De inicio houvera, pacifica troca de produtos de terra, com sal de Cabo Verde. Depois, ocorreram a bordo altercações e conflitos com os ingleses, em que Manso teve o apoio dos marujos portugueses. Ocorrendo ainda haverem desertado três ingleses, que foram a seguir perseguidos em terra por seus companheiros, passaram estes a ser vaiados pelos portugueses:Morram os cães! Morram os cães Ingleses!Houve descarga de tiros, ferimentos e sangue.Coisas de uma terra rústica, entre pequenos heróis. O mesmo Shelvocke, que perdera o controle dos marujos, chegou no final à pacificação. Partiram os ingleses, havendo negociado 21 bois, alguns porcos, 200 peixes meros grandes , 150 alqueires de farinha de mandioca, 160 alqueires de favas, fumo e salgados, seguindo bem providos.Acrescenta que mantinham por estas razões grande número de cães de guarda. Não obstante, certamente por causa dos incidentes, chamou à esta população de homens valentes "de bandidos, refugiados de outras regiões brasileiras mais policiadas".

"Quanto ao caráter dos portugueses dessa ilha, pode-se levar em conta a carta que recebi daquele capitão, pois está absolutamente certo que são uma malta de bandidos, que aqui chegam como refugiados das outras colônias mais estritamente governadas do Brasil; Emanuel Mansa, que era o assim chamado capitão da Ilha, já era o chefe deles no tempo do sr. Frezier. Porém de minha parte, eu lhes devo fazer a justiça de dizer que sempre negociaram honestamente comigo e foram sempre muito educados para com todos nós, exceto para com aqueles que cometeram os desatinos antes mencionados.Eles desfrutam das bênçãos de uma terra fértil e um ar muito saudável e não têm falta de nada, a não ser de roupas. Dispõem de armas de fogo suficientes para o seu uso e realmente as usam com frequência, pois devem constantemente defender-se das onças.Mas o hábito já os fez encararem essa inconveniência com serenidade, embora, em suas casas devam sempre manter um grande número de cães para defendê-los contra aquelas criaturas, que, muitas vezes, conseguem criar uma tremenda confusão entre eles. Contaram-me que uma onça, de certa feita, matou 8 ou 10 cães em uma só noite.Mas durante o dia, elas dificilmente conseguem escapar deles e dão aos habitantes uma espécie de diversão e uma oportunidade de destrui-las efetivamente. Em resumo, nada é mais comum do que se ver as marcas das patas de onças sobre as areias das praias.Quanto às excelentes casas de moradia mencionadas pelo sr. Frezier (vd 352), nenhum de nós logrou ver nenhuma delas. Nem têm eles nenhum local que se possa chamar cidade, nem tampouco qualquer fortificação de qualquer espécie, com exceção das matas. Estas, com efeito, são um ótimo refugio, para onde podem escapar com segurança em casos de ataques."Quanto aos Índios desse lugar, não posso dizer muito a respeito deles, pois jamais vi mais de 2 ou 3 deles" (Viagem em torno da Terra realizada nos anos de 1719 a 1722, 1-a ed. 1726, Londres; citada pela versão portuguesa de Paulo Berger, Ilha de Santa Catarina, relatos de viajantes estrangeiros, 2-a ed. 1984, Editora da UFSC, p. 47).

http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/EncReg/EncSC/MegaHSC/SCcolonial/91sc0325.htm#Top of page

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