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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

TRANSFORMAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DO BAIRRO COLÔNIA SANTANA

SUMÁRIO


INTRODUÇÃO........................................................................10
2. SÉCULOS XVIII E XIX: OCUPAÇÃO DE SÃO JOSÉ CONJUGANDO DESBRAVAMENTO E IMIGRAÇÃO ATRAVÉS DO VALE DO RIO MARUIM.......................................................14
2.1 Dinâmica sócio espacial indígena e seu legado ...................14
2.2 A natureza como elemento influenciador no processo de
ocupação...............................................................................15
2.3 A imigração açoriana, sua expansão pelo vale do rio
Maruim e as primeiras relações com o planalto....................17
2.4 Imigração Germânica pós-meados do século XIX................20
3. CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DOMINANTE NO SÉCULO XX ........................................................................24
3.1 Economia rural agrícola e artesanal-manufatureira .............24
3.2 O importante comércio entre Litoral e Planalto .....................26
3.3 Usina, Hospital, Colégio Estadual: novos elementos na
paisagem influindo no processo econômico e social............34
3.4 Migração, urbanização, ampliação do comércio, evidenciam
as transformações pós anos 1980........................................44
4. A LOCALIDADE DE COLÔNIA SANTANA NA ATUALIDADE.............................................................................50
4.1 Aspectos da economia, sociedade e cultura atual ................50
4.2 Diferenciação e problemática social interbairros.................. 57
4.3 Deficiências e/ou possibilidades de crescimento futuro........60
4.4 Duplicação da Rodovia SC-407 provoca novas
transformações na região e Contorno Da BR 101........................61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................65
6. REFERÊNCIAS.......................................................................68

RESUMO

O bairro Colônia Santana está localizado no município de São José, a 22 Km da capital Florianópolis. Sua transformação Sócio Espacial ocorre mais intensamente desde a implantação do hospital Colônia Santana. A região da Colônia Santana tornou-se transitável pelos tropeiros no século XIX até as primeiras décadas do XX, passando por uma transformação sócio espacial intensa, a partir das trocas comerciais que passavam pela localidade conhecida como Salto do Maruim. A Usina Hidrelétrica, o Hospital Colônia Santana e a Escola Estadual Joaquim Santiago são algumas das obras implantadas pelo Estado na localidade no século XX. A obra mais recente do estado na região é a duplicação da rodovia SC 407, que resolverá um problema de mais de 30 anos de um acesso que se tornou precário e que ajudará no desenvolvimento local, principalmente no bairro Sertão do Maruim e Colônia Santana. O contorno da BR 101 causa muitas expectativas aos moradores da regiao.


1. INTRODUÇÃO


O município de São José vem ao longo das ultimas décadas sofrendo uma alteração no modo de ocupação de seu território. As transformações da paisagem totalmente rural para o um modo de vida urbano nas áreas de periferia do município, se tornaram mais evidentes pós meados do século XX. Neste período, o município de São José passou a agregar indústrias em terras antes não ocupadas por moradias, onde posteriormente sofreu adensamento maior por conta da migração ocorrida por causa da procura de empregos e de melhorar sua condição perante as transformações que estavam ocorrendo no campo. Por fazer parte da periferia do município de São José, o bairro Colônia Santana apresenta suas especificidades na ocupação de seu território.


HCS

Alguns dos questionamentos feitos ao iniciar esse trabalho de pesquisa, foi tentar entender como o Instituto de Psiquiatria do Estado de Santa Catarina conhecido como Hospital Colônia Santana (HCS) teve participação na ocupação da localidade. Porque a Usina Hidrelétrica construída da década de 1910 não obteve tanta importância na ocupação e povoamento do bairro? Por contribuir para a formação do bairro, o caminho das tropas influenciou no comércio e na economia local? A Escola de Educação Básica Professor Joaquim Santiago, construída na segunda metade do século XX, teve intenção de segurar os moradores no bairro, ou foi uma necessidade do governo na época pela ocupação crescente que já ocorrera nesse período? A troca na economia predominantemente rural para uma economia do setor terciário nos dias atuais teve influência das transformações que estavam ocorrendo no município de São José ou foi o Hospital Colônia Santana que ditou essa mudança? A duplicação recente da rodovia SC 407 resolverá o problema da segregação no setor rodoviário do bairro pela razão de seu distanciamento das outras regiões? O que se pode saber inicialmente é que o Estado esteve sempre presente na localidade e a sua influência o torna o principal formador do espaço local. 

A partir do aprendizado sobre organização espacial e transformação sócio espacial, obtido no curso de Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina, penso em colocar como ocorreram as transformações da paisagem do bairro e os agentes modeladores do seu espaço. O desenvolvimento de São José, aliado às transformações no ambiente rural e à migração do campo para a cidade aparecem como fatos determinantes para um esquecimento por parte do poder público com a localidade de Colônia Santana durante três décadas.




 A pavimentação da rodovia SC 407 ocorrida na década de 1970, asfaltada e duplicada( em uma pequena parte)  apenas na ultima década, evidencia como os bairros distantes dos centros se tornam lugares esquecidos e sem valorização fundiária quando este lugar possui um difícil acesso. A imigração açoriana e germânica, aparece como um dos fatores determinantes para o povoamento e transformação na região do vale do rio Maruim, sendo, que a migração recente também influencia no processo atual de urbanização da localidade.





Intenciona-se com este trabalho sobre a Transformação Sócio Espacial do bairro Colônia Santana, mostrar a organização espacial da localidade, principalmente as mudanças ocorridas na paisagem do local outrora dominantemente rural e que hoje se encontra em um processo de urbanização. Para Correa (2000), mudança na paisagem se caracteriza como sendo uma “segunda natureza” onde os campos cultivados, os caminhos, os moinhos e as casas, entre outros, compõem um conjunto de formas espaciais onde configuram a organização espacial. 

Desta forma, o objetivo geral para este trabalho foi de fazer uma análise da evolução urbana no bairro Colônia Santana conjugando o papel do Estado no seu desenvolvimento direto ou indiretamente da região, através da implantação de obras como a Usina hidrelétrica, o Hospital Colônia Santana, a Escola de Educação Básica Professor Joaquim Santiago e mais recentemente a duplicação da rodovia SC 407.




Para Correa (2003), o Estado mostra como o seu poder de alteração da paisagem de um determinado lugar é muito grande aparecendo este como produtor do espaço e de localizações específicas, como também os proprietários fundiários, os promotores imobiliários e os agentes de regulação do uso do solo. Assim, os objetivos específicos tiveram a intenção de analisar a mudança ou não da cultura do local por parte das migrações recentes na localidade e verificar in loco as comunidades do bairro e suas mudanças ao longo de tempo estritamente rural para locais densamente ocupados com comércios variados, e a importância fundamental destes para o desenvolvimento atual do bairro. A fundamentação de tais análises passou por uma pesquisa bibliográfica, que analisasse histórica e geograficamente a ocupação do município de São José e a bacia do vale do rio Maruim.





A pesquisa fundamentou-se nos autores que deram ênfase à colonização do vale do rio Maruim até o Município de Angelina, que tratasse principalmente do caminho das tropas que ligava São José ao planalto lageano. Conforme aponta Jochem (1992), essa necessidade de abrir um caminho pela Coroa portuguesa no final do século XVIII que levasse ao Planalto-lageano foi de suma importância para o desenvolvimento da região e consequentemente sua colonização ao longo desse trajeto. Para Campos (2004), o comércio que se configurava entre a região do planalto lageano e o litoral foi importante para o povoamento no trajeto que fazia essa ligação atribuindo aí um processo de colonização, efetivado pela produção primária. A questão da analise do uso e ocupação do solo naquela bacia foi de fundamental importância para o entendimento da economia existente que era basicamente de agricultura e pecuária predominante.

O recorte espacial e temporal da pesquisa se deu na bacia do rio Maruim, mais especificamente, onde está localizado o bairro Colônia Santana, entre as coordenadas geográficas 27º34’52” e 27º35’59” de latitude sul e 48º41’51” e 48º44’04” de longitude oeste, possuindo seus limites entre o município de São Pedro de Alcântara e o bairro Sertão do Maruim em São José, logo, temporalmente foi necessário pesquisar sobre o povoamento desta região desde a ocupação indígena até os dias atuais, observando-se sua localização na figura a seguir.

Figura 1. Mapa de Localização do bairro Colônia Santana



Elaborado por: José Guilherme Fronza


Desta forma, a compreensão abrange um período de transformações não apenas no bairro Colônia Santana, mas também na região da grande Florianópolis, principalmente no município de São José. Tais transformações ocorridas na paisagem do vale do rio Maruim ao longo dos anos teve momentos de ascendência e decadência da economia predominante da época, tendo como fator principal dessa mudança a implantação do hospital Colônia Santana na localidade alternando as características da região e o modo de viver da população local.

2. SÉCULOS XVIII E XIX: OCUPAÇÃO DE SÃO JOSÉ CONJUGANDO DESBRAVAMENTO E IMIGRAÇÃO ATRAVÉS DO VALE DO RIO MARUIM


2.1 Dinâmica sócio espacial indígena e seu legado

Pesquisar um determinado lugar, e compreender sua dinâmica sócio espacial remete a uma análise que vai além do que o mesmo apresenta no presente. Por vezes torna-se necessário um apanhado histórico-geográfico que leve a compreensão do processo de ocupação do lugar em que se quer pesquisar. Assim, as paisagens percebidas no presente e no passado, são de grande importância para o entendimento da organização social espacial de cada localidade. Nesse sentido nos chama atenção Santos (2008) para o fato de que,

[...] a paisagem é formada pelos fatos do passado e do presente. A compreensão da organização espacial, bem como de sua evolução, só se torna possível mediante a acurada interpretação do processo dialético entre formas, estruturas e funções através do tempo. (SANTOS, 2008, p.89)




Esse processo passa por uma análise histórica que envolve a ocupação humana não apenas do bairro Colônia Santana, que é o objeto de estudo nesta pesquisa, em especial a partir de meados do século XX, mas também do município de São José em seu processo histórico.


É a partir de meados do século XVIII, com a chegada dos casais açorianos advindos das diferentes ilhas do arquipélago dos Açores, que se dá mais efetivamente o processo de povoamento. Todavia, embora os açorianos tenham sido os primeiros imigrantes a aportarem o litoral catarinense e, através da ilha de Santa Catarina adentrarem o continente, originando a freguesia e fundando a vila de São José, já haviam por toda a região grupos indígenas aí vivendo, com predomínio do tronco cultural Guarani, vivendo próximo ao mar e aproveitando-se dos recursos naturais do mar e da floresta, e igualmente praticando agricultura. Segundo afirma FARIAS (1995):








Estes índios conhecidos por carijós formavam várias aldeias que disputavam entre si os melhores locais de caça, pesca e agricultura. Seminômades, mudavam de local na região sempre que alguma coisa interferia na sua maneira de viver. […] as formações de casqueiros, conhecidos por sambaqui, e as oficinas líticas (ranhuras e cavidades nas pedras, utilizadas pelos índios para amolar as ferramentas) são traços que atestam a presença dos indígenas na faixa litorânea catarinense.




Embora estes fossem encontrados na faixa litorânea catarinense, os índios Xoklengs eram os que habitavam a região entre o planalto e a serra catarinense. Todavia, o modo de vida que predominava entre a população indígena em São José, sofrerá com a chegada dos imigrantes açorianos e mais tarde os alemães na área litorânea catarinense, respectivamente nos séculos XVIII e XIX. As razões que influíram na vinda desses imigrantes para o Brasil meridional, tanto internas quanto externas nos leva a compreender o processo de ocupação e dinâmica econômica-social do litoral catarinense com reflexo direto no desenvolvimento do município de São José e entorno. Isso, no entanto, não nega a presença e influência indígena anterior, assim como a importância da natureza em todo o processo de colonização.

Em 1796, em São José, tem-se a primeira descrição do rio Maruim, como segue:

“- O Rio do Maruhi que fica ½ légua ao sul da Igreja da freguesia terá na barra 60 brasas de largo: Da navegação para canoas até o lugar onde esta a guarda do dito rio, em que se gasta menos de 1 dia. Da dita guarda para cima, chega ter somente 1 brasa de largo, e 2 ou 3 palmos de fundo em algumas partes.”

