Marcadores

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Relato do navegador Frances Amadeu Francisco Frezier

Amadeu Francisco Frezier, nascido em 1682, foi engenheiro e cientista, Sua viagem em 1712 para o Pacifico tinha por objetivo trabalhar na defesa dos interesses espanhóis do chile e Peru, ameaçados por ingleses e holandeses.

 Além do levantamento cientifico e geográfico, estudou também os costumes.Em agosto de 1714 está de retorno á França. Ordenando as suas notas, as imprimiu em 1716. Em dois volumes fez um relatório dos mares do sul, - Relation du voyage de la Mer du Sud aux côtes du Chili en du Perou.

A parte referente a Santa Catarina, recorta à Relação de Frezier, foi publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, vol. 2, ano 1913. Veio a falecer em 1773. Para a antiga Florianópolis é, como Hans Staden, um nome significativo.Tratava-se de dois navios, sendo o do cronista o chamado Saint-Joseph.

Havendo saído de Saint-Malo a 28 de novembro de 1711 os navios chegavam á Santa Catarina a 31 de março de 1712. A resolução de fazer descanso e adquirir viveres, deu ao cronista a oportunidade de um maior contato com a terra pelo espaço de dez dias, quando a expedição partiu de novo a 12 de abril.A chegada dos navios fora de grande espanto para a população.

Em vista da noticia anterior do assalto de Duguay Trouin, praticado por este francês ao Rio de Janeiro, fugiu a população do povoado de Desterro para a mata adjacente, não obstante os sinais de amizade dos navios. Descendo os franceses em terra, acharam as casas abandonadas, quando finalmente se aproximam três homens de canoa propondo-lhes que, se não fizessem mal, lhes forneceriam viveres. Canoas carregadas de galinhas e frutas, além de fumo, passaram a ser negociadas diariamente com os franceses.

Descreveu Frezier ao povoado da Ilha de Santa Catarina:



"Passamos primeiramente por um pequeno estreito de cerca de 200 toesas de largo, formado pela Ilha e terra firme, onde não ha senão duas braças e meia d'água. Então começarmos a avistar de um a outro lado belas habitações".


Ali se encontra uma primeira descrição do povoado como conjunto de habitações distribuída nas duas margens separadas entre si 400 metros ( = 200 toesas).A expressão "belas habitações", ainda que tenha sido contradita por outros (vd 359), diz certamente do caráter poético, que as casas assumem quando vistas panoramicamente, sobretudo em no horizonte marítimo.Outros informes de Frezier: 

"Perto da Terra Firme, existe um ilhote, atrás do qual há um pequeno porto, onde o governador da Ilha tem ordinariamente uma barca para o serviço dos moradores, mas que comumente serve para fazer o comércio de peixe seco que transporta à Lagoa [Laguna] ou ao Rio de Janeiro". 

Perto de Araçatuba "um dos seus oficiais, que havia estado 2 anos antes, chamou-nos a atenção para uma língua de terra baixa onde se encontram manadas de bois selvagens"."Embora não paguem tributo algum ao Rei de Portugal, são seus súditos e obedecem ao governador ou capitão que nomeiam para comandá-los em caso de guerra contra os inimigos da Europa e os Índios do Brasil, com os quais andam quase sempre em guerra, de sorte que quando penetram em Terra Firme, que não é menos tomada de floresta que a Ilha, não ousam fazê-lo em grupos menores de trinta ou quarenta homens bem armados. Esse capitão cuja comando não passa ordinariamente de três anos depende do governador da Lagoa [Laguna], pequena vila distante da Ilha doze léguas ao sul. Tinha então 147 homens em seu distrito, alguns Índios e negros libertos, dos quais uma parte dispersa pela orla da terra firme".

"É a Ilha uma continua floresta de árvores verdes o ano inteiro, não se encontrando nela outros sítios praticáveis a não ser os desbravados em torno das habitações, isto é, doze ou quinze sítios dispersos aqui e acolá Ó beira mar, nas pequenas enseadas fronteiras á terra firme".

Sobre a alimentação:

"A caça ordinária dos habitantes é o macaco, de que ordinariamente se alimentam".

Do ponto de vista religioso, tal como no militar, dependem de Laguna:"A única coisa que tem a lamentar é o viverem na ignorância:

 são cristãos em verdade, mas não são eles instruídos em sua religião, não havendo senão um vigário na Laguna, que lhes vem rezar a missa nas principais festas do ano; pagam no entanto o dízimo á igreja que é a única coisa que deles exigem"."Foi lá que vi, primeira vez, o arbusto que dá o algodão. Como suspirasse desde muito conhecê-lo, desenhei um ramo para me servir de lembranças".

https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4028315787915670687#editor/target=post;postID=8506463786344908216

Nenhum comentário:

Postar um comentário