O rio Maruim e seus afluentes tiveram grande importância na ocupação do interior do município de São José desde o século XVIII, tanto como meio de transporte como fornecedor de água potável para os homens e animais.
- Nesta época os mais de dois mil açorianos viviam basicamente da agricultura, principalmente da mandioca, com a introdução do engenho de farinha (contribuição tecnológica a Santa Catarina).

2.2 A natureza como elemento influenciador no processo de ocupação



O povoamento do interior de muitas áreas do interior catarinense, principalmente como foi o caso das áreas de serra do leste catarinense, ocorreu de modo bastante difícil para os imigrantes que foram instalados nessas regiões, pois se depararam com muitos problemas com relação à morfologia do terreno, o que fez muitos deles se mudarem com o tempo para outras localidades. Além da morfologia, o trajeto escolhido para essa ocupação se caracterizava por ter uma mata muito fechada e de difícil penetração. Considerando ainda a presença dos grupos Xoklengs, que já viviam por toda faixa florestal, entre a serra e o litoral, que se sentindo ameaçados em relação ao território que ocupavam, tinham frequentes atritos com os imigrantes. Como esse povoamento ocorreu em todo trajeto que fora aberto para fazer a ligação entre o litoral e o planalto, muitas colônias se instalaram ao longo do rio Maruim. A colônia de Angelina foi uma das que sofreram e ainda sofrem com o solo de baixa fertilidade e da localização geográfica que era distante de tudo e perto de nada, como afirma Perardt (1990, p. 62);

A má escolha das localidades para a fundação das colônias, aliada à ignorância e desconhecimento das condições climáticas, sem nenhum preparo do terreno a ser distribuído, punha em risco qualquer empreendimento colonizador. A colônia Nacional de Angelina também vai sentir, ainda mais que as outras, os efeitos dessa má localização geográfica. [...] a primeira luta do elemento humano estabelecido nessas condições, foi contra os solos inférteis e a tropicalidade do ambiente. As encostas cobertas com uma vegetação exuberante, desde que despidas da sua cobertura florística, produz intensa erosão, face aos altos índices de precipitação, existentes na área da colônia.

A dificuldade primeira de plantio, por causa das terras mal distribuídas aliadas a baixa fertilidade e a precariedade da estrada, contribuíram de forma significante para a mudança de localidade desses colonos. De acordo com Perardt (1990) a estrada que ligava litoral e planalto, passando por Angelina e São Pedro de Alcântara, fica em desuso por um certo tempo, não sendo possível escoar a produção, repercutindo diretamente no desenvolvimento econômico da colônia. Isso ocorre principalmente após a mudança do trajeto que liga o litoral com o planalto para a região da bacia do rio Cubatão.


Segundo a mesma autora, o governo imperial ditou as leis escolhendo os lugares onde as colônias iriam ser instaladas, sem preocupação de desenvolver economicamente e socialmente o lugar de fixação desses imigrantes. Desta forma, evidencia que apenas meia dúzia de comerciantes, a preços baixos e desestimulantes, consegue adquirir a produção agrícola da região e revender nos mercados de Praia Comprida e na capital Desterro. Embora a natureza tenha dificultado no avanço da agricultura na região do vale do rio Maruim, a forma de povoamento mal organizada pela coroa portuguesa, teve uma contribuição maior para o fracasso no desenvolvimento da região, acarretando em uma migração para outras regiões próximas e até mesmo para a região do vale do Itajaí.

2.3 A imigração açoriana, sua expansão pelo vale do rio Maruim e as primeiras relações com o Planalto

Salto do Marui (Bairro Colonia Santana)
   
Os açorianos começaram a povoar o litoral catarinense em meados do século XVIII. Sua vinda se conjugava a uma série de elementos interligados a uma conjuntura depressiva do comercio ultramarino português, cujo capital comercial diminuíra a sua lucratividade e ao mesmo tempo sentia a necessidade de um melhor aproveitamento dos recursos portugueses, tanto na metrópole, quanto na colônia. (CAMPOS, 1991). Assim a ocupação do litoral catarinense pela metrópole era de suma importância para a coroa portuguesa, pois segundo argumenta esse mesmo autor;

Sendo parte integrante da colônia portuguesa, a costa litorânea do sul brasileiro se integraria também à conjuntura geral da economia lusa. Logo, a vinda de açorianos para o litoral e ilha de Santa Catarina resolveu problemas importantes que possuía a metrópole. Não apenas supriu demograficamente a região, como favoreceu sobremaneira aos interesses que aquela possuía sobre a área (CAMPOS, 1991, p.21)

Tais interesses significavam o domínio territorial do litoral sul, em constante disputa com a Espanha, e a importante economia que se iniciava a configurar na região, a pesca da baleia. De modo que o açoriano se distinguirá como sendo um “colono-soldado”. Especificamente em São José. Vilson Farias (1999, p. 86) argumenta que:

A colonização de São José pelos imigrantes açorianos em 1750 fez parte da grande
imigração açoriana para o Brasil meridional, ocorrida de 1748 a 1756. Neste período desembarcaram na ilha de Santa Catarina mais de 6.000 dos quais aproximadamente 4.500 fixaram-se no litoral catarinense, os demais foram embarcados para o Rio Grande do Sul. […] no litoral catarinense foram fundadas as freguesias (distritos) de São José, Enseada de Brito, Lagoa da Conceição, São Miguel da Terra Firme, Santo Antônio de Lisboa, Vila Nova, etc.



Dentro das dificuldades encontradas pelos açorianos durante a chegada ao litoral catarinense, colocava-se a falta de alimentos frescos e água, as péssimas condições higiênicas, e as doenças contraídas a bordo nas embarcações. Logo que desembarcam, se depararam com uma morfologia acidentada, com presença de animais ferozes, provocando alguns contra tempos. Mas também, encontraram terras novas e férteis com excelente potencial a serem aproveitadas. Gradativamente os imigrantes açorianos foram ocupando as terras férteis do vale do Rio Maruim e dos atuais bairros de Roçado, Barreiros, Praia Comprida, além de localidades que na época faziam parte do município de São José aí incluindo Coqueiros e Estreito e que hoje pertencem a Florianópolis.
Por sua vez, o Planalto Catarinense, mais especificamente o Planalto Lageano, se configurava como sendo uma economia de característica latifundiária e de produção bovina1.

(1 “Fundada pelos paulistas, há mais de dois séculos, Lages era um posto avançado da colônia portuguesa contra penetração de bandoleiros, gaúchos, soldados, castelhanos e padres jesuítas que queriam avançar sobre o rico planalto, e anexá-lo à Coroa Espanhola. Correia Pinto assumiu o compromisso de fundar o povoado na região de Lages. Aos 22 de novembro de 1766, dá início a uma nova povoação sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens. Aos 22 de maio de 1771, é elevada a categoria de Vila. Somente por Alvará Real de 09 de setembro de 1820, Lages passou a pertencer à Capitania de Santa Catarina. Aos 25 de maio de 1860 é elevada a categoria de cidade chamada Campos de Lajens, devida à abundância de Pedra Laje (arenito) em certos pontos da região. Em 1960, por decreto assinado pelo Sr. Prefeito Vidal Ramos Júnior, ficou estabelecido o topônimo de Lages com "G" ”. Disponível em: <http://www.uso)

 Nesse sentido Simas (2010, p. 48), afirma que:

"A partir da fundação e desenvolvimento de sua vila (1771), importantes transações mercantis se estabeleceriam por meio das tropas, assim como o surgimento de novos núcleos populacionais. Esta forma de organização, baseada no latifúndio e produção bovina, teria como uma das principais características o papel das tropas (fluxos), tanto relacionados ao sudeste brasileiro, quanto ao litoral catarinense."




Devido ao aumento da produção mercantil e para facilitar a comunicação, a agricultura, o transporte e o comércio entre o planalto e a capital Desterro, o então governador da Capitania, em meados do século XIX, José Pereira Pinto, sob o comando do vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza, ordenou que se construísse uma estrada que ligasse o planalto serrano e o litoral catarinense (JOCHEN, 1992). O Alferes de Cavalaria Antônio José da Costa, descendente de açorianos que chegara em Santa Catarina no ano de 1749, fora autorizado pelo então Governador Sargento-mor José Pereira Pinto em 11 de Janeiro de 1787 para explorar o sertão rumo a Lages. Consigo Levava uma expedição de doze homens armados, doze escravos e sete bestas de cargas. (PHILIPPI, 1995).
O caminho inicial rumo a oeste iniciou às margens do Rio Maruim. Sobre essa exploração, Jochen (1992) descreve:

"Marginaram o Rio Maruim até certa altura e daí em diante pela floresta ínvia, cumpria o alferes cabalmente a incumbência que lhe fora investido, estudando a nossa fauna, observando e anotando altitudes, conhecendo de perto as riquezas de nossas florestas, fugindo ao contato dos aborígenes em busca do planalto e da natural comunicação com Lages. […] um trecho do itinerário foi mudado, embora não definitivamente, substituindo o vale do Rio Maruim pelo vale do rio Cubatão. "(JOCHEN, 1992 p.10)
facio.com.br/lagesrural/historialages.php>. Acesso em: 21 Abril 2012.


Esta região era praticamente inexplorada de densa mata, os habitantes estavam concentrados no litoral, na região do atual Roçado e Barreiros.

Muitos produtos produzidos em São José no século XVIII e XIX pelos habitantes de origem açoriana, como farinha, melado, milho, feijão, café, entre outros, começaram a ser comercializados com o Planalto depois da ligação Desterro-Planalto ser concretizada. No entanto, essa comercialização com o mercado de Desterro, e outras capitanias da Colônia brasileira, já existia, dando uma maior representatividade para o município de São José em meados do Século XIX.



Caminho doe tropeiros em Sao Pedro de Alcantara

Em 1845, a estrada que tinha destino a Lages, teve sua rota definitivamente mudada para o vale do rio Cubatão2, e por consequência dessa mudança todo o trânsito da época foi transferida para esse novo trajeto que era bem mais fácil e menos sofrido (JOCHEN, 1992). 

Isto gerou dificuldades às comunidades localizadas próximas ao rio Maruim, fortemente dependentes do comércio Litoral-Planalto. Seu ritmo de crescimento diminuiu drasticamente entrando num processo de decadência e mesmo estagnação, situação que permanece, após a imigração germânica e, até mesmo na atualidade em relação as comunidades acima de São Pedro de Alcântara em direção a Angelina. Abaixo da sede daquele município em direção ao litoral, até a Colônia Santana, a pavimentação da estrada após a década de 1980, facilitou a relação econômica com São José e Florianópolis, favorecendo a expansão demográfica e desenvolvimento econômico. 

2.4 Imigração Germânica pós-meados do século XIX

O interesse maior na vinda de imigrantes germânicos para Santa Catarina já na década de 1820, parte do governo imperial dirigida principalmente para a região sul brasileira, fomentando a produção agrícola, manufatureira e promovendo aumento no contingente populacional. Assim os primeiros imigrantes alemães que foram destinados a colonizar a província de Santa Catarina desembarcaram em Desterro nos dias 7 e 12 de Novembro de
1828 (JOCHEM, 1969). Constituíram-se por populações que à época passavam, em sua terra de origem, grandes dificuldades, haja vista as transformações que estava ocorrendo em seu país nesse período. Assim, segundo Jochem (1969, p. 41) “a vontade de pisar na “Terra Prometida” era grande... Era esquecer o passado, as dificuldades, os parentes que ficaram, os amigos, a pátria mãe e recomeçar.




Em 1829 a colônia de São Pedro de Alcântara surgiu exatamente junto ao caminho que margeava o rio Maruim e que levava ao planalto catarinense, sendo este aberto no fim do século XVIII. Embora tenha sido formada principalmente por imigrantes de origem germânica, já havia na região além dos povos originais indígenas, contingentes de origem açoriana que se aventuraram no vale do Maruim acima. (JOCHEM, 1999) Não obstante, os colonos germânicos tiveram muitas dificuldades com a morfologia do terreno e o caminho que os mesmos tinham que enfrentar toda vez que necessitavam vender suas mercadorias em São José ou Desterro.

Citam Machado e Gerlach (2007) uma narrativa descritiva sobre a viagem do reverendo Charles Samuel Stewart à São Pedro de Alcântara, fazendo referencia ao caminho que levava ao planalto catarinense, e que facilitou o processo de ocupação ao longo do rio Maruim:



Morro da Usina(Bairro Colonia Santana)

"Ao alcançarmos o topo do primeiro cume, tivemos uma extensa visão sobre um amplo vale coberto de floresta. Fiquei surpreso ao ver uma tão vasta planície, aparentemente de ricas terras, imediatamente logo após a costa. No caminho para lá, constatamos que abaixo daquela floresta estava um pântano. Terras mais elevadas faziam fronteira, apresentando evidente abundância em sua produtividade: plantação de café, mandioca, algodão, milho, com a mamoneira se expandindo ao redor, enquanto bosquetes de laranjais arcados de frutos pareciam vir do sol como blocos dourados. O caminho por várias milhas, era amplo e uniforme, alinhado com cercas vivas de mimosas e laranjas do campo, ornamentado aqui e acolá por ramalhetes de rosas e jasmins. Passo a passo, contudo, como avançávamos entre montanhas, subindo e descendo os ramais das colinas, isto acabou se tornando difícil pelo acidentado do terreno, um pouco mais que uma trilha de cavalo. A região renovava-se proporcionalmente e não havia cultivo das terras; ainda assim, em muitos lugares este caminho era confortável, pelas campinas e pelas ricas terras de aluvião que bordejavam o curso da montanha, agora, seguido de perto pela nascente do rio." (MACHADO; GERLACH, 200, p. 39)



Morro da Usina(Bairro Colonia Santana)

O relato do citado referendo, evidencia não apenas algumas características físicas do terreno, como também a já presente produção agrícola variada, por parte dos moradores de origem açoriana. A forma que as colônias europeias, neste caso, as colônias germânicas se desenvolveram em Santa Catarina se faz muito diferente da forma que os imigrantes açorianos desenvolveram sua produção. Os descendentes açorianos eram herdeiros diretos de uma estrutura baseada na pequena produção de subsistência associada a elementos pré-capitalistas, comum em Açores no século XVIII e que aqui permanecem, sofrendo exploração direta por parte dos setores administrativos, através da requisição de colonos e soldados (Campos, 1991), dificultando sobremaneira a contingência desta pequena produção, em efetiva e dominante pequena produção mercantil independente. Por sua vez, os colonos europeus do século XIX, segundo Cruz (2008), aperfeiçoaram a pequena produção mercantil, dando outra realidade social se comparado aos modos de produção que ocorriam naquelas colônias. Em Santa Catarina isso foi comum nas áreas fronteiriças à Desterro onde a produção se concentrava na pequena propriedade. Ainda neste contexto, Cruz destaca que:

As Colônias alemães, localizaram-se em áreas ainda não ocupadas por brancos, imprimindo-lhes um ritmo de desenvolvimento que nasceu de dentro pra fora, com uma produção comunitária (sistema colônia-venda) concentrada em um transporte mais facilitado e barato [...]

Diferentemente da aristocracia originada do latifúndio, a implantação da pequena propriedade nas áreas de colonização foi responsável pelo surgimento de uma democracia rural em terras herdadas de antigas sesmarias. Contudo, nem todas as colônias baseadas no minifúndio tiveram a geografia e os recursos disponíveis como facilitadores de sua expansão, como foi o caso das colônias de São Pedro de Alcântara, Vargem Grande, Santa Isabel, Leopoldina, Piedade e Teresópolis, próximas a Desterro. (CRUZ, 2008, p. 18)



casa em estilo germanico-Sao Pedro de alcantara

Mesmo as regiões próximas a Desterro, possuindo várias colônias antigas3(3 Colônias alemãs que estão localizadas próximas a Capital Desterro e que possuem um comércio mais movimentado de áreas povoadas do litoral catarinense.), se comparado às outras colônias de Santa Catarina, o contingente encaminhado para estas áreas foram bem menores. Tudo isso por causa das grandes dificuldades de plantio devido à morfologia dos terrenos encontrados nos caminhos que levavam à Lages. Embora a terra ofertada fosse barata, as formas acidentadas dos terrenos provocaram muitos protestos e não demorou muito para aparecer as primeiras reclamações dos colonos, que de imediato solicitaram ao presidente da província, terras nas caldas do Norte em troca das terras de São Pedro de Alcântara (JOCHEM, 1969). Cruz reforça a ideia de que as terras às margens do rio Maruim foram propositalmente distribuídas para os imigrantes, os quais tinham a função de salvaguardar os caminhos até Lages pelos colonos e isso fica evidente na forma de como se está disposto os lotes lado a lado confrontando-se aos acessos da estrada até Lages.


Com isso os imigrantes descontentes com a situação exposta, começaram a abandonar a colônia de São Pedro de Alcântara, indo para as margens do rio Biguaçu, onde é hoje Antônio Carlos. Outros foram para a localidade de Praia Comprida no litoral josefense, ou para o vale do Rio Itajaí Açu, ou ainda, se estabelecendo próximo da nova estrada que margeava o curso do rio Cubatão. (JOCHEM, 1999) As primeiras décadas do século XX foram bastante conhecidas no estado de Santa Catarina pelas migrações das gerações dos imigrantes europeus. Isso aconteceu por causa da necessidade de mais terras para a agricultura, completando assim o povoamento das próprias colônias e das terras em torno da primeira ocupação por parte destes imigrantes (PELUSO JUNIOR, 1991).

Nesse contexto Campos (2009) reforça que as dificuldades físicas naturais para a expansão da produção agrícola fizeram com que muitos dos colonos migrassem para outras áreas, inclusive para as partes mais litorâneas do município, onde muitos deles se tornaram comerciantes, passando a viver em localidades como Colônia Santana, Sertão do Maruim e Forquilhas desenvolvendo nestes lugares importante produção agrícola e pecuária.

3. CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DOMINANTE NO SÉCULO XX

3.1 Economia rural Agrícola e Artesanal-Manufatureira

 

Em São José a economia que se caracterizava como dominante era e da pequena produção, por motivos decorridos a partir da colonização açoriana4 (4 “Desenvolveu-se com o tempo uma importante economia com base em uma estrutura agrária de pequena propriedade. Destaca-se o cultivo de mandioca, cuja produção de farinha constitui-se no principal produto de exportação, além de produção de pescados, algodão, óleo de baleia melado, aguardente, feijão, milho, arroz etc.” (CAMPOS, 1991, p. 26)), e posteriormente pelas imigrações europeias do século XIX. De acordo com Campos (2009), existiam duas frentes econômicas que conservavam o uso da terra na sua base que iniciara em meados do século XVIII indo até as primeiras décadas do século XX, sendo elas “a agricultura, com produção de mandioca como base, aliada à pesca, e, a comercialização de gado proveniente do planalto” (CAMPOS, 2009, p. 5).


A produção que fora realizada por estes imigrantes na forma de pequena propriedade, propiciou posteriormente a formação de um pequeno produtor independente e dono de seus meios de produção, garantindo a sua autossuficiência e um excedente exportável5. (CAMPOS, 1991),(5 “A manufatura escravista das armações articulava-se à pequenaprodução agrícola familiar cujos excedentes eram comercializados, alçando o litoral catarinense a uma posição de destaque no contexto do Brasil-colonial como uma das áreas fornecedoras de gêneros alimentícios. Diferentemente de outras regiões brasileiras onde predominava a exploração monocultora em vastas glebas de terra utilizando mão-de-obra escrava, no litoral catarinense a colonização açoriana alicerçada na pequena propriedade familiar permitia ao colono a prática de uma policultura de subsistência que, somada à produção pesqueira, garantia os excedentes que ampliaram as relações comerciais da antiga vila de Nossa Senhora do Desterro, transformada em capital com a criação da capitania de Santa Catarina, em 1738.” (PEREIRA, 2003, p. 105-106)),




Embora a produção não fosse em larga escala, Campos (1991) coloca que o pequeno produtor desenvolvia uma importante atividade de produção manufatureira, como engenhos de açúcar, de farinha, alambiques, confecção de roupas em teares próprios, produção de móveis, louças de barro, ferramentas, utensílios caseiros, etc. No entanto, tal autossuficiência não permitia desenvolver um artesanato com solidez o bastante para se expandir promovendo o surgimento de manufaturas de considerável porte. Embora, mesmo que tenha havido um processo de diferenciação entre os pequenos produtores, não foi o suficiente para a transformação de alguns deles em empresários capitalistas. (CAMPOS, 1991). Afirma este autor que os problemas ocorridos durante o processo de colonização e fixação desses açorianos em São José, tiveram como resultado o abandono da terra por parte dos produtores, levando-os a diferentes situações como: mudança para outras regiões; manterem a terra, mas se assalariarem em outras atividades; ou simplesmente perderem totalmente a propriedade e meios de produção. 




Até mesmo a produção rural alemã pouco se desenvolveu. De acordo com Cruz (2008), o empobrecimento e a declividade do solo, aliada a queda de preços da mandioca para a exportação ao Rio de Janeiro, acarretaram crises ao meio rural levando à redução das áreas de plantio, à policultura como característica da produção agrícola e ao abandono de terras. Segundo a mesma autora, “na virada do século XX, pequenos produtores ainda possuíam obrigações no pagamento dos lotes e dificuldades na quitação de dividas nas ex-colônias alemãs”. (CRUZ, 2008, p. 41). Muito deles, porém, se favorecem do comércio litoral-planalto, acumulando assim mais e se diferenciando econômico e socialmente.

3.2 O importante Comércio entre Litoral e Planalto


Secos e molhados da Familia Koerich (Vila Koerich-Bairro Colonia Santana)


São José cada vez mais vai se desenvolvendo em sua relação com o planalto através do comércio que iniciara na segunda metade do século XVIII se torna muito importante para uma continuidade da sua expansão comercial na região próxima a Desterro. Enquanto no Planalto era imprescindível o papel das tropas, em São José tinha-se a necessidade de expansão na exploração das terras, bem como o conhecimento do sertão (SIMAS, 2010). Segundo este autor, tal iniciativa de ligação com o planalto, e consequentemente com seu comércio, ia ao encontro do desenvolvimento econômico de São José, aproveitando o desbravamento de terras e abertura de caminhos que levava ao planalto para inventariar espécies e especificidades do terreno. Com a concretização da estrada, passando por São Pedro de Alcântara e Colônia Santana, São José passa a ser um entreposto estratégico. Neste contexto, GERLACH; MACHADO (1982) colocam que:



Tropeiros em Alfredo Wagner

São José era nesse tempo, com uma extensão territorial enorme, um dos Municípios mais populosos e ricos da Província de Santa Catarina. Sua produção dava para o gasto e exportava café, tapioca, açúcar, lenha em achas, farinha de mandioca, cachaça e algodão. A cultura do linho, muito grande no século anterior, já nesta época desapareceria por completo. A cidade dispunha de um porto marítimo apreciável, frequentado por grande número de embarcações de cruzes e outras de pequena capacidade. Uma estrada de cargueiros punha a região serrana em contato com litoral. O comércio progredira consideravelmente e os partidos políticos que disputavam o domínio dos mandatos tinham a chefiá-los os importadores e exportadores, proprietários das senzalas, onde se aglomeravam dezenas de pretos escravos. (GERLACH; MACHADO, 1982, p. 21)




Os tropeiros nas suas viagens do planalto ao litoral traziam variados alimentos como o charque, o queijo e o pinhão, além do gado e levavam para o planalto, aquilo que tinha sua produção reduzida ou pela sua inexistência própria (SIMAS, 2010). São José demonstrava neste período, forte influência no comércio catarinense. Os engenhos de mandioca, que produziam farinha até a altura da década de 1970, se localizavam em diferentes localidades, hoje bairros como Forquilhas, Picadas do Norte, Serraria e Barreiros, são indícios da importância desta produção na economia local (SILVA, 2006). Ainda segundo esta mesma autora, o algodão e o linho, este último utilizado para a confecção de tecidos, apetrechos de pesca como redes, tarrafas, espinhéis e cordas, eram cultivados em Barreiros, Sertão do Maruim, Picadas do Norte e Serraria. Neste sentido Farias (2001) completa ao afirma que:

A produção das pequenas propriedades e das maiores gerava um volume significativo de farinha, milho, feijão, açúcar, café, cachaça, vinho e frutas diversas que, somado ao peixe seco, abastecia o comércio de Desterro, do planalto catarinense e de outras partes do Brasil. Foi graças a este comércio que São José se tornou um grande centro sociocultural em meados do século XIX. Para fazer funcionar esta engrenagem socioeconômica de produção e prestação de serviços havia inúmeros profissionais autônomos: ferreiros, pedreiros, carpinteiros, seleiros, construtores de embarcações, oleiros, cartorários, artesãos, sapateiros, padeiros, classificados como artistas, os quais somados aos comerciantes, agricultores, militares, funcionários públicos, dinamizavam a economia local. (FARIAS, 2001, p. 124)


 Salto em Sao Pedro de Alcantara- Margeia o caminho das Tropas para Lages


Este comércio que se configurava de forma forte entre a região do planalto lageano e o litoral, foi importante para o povoamento da região, pois, concomitantemente com a consolidação dos caminhos das tropas, juntamente com a sua melhoria, decorrente da sua importância comercial, núcleos populacionais foram estabelecidos ao longo desse trajeto, atribuindo aí um processo de colonização, efetivado pela produção primária (CAMPOS, 2004). Entretanto, a produção primaria que se estabelecera nesse trajeto, dependeria muito do tipo de solo e de sua composição orgânica para poder realizar uma produção inicial de subsistência e poder até mesmo mais tarde comercializar com a região de Desterro. De acordo com Ferreira (1994) os solos encontrados ao longo desse trajeto propiciavam uma agricultura de subsistência e de baixa fertilidade nas áreas próximas ao leito do rio Maruim. Segundo a mesma autora:

[...] a sua utilização racional com emprego de praticas adequadas de conservação, é de fundamental importância a fim de impedir que esses solos se tornem futuramente inadequados ao uso agrícola. (FERREIRA, 1994, p. 36)





Com esses núcleos populacionais6 surgindo desde a colônia de São Pedro de Alcântara até a região de Desterro, a produção primária se torna fundamental para o abastecimento desta última, aumentando o desenvolvimento da região, que está localizada basicamente na bacia hidrográfica do rio Maruim7. Ainda nesse sentido, Ferreira (1994) chama atenção para o fato de que, ao longo da rodovia SC 407, que segue em grande parte o antigo trajeto que levava ao planalto lageano, ainda são encontradas edificações de grande porte em estilo germânico ou mesclado com a arquitetura luso-brasileira, as quais eram utilizadas como importantes entrepostos comerciais e hospedarias, sugerindo que existissem ali, atividades mercantis entre o litoral e o planalto. Segundo a mesma autora:



Secos e molhado dos Koerich-Sertao(hoje Bairro Colonia Santana) 

[...] o transporte era moroso, porém relativamente denso, à base de veículos à tração animal, como os carroções, ou a lombo de mulas, tropas, que transitaram praticamente, até a década de 1960. (FERREIRA, 1994. p. 104)

(6 Os bairros como o Centro, Santa Tereza, Boa Parada em São Pedro de Alcântara e Colônia Santana e Sertão do Maruim em São José, são algumas desses núcleos que se formaram ao longo do rio Maruim.

7 A bacia hidrográfica do rio Maruim faz parte da vertente hidrográfica do Atlântico, localiza-se entre as bacias hidrográficas do rio Tijucas (ao norte) e do rio Cubatão (ao sul). Drena a maior parte do município de São José, o extremo sul do município de Biguaçu, a porção Norte/Nordeste do município de Palhoça e a pequena parte Norte/Nordeste do município de Santo Amaro da Imperatriz. Ao norte faz divisa com o município de Antônio Carlos e a oeste com o de Angelina, totalizado numa área de 190,342 Km². (FERREIRA, 1994))



Bacia do rio Maruim

Macedo (2005, p. 118) completa afirmando que:

Em torno de 1929, a produção de alimentos era doméstica e apenas o que sobrava era vendido com o objetivo de conseguir dinheiro para comprar outros produtos que não eram produzidos ou não haviam na comunidade. Por exemplo, os pombeiros compravam meia dúzia de cabeças de repolho de um, outras cinco de outros, alguns quilos de tomate de um e outro, um porco aqui e outro ali, ovos e galinhas. Com alguma quantidade de produtos, tinham que vendê-los o mais rápido possível, pois as estradas eram precárias e não havia sistema de transporte como hoje. Os produtos chegavam no lombo de burros e cavalos com um cesto de cada lado, chamados bruacas. Com o dinheiro obtido através da venda do seu excedente, os produtores compravam tecido, trigo, açúcar refinado, que era raro, e querosene, o combustível utilizado para a iluminação, além de outros itens necessários para a família.

Com o passar dos anos o transporte de cargas e pessoas foi sendo melhorado. Já nas décadas de 1920 e 1930 o transporte era feito por carros que vinham de Angelina até Florianópolis para trazer passageiros que tinham interesses diversos, mais principalmente para compra de produtos comercializados na região próxima a Florianópolis.



Primeiros transportes motorizados de Angelina a Florianopolis

O desenvolvimento dessas pequenas vilas ao longo do rio Maruim se deu aos poucos. A Colônia Santana foi uma dessas vilas que se desenvolveu por causa dos pontos onde se dava a passagem dos tropeiros. Por mais que a morfologia do terreno não ajudasse nas construções de casas e por consequência de vilas, já existia uma pequena população morando na localidade. Segundo Silva (2001), essa ocupação remonta à década de 1930, quando a família Koerich8, descendentes de imigrantes alemães, se estabeleceu na localidade com seu comércio de secos e molhados, fazendas, e um depósito de estalagem aos tropeiros que por ali passavam vindos do planalto serrano. O comércio da família Koerich ganha força e variedade na sua produção. Macedo (2005), neta do Senhor Engelberto Koerich confirma esse crescimento argumentando que:

O tempo foi passando até que meu avô começou a abater cabeças de gado e suíno, que comprava aqui e ali, para levar ao Mercado Público em Florianópolis. Em torno de 1934, foi construído o abatedouro de gado, pois no começo os animais eram abatidos no campo, ao ar livre. Com a construção do abatedouro, na década de 40, o vô começa a produzir charque, aproveitando os subprodutos para fazer linguiças e mortadelas. A qualidade dos produtos fez crescer a demanda pelos produtos “Koerich” e a produção teve que aumentar. (MACEDO, 2005, p. 121)


Fabrica de Linguica e mortadela dos Koerich

(8 De acordo com Macedo (2005), a família Koerich já residia na vila do Sertão do Maruim (atual Colônia Santana) no inicio do século XX, década de 1910. O senhor Eugênio Raulino Koerich casou-se com a senhora Zita Koerich, e foi morar em Rancho de Tábuas, distrito de Angelina. Em 1929, voltaram para o Sertão do Maruim se estabelecendo como comerciante.)

O abatedouro de carnes chegou a ter 70 empregados e o comércio de carnes tornou-se a atividade mais importante da família Koerich9. Seus produtos se tornaram apreciados em toda a região. Nesse sentido, Campos (1983) afirma que o rápido crescimento demográfico de Florianópolis, aliada as melhorias ocorridas no sistema rodoviário pós década de 1970, principalmente com o asfaltamento da BR-101 e BR-470, ajuda aumentar o comércio dos derivados da carne tanto suína quanto bovina, facilitando o escoamento desses produtos nessas regiões10. Esse aumento da produção de carne e consequentemente sua comercialização na grande Florianópolis, ajudou não só a família a crescer e expandir seus produtos e serviço, como também, ajudou a dar inicio a uma vila, pois próximo a esse abatedouro existiam casas que eram disponibilizadas para os empregados residirem. Hoje ainda se encontra resquícios dessas moradias próximas à SC 407, mais conhecida como vila Macedo.



Vila Koerich-Colonia Santana-meados do secXX

(9 Em 1974, Walter e Antônio Koerich entram como sócios na frios Macedo Ltda. Onde mais tarde se transforma em Macedo Koerich Ltda. A Macedo Koerich é uma empresa que foi fundada por José Ferreira de Macedo e Ester de Souza Ferreira de Macedo. Ela começou em 1973 abatendo 300 frangos por dia e em 2004 abatia 101.000 frangos por dia, com tecnologia de ultima geração. (MACEDO, 2005)

10 Mesmo havendo pós década de 1970 um aumento na comercialização de carne na região da grande Florianópolis, nas décadas anteriores o consumo desses produtos era bem menor, pois a a população local, principalmente a açoriana, nunca se acostumou em consumir a carne suína e seus derivados, preferindo em contrapartida o pescado e a carne bovina (CAMPOS, 1983).)



Atualmente se encontra nessa localidade, o Museu da Família Koerich. Ele recebe visitantes de todas as partes e tem por finalidade mostrar a trajetória da Família Koerich, que hoje é considerada uma família tradicional na grande Florianópolis.

O comércio em meados do século XX era bastante intenso nessa região, mesmo com o trajeto alterado para a região do rio Cubatão em 1845, a produção primária continuava forte na bacia do rio Maruim. Sendo que o caminho antigo não fora abandonado de imediato pelos tropeiros. Com a diminuição das trocas de produtos devido àquela mudança, as localidades que se encontram ao longo do trajeto se tornam menos povoadas. Embora, mais tarde, por volta da década de 1980 e 1990 passem a ser mais procuradas para moradia, acarretando um adensamento populacional maior, próximo às margens do rio Maruim, se tornando mais tarde bairros do município de São José e São Pedro de Alcântara. Mais ou menos por esse período, o trajeto que passava pela Vila Koerich é praticamente abandonado, tendo em conta a criação e imediata pavimentação de um novo e curto trajeto, um pouco mais afastado do rio Maruim, passando por trás do terreno do Colégio Estadual Joaquim Santiago. Assim, naquele curto trajeto antigo, que margeava a Usina, a ocupação diminuiu consideravelmente. Existe hoje neste local, grandes terrenos vazios, usados como pasto, esperando uma futura ocupação.

Embora a ocupação do bairro Colônia Santana ocorra de forma mais perceptível no final do século XX, ela acontece efetivamente em meados do século, logo após a implantação do Hospital Colônia Santana e da Escola Estadual Joaquim Santiago, pelo Governo do estado, iniciando assim, o aprofundamento do povoamento na região. Tiveram mais influencia neste sentido na ocupação o hospital e a escola do que a Usina Hidrelétrica construída no inicio do século XX.



Hospital Colonia Santana


3.3 Usina, Hospital, Colégio Estadual: novos elementos na paisagem influindo no processo econômico e social

O bairro Colônia Santana, localizado no distrito sede do município de São José, distante 12 km do Centro Histórico, e 22 km de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina. Já no inicio do século XX, notam-se as primeiras transformações na paisagem local com a implantação da Usina Hidrelétrica no rio Maruim. Na época de suma importância para o desenvolvimento de São José e Florianópolis. A usina Hidrelétrica do Sertão do Maruim (Hoje Colonia Santana), localizada as margens do rio Maruim, foi inaugurada em 1910 pelo governo de Gustavo Richard11, mostrando que desde o inicio do século, o estado esteve presente na mudança da paisagem do lugar.

Para Silva (2000) “ela substituiu lampiões a gás e representou um salto de modernidade para Santa Catarina”, porém, não representou efetivamente um desenvolvimento local.

Durante quatro décadas foi a única fonte de energia para a capital, Florianópolis, e município de São José. Entretanto, essa comodidade de ter energia, só era válida para os lugares mais densamente ocupados como a região de Florianópolis e São José. Segundo Macedo (2005), os fios de luz passavam direto pelas propriedades próximas à usina e a sua distribuição não acontecia para as comunidades locais. De acordo com a mesma autora, só após a década de 1950 que a usina passaria a fornecer energia para as comunidades vizinhas.




Usina do Salto do Maruim-Colonia Santana

De fato uma obra como essa, implantada pelo Estado, altera a dinâmica da localidade. No entanto, essa alteração não aconteceu de forma perceptível na região próxima a usina. Isso porque, se deu mais preferência pela distribuição de energia apenas para Florianópolis e regiões próximas e concomitantemente na década de 1950, inaugura-se outras usinas hidrelétricas, e inclusive a Usina Termoelétrica Jorge Lacerda no sul do estado (SILVA, 2000).





De acordo com Oliveira (2010) a usina passará por uma revitalização que será realizada pela CELESC (Centrais elétricas de Santa Catarina), que investirá R$ 8 milhões para reativação da comporta, instalando novas turbinas e adaptando para um futuro centro de visitantes. Hoje a usina está sob os cuidados de um caseiro que faz a limpeza do quintal e cuida para que não aconteça invasões e depredações no local12. As edificações construídas, em sua maior parte pelos imigrantes alemães e seus descendentes entre os séculos XIX e início do século XX, possuem grande interesse arquitetônico. Tem como exemplo a Igreja matriz de São Pedro de Alcântara e Usina hidrelétrica de Santana como citado anteriormente, formando assim um acervo histórico da região. (FERREIRA, 1994) Incluir-se-ia também, o Museu da família Koerich (Colônia Santana) e a casa que abrigava o comércio da família Kretzer na localidade de Santa Filomena.

A necessidade de projetos de revitalização, através de restaurações de bens públicos ou privados que mostram a história de desenvolvimento de certo lugar, é de muita importância para a compreensão da formação do espaço no entorno dessas obras, pois é com esse tipo de valorização que o entendimento sobre a dinâmica de ocupação ou não dessas áreas, se torna imprescindível por parte do poder público projetos que visam buscar o resgate histórico geográfico destas localidades. Mas é a partir, de meados do século XX, com a implantação do Hospital Colônia Santana (HCS) que as transformações do lugar acontecem.



Pintiura a oleo de jaime Sandim

Não obstante, até a década de 1960 a economia da localidade de Santana se caracterizava como predominantemente rural. De acordo com os mapas de uso da terra de 1957, 1978 e 1989, elaborados por Ferreira (1994), a área próxima ao hospital Colônia Santana se caracterizava como área mais densamente ocupada e suas proximidades eram denominadas por áreas de pastagem com a criação de gado ou áreas de agricultura. De acordo com a análise feita pela autora através dos mapas de uso da terra, a área de agricultura na região do médio vale do rio Maruim decresceu entre os anos de 1957 e 1978.

O hospital Colônia Santana só foi implantado na década de 1940, fato este que contribui consideravelmente para a ocupação e mudança da atividade econômica da localidade. De acordo com Silva (2001) a instalação do hospital não foi aleatória e nem desinteressada, mas obedeceu a objetivos claros e definidos. Segundo a mesma autora, um desses objetivos relaciona-se ao assistencialismo13 do governo de Nereu de Oliveira Ramos14.

Pintura em oleo de Jaime Sandim (Antiga residencia familia Koerich)

Outro motivo trata-se do discurso da intelectualidade das primeiras décadas do século XX, que revelava um novo significado para a política de saúde pública no combate às endemias, nas campanhas de saneamento básico em igual medida, com tratamento e isolamento dos doentes. Várias intervenções na saúde foram realizadas nesse período para que pudesse ordenar o crescimento das cidades e das populações, isso visava a criação de uma nova imagem, atendendo aos interesses da classe dominante, os quais almejavam o afastamento da população pobre e inculta da cidade. De acordo com Costa (2010), por causa de várias mudanças econômicas e sociais que estavam ocorrendo no Brasil neste momento, se fazia necessário o uso de medidas de controle como a criação de um espaço que recolhesse das ruas aqueles que de uma forma ou de outra ameaçasse a ordem social. A localização que seria construído o hospital também é considerado um motivo que reforça a implantação na localidade de Colônia Santana, pois esta encontrava-se bastante isolado. Isso tudo, com a intenção de afastar ao máximo do espaço urbano, que se pretendia que fosse este, reordenado e reorganizado (SILVA, 2001). Tal concepção instituída até então na psiquiatria francesa, passou a fazer parte da filosofia brasileira na construção dos hospícios até meados do século XX. Borenstein (2004) afirma essa ideia colocando que:


Enfermeira do HCS

[...] hospitais colônias, distante das cidades e destinados a grandes hospícios, cuja finalidade era manter os internos agrupados, segregados, ‘trabalhando e produzindo, grande parte do que consumiam, para que o Estado tivesse o menor ônus possível com a manutenção destes doentes e dos respectivos hospitais (BORENSTEIN, 2004, p. 65).

O paciente quando internado precisava de um lugar afastado, tranquilo e calmo. Seu tratamento precisava ser feito por especialistas. Sobre a escolha do local para a implantação do Hospital Colônia Santana, Silva (2001) descreve que:

“[...] a sua característica eminentemente rural, permitindo assim a instalação de uma colônia agrícola, onde os próprios pacientes, através da praxiterapia, trabalhariam para suprir suas necessidades, diminuindo os gastos do Estado, e com uso de cura, serem devolvidos à sociedade, adequados ao trabalho.” (SILVA, 2001. p.28)



HCS

Embora para o Estado esse afastamento geográfico fosse defendido como importante para a cura dos pacientes e necessário para se ter uma sociedade na área urbana mais organizada e higiênica, a distância do hospital Colônia Santana ocasionou vários problemas para os familiares e enfermeiros que nele trabalhavam. Nesse sentido, Fontoura (1997) coloca que ascondições geográficas, o afastamento da cidade e o distanciamento dos familiares, ainda é questionado quando se discute a localização do HCS em São José. Mas a presença do hospital fez com que a comunidade, antes pequena, começasse a aumentar. Como o trajeto era dificultado por causa da estrada estar em más condições de uso, os próprios funcionários passaram a ganhar terrenos para a construção de suas casas.

De acordo com Silva (2001), dentro dos limites do Hospital, foram construídas residências paras as famílias do Diretor, médico auxiliar, administrador, pároco e as freiras da irmandade da divina providência15. Os funcionários, como vigilantes e serventes, recebem um abrigo como alojamento de funcionários residentes. Essa pratica de ceder terras por parte do estado por intermédio do Diretor do hospital fica evidente na história de povoamento da localidade Colônia Santana. Silva (2001) reforça essa ideia colocando:



residencia doada antigamente a funcionario

[…] é possível perceber a presença de uma prática clientelista, um certo jogo de compadrio, favorecimento que com o passar do tempo ia ficando mais resistente por se constituírem em práticas já moldadas na trama nacional, onde o diretor, investido de autoridade, cedia terrenos aos funcionários não havendo nenhum tipo de documentação que regularizasse a referida cessão de terras, conseguindo assim, uma maior vinculação do funcionário ao hospital, e para garantir a assiduidade do mesmo ao trabalho. (SILVA, 2001. p. 40)

Para Koerich (2008), a política da época fazia com que o trabalho no Hospital Colônia Santana fosse almejado pelos moradores locais, pois o salário, mesmo sendo baixo, possibilitava uma vida mais tranquila na localidade, pois o pagamento de contas públicas como alimentação, aluguel,energia, entre outros era feita pelo estado16. Embora, inicialmente essas propriedades fossem para um auxilio ao funcionário de forma a compensar a longa distancia das outras localidades, isso se tornará mais tarde, com o desenvolvimento de Florianópolis e região, concomitantemente com o município de São Pedro de Alcântara, uma localidade mais densamente ocupada, tendo sua ocupação mais efetiva, próxima ao hospital e a rodovia SC 407.



Escola de Educação Básica Professor Joaquim Santiago

Por sua vez, a Escola de Educação Básica Professor Joaquim Santiago17 começou a funcionar na localidade de Colônia Santana na década de 1960. Na época, a implantação de uma escola pública em um local afastado do centro de São José, parecia um pouco precipitado por parte do governo, no entanto, esse tipo de obra mostra como o interesse do governo naquela localidade já aparecia de forma direta, pois com a implantação do hospital Colônia Santana, três décadas antes, a localidade passou a ter mais habitantes, logo, a distancia que o lugar tinha para o centro, dificultava muito o acesso para as crianças se deslocarem até a escola.




Com a Escola Estadual Joaquim Santiago implantada na localidade, muitos estudantes de outras localidades como Pagará e Mariquita, começaram a frequentá-la, pois o trajeto diminuíra bastante, se comparado às instituições de ensino na região central de São José. Por ocupar uma área de considerável tamanho, a escola também passa a ser um local com moradias próximas, apresentando um novo espaço de adensamento populacional. Uma obra como esta denota certa demanda de tráfego, aumentando consideravelmente a importância de morar próximo por apresentar característica de um possível crescimento econômico e valorização da terra.

posto de saúde

Obras como usinas, hospitais, escolas, postos de saúde, duplicação de estradas, entre outras, mostra como o Estado, em qualquer instância, está presente no desenvolvimento regional, independente da escala, sendo de um bairro, município ou regiões metropolitanas. Nesse contexto, Corrêa (1989) coloca que com a implantação de uma obra de interesse direto do Estado, por exemplo, de uma refinaria de petróleo, o espaço geográfico passa a ser reorganizado, ao mesmo tempo em que interfere indiretamente na natureza do desenvolvimento da região, aumentando o uso das terras nas áreas próximas dessas construções.
A complexidade das relações que transforma a paisagem local é considerada pela geografia como sendo um passo muito importante para o entendimento da construção do espaço atual.

Conforme Santos (2008):

[...] o espaço constitui uma realidade objetiva, um produto social em permanente processo de transformação. O espaço impõe sua própria realidade; por isso a sociedade não pode operar fora dele. Consequentemente, para estudar o espaço, cumpre a apreender sua relação com a sociedade, pois é esta que dita a compreensão dos efeitos dos processos. (SANTOS, 2008, p. 67)

O bairro é o lugar em que fica mais evidente essas transformações sócio espaciais. Nelas, as características próprias de um bairro afloram de forma que se torna inconfundível aos moradores locais e aos conceitos básicos da população. De acordo com Jesus (2006):

[...] o bairro não pode ser visto como uma unidade territorial rígida, definida politica e administrativamente e com caráter físico-material delimitado a partir de estratégias governamentais ou de planejadores urbanos. Conceber o bairro desta forma seria aceita-lo como espaço abstrato (geométrico, vazio, ideal) e nega-lo como espaço de potencialização do sentimento coletivo (que legitima a vida de bairro) enquanto espaço de realização do vivido. (JESUS, 2006, p. 11)

As transformações e evolução sócio espaciais de bairros nos municípios de Santa Catarina são de grande riqueza no que se refere às características culturais de cada localidade. O estudo dessas relações é de extrema importância para o entendimento dos processos de ocupação e uso do solo, as quais podem auxiliar no entendimento da dinâmica da sociedade que muda a todo instante de forma diferente, levando em consideração os atores da construção do espaço urbano da sociedade como um todo.


3.4 Migração, urbanização, ampliação do comércio, evidenciam as transformações pós anos 1980

A dinâmica que se insere o município de São José hoje, fazendo parte da área conurbada de Florianópolis, mostra que o município não se caracteriza mais como uma “cidade dormitório” e sim como município com atividades próprias e totalmente independente dos municípios vizinhos de Biguaçu, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e mesmo Florianópolis. Segundo o Censo Demográfico do IBGE de 1940 a 2000, a ocupação do território brasileiro vem se tornando cada vez mais urbanizado, e consequentemente a sua população se tornando mais urbana. Na década de 1940 a população correspondia a um total de 12,8 milhões de habitantes morando nas cidades, chegando no final do século XX a 137,7 milhões.

Esse processo de urbanização ocorre em toda grande Florianópolis, principalmente a partir de meados do século XX, conforme coloca Silva (2006):

Como reflexo da conjuntura política e econômica no país, a paisagem urbana da Grande Florianópolis também sofreria alterações irreversíveis nas décadas de 70 e 80. A execução do aterro da Baía Sul e de parte da via de contorno norte, que liga o centro da cidade à Universidade Federal, foram as principais obras do período, bem como as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo, de ligação entre a ilha e o continente. Até então a passagem era feita somente pela ponte Hercílio Luz. (SILVA, 2006. pg. 72)



Em São José essa mudança do rural para urbano não foi diferente. A migração, a industrialização e a ampliação do comercio alavancaram o aumento populacional dando uma nova cara para um município que até meados do século XX era considerado como sendo de característica rural. Todas as áreas que antes dominavam a produção agrícola em São José, no modo tradicional da produção açoriana, se voltaram para o novo modo de produção destinado ao grande mercado consumidor de alimentos. Uma parte delas acaba se tornando pastagens sem se caracterizar como uma economia rural marcante18.
A migração entre os municípios vizinhos da região da grande Florianópolis também contribuiu para o aumento populacional em São José. Neste sentido Ferreira (1994) completa:

Atualmente, a bacia do Maruim é palco de fixação de migrantes provenientes de várias áreas do estado, de estados vizinhos e, mesmo das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e até mesmo do exterior. […] parte da população veio do crescimento de Florianópolis, que passou a contribuir com a imigração19 da população economicamente menos favorecida, se instalando nas cidades periféricas. (FERREIRA, 1994. p. 79)

A construção da BR 101 e de outras ligações com o planalto e oeste catarinense e as campanhas e divulgação de Florianópolis como destino turístico fizeram com que aumentasse de forma considerável a procura por imóveis nas áreas próximas à capital de Santa Catarina. De acordo com Farias (2001) o aumento da população josefense foi espantoso. Em 1960 eram 31.192 habitantes, em 1970 somavam 42.235, em 1980 o número pulou para 87.818, passando em 1998 para 152.73420. Hoje supera os 200 mil. Todo esse movimento de pessoas entre cidades próximas e bairros vizinhos contribuiu para o aumento da população na bacia do rio Maruim. Esse povoamento mais adensado se deu nas proximidades da BR 101, pois nesta região, conhecida como setor de baixo vale21, se encontram bairros como Sertão do Maruim, Potécas, Forquilhinhas, fazendo Santo Antonio e Ponte do Maruim.

O bairro Colônia Santana, que está localizado no setor de médio vale22 recebeu muitos habitantes logo após a implantação do Hospital Colônia Santana na década de 1940. No entanto, esse aumento foi diminuindo nas últimas décadas do século XX, por causa da migração para as áreas mais urbanizadas, próximas de Florianópolis e região. De acordo com o censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2000 a população do bairro Colônia Santana era de aproximadamente 3.400 pessoas e no último censo realizado no ano de 2010, a população aumentou apenas 3% chegando a 3.500 pessoas aproximadamente.



Primeira Igreja construida em 1920

Contudo, o bairro continuou se desenvolvendo próximo a SC 407 e nas proximidades do HCS e da Igreja Santana. Esta ultima, inaugurada na década de 1920 pela família Koerich ajudando mais tarde a dar o nome ao bairro.

A construção da igreja mobilizou várias pessoas da comunidade. Cada um ajudava da forma que dava, e aos poucos a igreja passou a funcionar e celebrar missas na colônia, realizando festas na localidade com data específica todo ano. Conforme coloca Sandim (2006, p. 29):



2014

"A capela de Sant’Ana foi construída numa área de terra doada pelo Sr. Engelberto Koerich, que também prestou significativa cooperação financeira para a realização da obra. Os moradores do lugar também deram sua modesta colaboração, fazendo-se presentes na comemoração do assentamento da primeira pedra. Uma decisão interessante foi adotada para que todos pudessem livremente fazer a sua opção, em termos de auxilio financeiro: colocaram sobre a pedra fundamental da obra três martelos feitos de madeira, um dourado, um prateado e um preto. Quem batesse com o martelo dourado, chamado martelo de ouro, pagaria 50$000 (cinquenta mil réis). Quem escolhesse o martelo de prata pagaria 30$000 (trinta mil réis) e quem optasse pelo martelo chamado martelo de ferro pagaria 5$000 (cindo mil réis). De um lugar tão pequeno e de uma comunidade pobre, não se poderia esperar uma boa arrecadação, mas, apesar de tudo, a ideia foi 
válida."


  

Vista Colonia Santana do morro da Pedra branca



Com o tempo, a população começou a residir próximo à Igreja, acarretando um adensamento maior nas suas proximidades. Um dos aspectos apontado por Correa (2003) sobre a área central é referente o uso intensivo do solo onde existe uma maior concentração de atividades econômicas, sobretudo no setor terciário, onde são encontrados nestes locais, o maior preço da terra, justificando a intensidade no uso do solo. Estas colocações são mais bem detalhadas e visualizadas em cidades grandes com uma maior densidade urbana, entretanto as suas características não terão grandes mudanças quando relacionas a centros de bairros pequenos, dos quais a dinâmica de expansão ao seu entorno se caracteriza por crescimento do bairro a partir da sua área central.



No caso da Colônia Santana, essa urbanização está evidenciada. A quantidade de construções e moradias ao longo da rodovia SC 407 que corta o bairro e nas proximidades do Hospital Colônia Santana e a Igreja Matriz, mostra como o bairro se urbaniza de forma parecida as grandes cidades, partindo do centro para as áreas ao entorno do bairro. Para Correa (2000) a organização espacial é condição de reprodução, sendo que a concentração de atividades localizadas em um determinado ponto do território condiciona o aumento do capital para o comércio da região ao entorno desses pontos de concentração. Nota-se que os estabelecimentos comerciais do bairro Colônia Santana, são na sua grande maioria, de pessoas da região que possuem as moradias de melhor qualidade.



 Vista da rua de tras do HCS

Outro ponto de grande aglomeração no bairro é no local conhecido por “Atrás da Colônia”. Esta parte do bairro possui o maior mercado e uma ocupação recente que vem crescendo muito, principalmente nas duas ultimas décadas. Por fazer parte de uma área cujas terras ainda pertencem ao Estado, a comunidade aos poucos foi se apossando e hoje já existe uma pequena vila dentro do próprio bairro Colônia Santana. Assim, a configuração do espaço e da paisagem do bairro Colônia Santana se mostra muito dinâmica, cuja concentração de moradias acontece em setores do bairro bastante distintos. No entanto, a ligação de uma área com outra fica dificultada pela presença do rio Maruim, da morfologia da região e da separação que ocorre entre as comunidades locais, esta última ocasionada pela chegada anteriormente das pessoas que trabalharam ou trabalham no hospital Colônia Santana e que conseguiram um terreno maior e próximo ao Hospital Colônia Santana. Por isso, as pessoas que migraram posteriormente para o bairro, ocupam lugares um pouco mais distantes do HCS e da Igreja Matriz.


4. A LOCALIDADE DE COLÔNIA SANTANA NA ATUALIDADE

4.1 Aspectos da economia, sociedade e cultura atual



O bairro Colônia Santana, apesar de pequeno, já possui certa independência em relação a outros que tem um adensamento populacional maior e por consequência disto, um maior centro comercial e áreas de serviços disponíveis em suas localidades. O Bairro possui características próprias de sua população e seu desenvolvimento ao longo de seu território se caracteriza de forma única. Jesus (2006) coloca que cada bairro é o resultado da vida pratica daqueles que nele habitam como fruto do movimento dos elementos concretos associados aos contextos prático sociais, provenientes das atividades culturais, religiosas e econômicas. As diferentes áreas que fazem parte da paisagem do bairro Colônia Santana estão distribuídas basicamente ao longo da rodovia SC 407, que passa à frente Hospital Colônia Santana e da Igreja Matriz, mas hà também outros, como ao longo do trajeto que segue por trás do HCS, bem como mais afastados na direção oeste, caso de Mariquita de Dentro e Mariquita de Fora, conforme visto na figura 1. A tabela a seguir evidencia diferentes elementos constituidores da formação e dinâmica sócio-espacial do bairro Colônia Santana e definidores e/ou influenciadores de seu processo de transformação da localidade.
 

Tabela 1: Elementos constituidores da formação e dinâmica sócio-espacial do bairro Colônia Santana


1 - Instituto de Psiquiatria Colônia Santana (IPQCS)




Fundado em 1941, o Hospital Colônia Santana junto com o Hospital de Santa Tereza em São Pedro de Alcântara, foram os primeiros hospitais a cuidarem da saúde mental e dos pacientes portadores de lepra no estado de Santa Catarina respectivamente, sendo o primeiro, o principal responsável pela ocupação do bairro Colônia Santana em meados do século XX.

2 - Igreja Matriz Santana


Localizada próximo ao HCS, a Igreja Matriz foi fundada pela Família Koerich e hoje é palco das tradicionais festas do bairro.

3 - Área detrás do Hospital




Comunidade de ocupação recente no bairro, se caracteriza por ter moradias próximas umas das outras e com terrenos menores se comparados aos terrenos próximo ao hospital.


4 - Usina hidrelétrica




Primeira Usina Hidrelétrica do Estado de Santa Catarina, fundada em 1910, surgiu como uma solução para a falta de energia na região de Florianópolis e localidades próximas. Hoje ela está sem uso e aguardando uma possível restauração para receber visitantes.

5 - Vila Koerich




Local onde a Família Koerich iniciou sua trajetória. Os Koerich iniciaram com um pequeno comércio de secos e molhados e hoje possuem uma rede diversificada de produtos e serviços na região da grande Florianópolis.

6 - Frigorífico Tyson (Macedo)




Localizado bem na divisa do bairro Colônia Santana com o bairro Sertão do Maruim, a Macedo iniciou suas atividades em 13 de julho de 1973, sob o nome de Frios Macedo Ltda. Hoje a empresa faz parte do grupo Tyson Foods.

7 - Morro da Caixa




Conhecida como morro da caixa por causa de um Reservatório de tratamento de água da Casan, a comunidade está localizada no morro e é umas das poucas que se encontram no bairro em um terreno com elevação superior a 100m.

8 - E.E.B. Professor Joaquim Santiago




Escola que foi implantada para dar a iniciação básica para os moradores do Salto do Maruim, se tornou hoje uma escola de Ensino Médio atendendo populações não só da localidade, mas também das localidades vizinhas.

9 - Mariquita de Fora




Localizada próxima a Mariquita de Dentro, a comunidade de Mariquita de Fora possui um maior adensamento e uma característica mais urbana. Suas moradias são de padrões melhores e os terrenos são maiores.

10 - Mariquita de Dentro




Comunidade com características rurais. É o local que se encontra o menor número de habitantes por metro quadrado do bairro. A rua principal ainda é de chão batido.


11 – Cemitério




Localizado no “morro do aipim”, o cemitério é usado tanto pela comunidade quanto pelo hospital, que faz o enterro dos pacientes que não possuem familiares.


12 - Campo de Futebol




Destinado a jogos de futebol, o campo também serve para comunidade fazer exercícios, como caminhada e corrida


A distribuição do comércio no bairro Colônia Santana se dá de uma forma ampla, abrangendo tipos variados de produtos, e serviços que servem para a necessidade imediata dos moradores locais. É composto por mercados, armazéns, farmácia, loja de matérias de construção, fábricas de móveis, lojas de vestuário, agropecuária, feira de verduras, bares e lanchonetes, lojas automotivas, lojas para conserto e venda de motos, posto de gasolina, padarias, locadora de vídeos, restaurante, entre outros. Devido à sua diversidade, o comércio local serve não apenas para suprir as necessidades da comunidade, mas também para as localidades próximas como Sertão do Maruim, Pagará Grande e do município vizinho de São Pedro de Alcântara.












  
Tendo origem em diferentes etnias, como diferentes no bairro, alemã, açoriana e negra, a cultura atual se destaca como sendo preservada na sua grande maioria. O terno de Reis23 realizado no inicio do ano, acontece de forma marcante nas casas do bairro, principalmente na localidade de Pagará, vizinha a Santana. Teve grande importância cultural no passado, como evidenciado por Sandim (2006, p.33):

[...] Costumavam também cantar o Terno de Reis, o que faziam todos os anos após o Natal. Em cada casa, pediam uma esmola depois dos cumprimentos e, para encerrar, entoavam um verso agradecendo a oferta. Nesse mister, permaneciam, muitas vezes, noites inteiras, principalmente na noite de véspera do dia 6 de Janeiro, dia dos Reis Magos. O dinheiro que arrecadavam servia para ajudar o custeio das famílias visto tratar-se de pessoas muito pobres.

Por outro lado, a festa de Santana e a do Cristo Rei são as festas mais tradicionais do bairro, sendo que a primeira é a mais festejada. De acordo com Sandim (2006), após a inauguração da Capela de Sant’Ana no inicio do século XX, a comunidade do sertão ganhou mais uma festa. Nela havia bailes com orquestras de Florianópolis que eram realizadas nos salões da residência do Sr. Engelberto Koerich. A festa ocorria com muita animação em decorrência de pessoas que ali compareciam as quais eram procedentes de municípios adjacentes.

Na festa de Santana, a família Koerich sempre está presente, ajudando e participando da mesma. De acordo com o Padre Neri Hoffmann24 a família Koerich nunca esqueceu das suas origens e tem prazer de participar da festa, patrocinando e ajudando na organização das festividades.

A festa de Santana é caracterizada por um momento religioso onde a comunidade se reúne para festejar. Essa confraternização acontece desde quando a capela foi inaugurada, conforme coloca Sandim (2006, p. 29);




"No dia de Sant’Ana, entre 9 e 10 horas da manhã, o padre celebrava a Santa Missa, momento em que a capela, maravilhosamente ornamentada, ficava lotada de fiéis. Depois a festa continuava com o memorável baile. A boa e variada comida nunca faltava para aqueles que pretendiam fazer uma refeição completa,caprichosamente preparada e bem servida, tudo num ambiente atraente, alegre e aconchegante. Os salões permaneciam cheios até a madrugada do dia 27." Entrevista realizada com o Padre Neri Hoffmann na Secretaria da Paróquia Santana em 24 maio de 2012.

Em meados do século XX, segundo o Padre Neri, a igreja de Santana era a única igreja das proximidades, e as missas eram realizadas na região pelo padre que saía da igreja de Santana para realizar missas, em São José, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz. Em vista disso, as pessoas mais antigas destas localidades, sempre comparecem à festa de Santana, contribuindo no aumento da renda e ajudando a manter a festa como uma tradição do bairro.

Mesmo com o aumento da população na ultima década e com novas culturas vindo com essas pessoas, a cultura local ainda é bastante presente e sem muita mudança. De acordo com o morador e Vereador Moacir da Silva25, os novos moradores se incorporaram à cultura existente do local ou não acabaram expressando bem a sua cultura de origem. Segundo afirma, na localidade de Santana, chegou a existir um cinema26 que na época era levado ao local por um frei e que só tinha na Colônia Santana e na região Central de São José27. Quando se fala do campo religioso, a abertura de novas igrejas e religiões aconteceu normalmente, sendo que a igreja católica ainda é a mais frequentada pela grande maioria da população do bairro. 

Para Moacir da Silva, a igreja católica realiza um trabalho social muito importante no bairro, com grupos jovens, grupo de idosos, apostolados da oração, grupos bíblicos, entre outros ajudando no desenvolvimento social e profissional na vida dos moradores da comunidade.
(25 Entrevista concedida pelo Vereador Moacir da Silva no gabinete da Câmara municipal de São José em 24 de maio 2012.   
26 De acordo com Sandim (2006), havia indivíduos que percorriam as localidades do interior dos municípios levando para as pessoas simples, algo sempre curioso. Eles alugavam salas ou galpões e realizavam ali sessões como truques e contorcionismos.

27 Para o referido vereador, o cinema acabou porque veio em um pacote pronto, não nascendo da necessidade das pessoas e por isso a desvalorização do cinema acabou sendo maior.)


4.2 Diferenciação e problemática social interbairros

As diferenças entre os bairros de São José são bastante perceptíveis, quando se trata de infraestrutura, principalmente na malha viária. Alguns bairros são mais privilegiados do que outros. Isso se dá por causa da necessidade de cada bairro, da urgência de cada localidade nas suas necessidades primárias, mas muitas vezes, por meras decisões políticas ligadas a interesses dos mais diversos. Isso veio favorecer ao projeto de revisão do plano diretor atual, com o intuito de dar uma finalidade melhor para cada bairro e região do município de São José.
O projeto de revisão do plano diretor de São José de 2004, e que ainda não foi aprovado, tem como base os princípios estabelecidos no estatuto da Cidade28. Esse projeto foi resultado de um processo participativo, onde toda a população teve a oportunidade de colocar todos os seus problemas e assim definir os principais eixos estratégicos de intervenção para o lançamento das diretrizes do plano diretor.

Entre os seus vários objetivos definidos para construir uma São José cada vez melhor, encontra-se a divisão territorial, mais conhecida como zoneamento. Este consiste na divisão do território em macrozonas, que se caracterizam como zonas e áreas especiais de interesse, nas quais se estabelecem as diretrizes para o uso e a ocupação do solo. Estas macrozonas servem como referencial mais detalhado para definir as áreas de interesse de uso onde se pretende incentivar, coibir ou qualificar a ocupação. O bairro Colônia Santana está localizado em uma dessas macrozonas e de acordo com projeto de revisão do plano diretor, ele faz parte das áreas de Preservação de Mananciais29 (APM).


Tabela 2: Zona em que se encontra o bairro Colônia Santana e seus objetivos conforme revisão do plano diretor de 2004


Zona:
Zona Rururbana da Colônia Santana

Definição:
Um núcleo de povoação bem definido que preserva suas origens rurais, mas desenvolve atividades próprias dos núcleos urbanos com problemas de regularização fundiária e carência de infraestrutura e de equipamentos urbanos.

Objetivos:
Garantir a manutenção da ocupação de baixa e média densidade; implementar programas de regularização fundiária; promover a manutenção da qualidade ambiental;

https://www.youtube.com/watch?v=f7arLz5YBUo#t=69 (plano diretor de sao jose)

Fonte: Projeto de revisão do Plano Diretor 2004.

A Macrozona Urbana II tem como definição áreas com ocupação rarefeita, uso residencial predominante, infraestrutura deficiente, malha urbana irregular, grande quantidade de vazios urbanos e localização distante das áreas centrais30. No bairro Colônia Santana essas deficiências ficam bastante evidentes, e o interesse de melhorar a infraestrutura do bairro parte do governo municipal, no entanto, como especifica o Vereador Moacir da Silva, as terras da Colônia Santana são na sua grande maioria do governo estadual, dificultando os investimentos na localidade. Embora esse seja um dos entraves para se investir em melhorias, o município de São José, aos poucos vai conseguindo melhorar a infraestrutura local. A construção de uma ponte de concreto para interligar duas comunidades dentro do bairro, oasfaltamento da via principal do bairro, a reforma do posto de saúde, a escola profissional e a implantação da Escola municipal aparecem como obras para melhorar o dia a dia da população local.




Entretanto, o quesito relacionado ao saneamento básico é bastante carente no bairro. Não é encontrado uma rede de tratamento de esgoto e os moradores que não tem condições de ter uma fossa séptica acabam jogando o seu esgoto no rio Maruim. Uma das situações que mais incomoda a comunidade é referente às enchentes. De acordo com alguns moradores31 quando ocorre enchente, vários estabelecimentos comerciais são prejudicados, principalmente aqueles que ficam próximo à beira do rio. Um morador relata que com um metro de altura, a água impossibilita a entrada para seu estabelecimento comercial, fazendo com que fique sem trabalhar durante esses dias. É de evidenciar o conhecimento da comunidade local sobre os seus direitos perante ao poder público. Manifestações realizadas à época que ainda não era asfaltada e duplicada a rodovia SC407 aconteceram de forma bastante forte, chegando a ser fechada a rodovia algumas vezes para chamar a atenção do poder público para essa necessidade que é fundamental para o desenvolvimento do bairro. Esta reinvidicação por parte dos moradores já acontece a mais de duas décadas e coincidentemente a duplicação ocorre ao mesmo tempo em que um Shopping está sendo construído no inicio da rodovia e lotes de valores elevados sendo vendidos no bairro Sertão do Maruim.

A falta no pagamento de impostos dificulta a implantação de serviços essenciais na localidade32. A melhora no atendimento de segurança pública, investimentos no saneamento básico, entre outros, se tornam difíceis a sua realização, pois com o pagamento de impostos o município conseguiria implantar mais serviço atendendo de forma mais abrangente as necessidades da comunidade. Entretanto, o bairro Colônia Santana continua a se desenvolver estando sempre em um crescente desenvolvimento econômico e social, tendo a participação dos moradores e a participação discreta do estado.


4.3 Deficiências e/ou possibilidades de crescimento futuro

Um dos grandes aspectos da paisagem do bairro Colônia Santana é a sua localização em meio a morros que a rodeiam na grande parte de sua extensão territorial. Ferreira (1994) coloca que, a área da vila Santana, na sua grande maioria tem característica de acumulação coluvial33 e um relevo forte ondulado e montanhoso. Por esse motivo, a sua expansão não se torna favorável para condomínios e casas de conjuntos populares. No entanto, se percebe ao longo do rio Maruim e nos altos dos morros ocupações desordenada por parte de moradores que tem baixa renda e que vão a procura de terrenos baratos e de tamanhos pequenos para construir suas moradias. Entretanto, próximo a subida dos morros, perto da rodovia SC 407, o padrão das casas já muda, pois a população residente dessas áreas possuem uma renda melhor, dos quais na sua grande maioria são ou foram funcionários do hospital Colônia Santana e acabaram ocupando essas áreas próximas ao mesmo.



Colonia santana


O fato de o bairro Colônia Santana estar localizado a 10 quilômetros da BR101 não o deixa de ser considerado um bairro da periferia urbana que cada vez mais recebe habitantes. Segundo Corrêa (1986) o preço da terra em área periurbana é influenciado pela expectativa da demanda para fins posterior de urbanização, deixando-a esterilizada e em pousio social pelos proprietários a espera de uma futura ocupação e urbanização da localidade34. O município de São José nas ultimas décadas,passa por uma transformação na sua paisagem. Os lugares que antes eram considerados rurais e sem uso, começam a ser ocupados densamente por pessoas que vem de fora a procura de trabalho e pela expansão urbana no município nestas áreas. Simas (2010) coloca que a partir desta evolução as áreas periféricas destinadas a empreendimentos urbanos passam a ter uma valorização considerável levando a diminuição das áreas de agricultura. Uma das atividades decadentes no bairro Colônia Santana é a bovinocultura mista, que acaba sendo apenas uma geração de renda complementar para os caseiros e pequenos proprietários da região. (SIMAS, 2010)

Essa diminuição nas atividades rurais como a agricultura e a pecuária no bairro Colônia Santana, mostra como a importância de usar o terreno para produzir alimentos vem decrescendo ao longo dos últimos anos. A expansão urbana, não apenas no próprio bairro, mas também nos bairros vizinhos, está alterando a forma de usar a terra nessas localidades mudando consideravelmente sua paisagem. O crescimento urbano no bairro Colônia Santana já é evidenciado e com a duplicação da rodovia SC 407, este crescimento só tende a aumentar para as áreas até então rurais e de uso basicamente para agricultura e pecuária. A pavimentação asfáltica da via que liga o centro da Colônia Santana com o Pagará, tende a aumentar ainda mais a ocupação na direção de trás do HCS.

4.4 Duplicação da Rodovia SC-407 provoca novas transformações na região



De acordo com o estudo intitulado “Leitura da Cidade” que também faz parte do projeto de revisão do plano diretor de São José, os bairros Sertão do Maruim e Colônia Santana, entre outros, sofrem uma segregação por causa da malha viária, pois se encontram distantes e desconectados dos bairros mais próximos, dificultando o acesso da população às áreas de interesses comuns como as áreas centrais de Florianópolis eSão José. Isso foi uma característica do município de São José até meados do século XX. São José até então era considerada uma cidade jovem no processo de urbanização por conta de seu território ter predomínio rural. Passa a partir da década de 1960, a receber indústrias às margens da BR-101 dando uma nova característica ao município, aumentando a oferta de emprego e por consequência o aumento da migração. A procura por moradias passa a ser uma resposta dessa urbanização desordenada ao longo de seu território.

Sua função na região da grande Florianópolis muda de município tipicamente rural até então, para ser conhecida como centro industrial daquela região. Nas três ultimas décadas o processo de conurbação na grande Florianópolis é intensificado e a expansão urbana sem planejamento nos municípios vizinhos como Palhoça, Biguaçu e São José, aumenta consideravelmente, principalmente neste último que faz fronteira direta com Florianópolis. Conforme aponta o estudo Leitura da Cidade, o rápido e desordenado crescimento urbano acarretou problemas na organização espacial e na infraestrura destes municípios.
De acordo com o mesmo estudo, por vários anos o espaço da região conurbada assumiu o papel de periferia da expansão urbana de Florianópolis com características de baixas densidades, altas taxas de crescimento demográfico e concentração das populações de baixa renda. As rodovias estaduais servem de ligação entre as áreas centrais dos municípios e as áreas mais distantes dos mesmos. Por anos, essas rodovias tinham apenas interesses de facilitar o acesso dos bairros mais distantes às regiões centrais de cada município.


sc 407

A rodovia SC 407 é uma exemplo do descaso que o estado teve com os moradores das localidades em regiões bastante distantes da área central de São José. Houve por muito tempo segregação de certas localidades, como o atual município de São Pedro de Alcântara, os bairros Colônia Santana e Sertão do Maruim, com o resto do município de São José. Entretanto, a duplicação da SC 407 pode vir a mostrar que essa segregaçãopode ser diminuída, fazendo com que os bairros Colônia Santana e Sertão do Maruim se integrem ao sistema viário da região de forma a melhorar a locomoção dos moradores locais.

Embora, isto aumente o fluxo de veículos e pessoas naquela região, existe uma possibilidade grande de aumento na construção de moradias próximas à rodovia duplicada. É de se considerar que a paisagem mudará significativamente no bairro Sertão do Maruim. Muito da sua área consiste de grandes pastos e de locais pouco utilizados para moradia próxima a rodovia SC 407. Essa alteração na paisagem ocasionada por conta da "duplicação" da rodovia é demonstrada de forma direta como o poder público age na formação do espaço geográfico. Correa (2003) coloca que é a partir da implantação de serviços públicos, como sistema viário, calçamento, água, esgoto, iluminação, que o estado aparece de modo mais corrente.


duplicada somente nos primeiros 2 km

Todo esse tipo de obra influenciado pelos formadores do espaço urbano36 traz uma nova formação para as localidades que antes eram pouco povoadas e passam a ter uma migração por causa das facilidades que passam a se instalar posteriormente à implantação de grandes obras. Como é o caso da duplicação da rodovia SC 407 até o Sertão do Maruim e o asfaltamento da mesma rodovia que vai desde o bairro Colônia Santana até o município de São Pedro de Alcântara.
Neste sentido Nunes (2008) enfatiza mostrando que:

O arranjo espacial das atividades econômicas, ao longo do perímetro da rodovia, motivado pelos fluxos de investimentos, tornou-se o principal incentivo às migrações internas, sobretudo do campo para a cidade. O surgimento de oportunidades de empregos, aliado às expectativas de diferenciais de rendas entre regiões, representam elementos fundamentais na decisão de migrar. Alémdisso, os diferenciais de gastos dispensados com serviços públicos também influenciam nos fluxos migratórios. Uma vez iniciado o crescimento demográfico, acompanhado pelo crescimento das atividades econômicas, tem-se uma pressão, cada vez maior, sobre a oferta de serviços públicos, de assistência social e de apoio à produção que são ampliadas e neutralizadas pela dinâmica do processo de migração, em um movimento cíclico. (NUNES, 2008. p. 10)

O aparecimento de lotes e o aumento de moradias nas proximidades da SC 407 se tornam inevitável. Grandes imobiliárias veem com bons olhos essa duplicação da Rodovia SC 407. Tanto é, que nesse local já tem lotes a venda e com boa valorização de mercado. Ao mesmo tempo, está em construção o maior Shopping do estado de Santa Catarina as margens da BR 101 que dará uma maior visibilidade e aumento no preço da terra aos bairros mais próximos desta obra. O bairro Sertão do Maruim já vive esse momento de expansão urbana. Na localidade, já existe vários condomínios financiados pelo programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. O bairro Colônia Santana, terá uma valorização menor se considerado ao seu bairro vizinho Sertão do Maruim.



 sc 407-Colonia Santana


O fato de o bairro estar localizado em uma região de pouca planície e com uma morfologia pouco apropriada para a construção de residências leva a entender que as transformações no espaço na localidade de Santana por conta da duplicação da rodovia SC 407 devam aparecer não de imediato e sim aos poucos, como vem acontecendo ao longo do processo de urbanização que o próprio bairro vem sofrendo desde a implantação do Hospital Colônia Santana até os dias atuais.

Começam as obras do Contorno viario da BR 101

Depois de longos 15 anos de espera, de pressão política e popular, finalmente o projeto do contorno viário da Grande Florianópolis saiu do papel ou, pelo menos, parte dele. As obras no trecho intermediário, que cruza o bairro Colônia Santana, em São José comecaram. Obra esta que valorizara as terras  do entorno, e possivelmente atraira mais empresas para a regiao.



Este empreendimento pertence ao Programa de Exploração de Rodovias, Ampliação 
da Capacidade, da Concessão das Rodovias Federais definido pela ANTT, cuja 
Concessionária é a AUTOPISTA LITORAL SUL para a BR 116/PR – BR-376/PR – 
BR/SC, trecho Curitiba – Florianópolis, que efetivamente vai até Palhoça, totalizando 
382,3 km de extensão, compreendendo o referido Contorno. 

O Contrato de Concessão assinado em 2008, operação iniciada em 15 de agosto, além 
das melhorias das condições do pavimento, sinalização, iluminação, dispositivos de 
segurança e conforto aos usuários que incluíram a implantação de bases de serviços 
operacionais, serviços de atendimento ao usuário (médico, socorro mecânico, combate 
a incêndio, inspeções diversas, resgate de animais na pista, etc), implantação de 
interseções, inclusive em desnível, passagens inferiores, melhoria de traçado, 
marginais e outras obras, previu a construção do Contorno de Florianópolis, em pista 
dupla, conforme concepção do projeto funcional.

O Contorno de Florianópolis é uma nova rodovia, em pista dupla, Classe 1, a ser 
construído em uma nova diretriz, iniciando no km 195840 da BR-101 e terminando no 
km 225+500, com 30,85km o qual se desenvolverá pelo Vale do Rio Biguaçu, 
prosseguindo a leste do Espigão da Pedra Branca e pela região do Rio Passa Vinte, 
retornando à diretriz da BR-101, nas proximidades do cruzamento com a Rodovia BR-
282.

O traçado prevê a implantação de interseções nas principais vias de ligação, federais, 
estaduais e municipais, tais como as rodovias federais BR-101 e BR-282, as rodovias 
estaduais SC-408 e SC-407, a rodovia municipal de Forquilhinha. Foram previstas 
passagens inferiores para atender as estradas municipais e acessos, mantendo assim 
as ligações entre as comunidades que ficarão no entorno da rodovia. 
A plataforma foi projetada em pista dupla com duas faixas por sentido, dotadas de 
acostamentos, faixas de segurança e espaço para drenagem. 

O Projeto de Engenharia do Contorno está sendo elaborado, tendo como 
características técnicas: 
• Classe 1A 
• Velocidade diretriz = 80 km/h 
• Superelevação máxima = 8% 
• Raio mínimo = 230,00 m 
• Largura do canteiro central = 10,60 m 
• Largura da faixa de rolamento = 3,60 m 
• Rampa máxima = 4,50% 
• Gabarito mínimo vertical = 5,50 m 
• Declividade transversal da pista = 2% 
• Declividade transversal do acostamento = 5% 
• Largura do acostamento externo = 2,50 m 
• Largura do acostamento interno = 0,60 m 
• Faixa de domínio = 70,00m 
Ao longo do trecho estão sendo projetados pela Autopista Litoral Sul, as seguintes 
interseções e passagens em desnível de transposição do Contorno: 
• Três interseções em desnível, com alças, em pista simples – completo (SC-408, 
SC-407 e estrada Alto Forquilhas); 
• Uma interseção em desnível com alças em pista dupla – completo – BR-101 
(início); 
• Uma interconexão entre as rodovias BR-101 x BR-282 e o Contorno (final); 
• Seis passagens em desnível tipo galeria; 
• Oito passagens em desnível tipo viaduto. 
• Seis pontes. 

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA



O Contorno de Florianópolis começa no km 195+840 da BR-101, (PNV 2009), próximo 
à ponte sobre o Rio Biguaçu, naBR-101, e termina no km 225+500, que é igual ao km 
218+800 da BR-101 (PNV 2009), junto a atual interseção com a BR 282, no município 
de Palhoça, percorrendo assim, os municípios de Biguaçu, São José e Palhoça. 

OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS 

O empreendimento objetiva a construção do Contorno de Florianópolis, visando desviar 
o tráfego de longa distância, do eixo principal da BR-101, na região metropolitana de 
Florianópolis, melhorando a fluidez do tráfego de passagem e do tráfego urbano que 
utiliza a rodovia, minimizando assim os congestionamentos. 
Tecnicamente, não há dúvida que a implantação do Contorno de Florianópolis é mais 
do que justificável por conta da eliminação, ou pelo menos da redução significativa dos 
congestionamentos do atual corredor, melhorando os atuais níveis de serviço da 
rodovia. 

Tal melhoria de infraestrutura se refletirá em benefícios não só para os usuários do 
Contorno e da BR-101, como também para a economia e sociedade em geral. 
Dentre os aspectos econômicos citam-se a redução dos custos operacionais do 
transporte, a partir da redução do custo de manutenção de veículos, redução do 
consumo de combustíveis, bem como a redução do custo de produtos por conta dos 
ganhos esperados.Além disto, a construção do empreendimento propiciará um 
incremento na economia local, tanto na fase de operação da rodovia, como na fase de 
obras. 

Com relação aos aspectos sociais, o projeto se justifica pela expectativa do Contorno 
propiciar a melhoria da qualidade de vida dos usuários e moradores. Esta expectativa 
se fundamenta nas inúmeras manifestações da população, cobrando soluções para 
eliminar os desconfortos do transporte na rodovia BR-101, na região da Grande 
Florianópolis
Regiões Em Alerta
As áreas inseridas no Sistema Ambiental Aluvial vem sofrendo com a pressão 
antrópica de ocupação, atividades econômicas inadequadas, deficiência ou ausência 
de matas ciliares, assoreamento pelo carreamento de sedimento, lançamento de 
esgotos. É um sistema ambiental frágil de grande importância no controle de cheias da 
região. Torna-se necessário implantação plano de ação visando a revitalização das 
margens do rio Biguaçu, do ribeirão Passa Vinte, os terraços em curso meandrante do 
ribeirão Forquilhas e os Aluviões arenosos do ribeirão Forquilhas. Inserido num plano 
de bacia hidrográfica. A ocupação dessas áreas ribeirinha irá agravar os problemas de 
enchentes que vem sofrendo a população dos municípios de Biguaçu, São José e 
Palhoça. 
Outro aspecto importante ligado as este Sistema esta na função biótica das áreas, 
visando ao equilíbrio da biota local.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto, percebe-se que o bairro Colônia Santana teve uma transformação sócio espacial com certas especificidades. O fato de se localizar na área de passagem que levava ao Planalto mostra que a localidade teve uma contribuição considerável no seu desenvolvimento, pois foi por este caminho que grande parte das trocas comerciais ocorridas nos séculos XVIII, XIX e até meados do século XX entre o planalto catarinense e o litoral aconteceram. Não apenas esse trajeto auxiliou no povoamento da localidade, mas também o processo de ocupação que ocorreu nessa região que vai desde a imigração açoriana, passando pelos imigrantes germânicos até as migrações regionais atuais.
Por sua vez, uma obra que poderia mudar a dinâmica do local por conta da sua importância na época, como foi a Usina, não obteve um sucesso tão significativo como teve o hospital Colônia Santana. Talvez o interesse do governo da época era de apenas gerar energia elétrica para a região de Florianópolis e São Jośe, e não povoar e região ao entorno da usina, pois o trajeto que levava à usina sempre foi de mau estado de conservação e bastante distante das áreas centrais. O que contribuiu consideravelmente para a ocupação do bairro Colônia Santana foi o Hospital Colônia Santana. A distância do hospital das áreas centrais de Florianópolis e São José foi um fator determinante para o povoamento próximo à área que foi construída o hospital. As casas até então edificadas eram uma necessidade na época para um melhor atendimento aos doentes. Além disso, a construção de moradias próximas era uma possibilidade concreta, considerando a permanência do hospital no bairro.

A presença do Estado no bairro a partir das obras implantadas na localidade mostra como este não teve uma participação direta no desenvolvimento da região e na paisagem geográfica local. A paisagem que tinha uma característica totalmente rural até a implantação do HCS mudou de forma significativa. Além do que, as transformações do rural para o urbano que ocorreram em São José, refletiram na localidade Colônia Santana, acarretando no processo de mudança da economia local que passou de economia primária para uma economia de setor terciário. A Escola de Educação BásicaProfessor Joaquim Santiago que inicialmente foi construída para dar assistência educacional aos moradores locais, apresentou-se como uma obra que influenciou direto no desenvolvimento do bairro. Suas áreas ao entorno valorizaram-se consideravelmente, agregando mais pessoas, próxima a sua área construída. O atendimento aos alunos do ensino fundamental e médio ajudou na permanência dos moradores na localidade, pois não tinha mais necessidade de os alunos irem até o centro de São José para estudar.

Embora o hospital ainda faça parte da paisagem do bairro, o mesmo não exerce tão fortemente a influência que teve outrora na sua ocupação recente. O que mais atrai moradores para a localidade atualmente é em parte o modo de ser dos habitantes locais, aliado ao fato do lugar ainda ser tranquilo. O mais provável, contudo, é o valor da terra ser ainda mais baixo e acessível se comparado a outros bairros do município. No entanto, isso não deve permanecer assim, com a duplicação e asfaltamento da rodovia SC 407, o preço da terra certamente sofrerá valorização imobiliária ao entorno desta rodovia e igualmente mudará a forma de como bairro é visto sobre os olhares das pessoas que já o conhecem. O acesso ao bairro sofrerá uma grande melhora e o seu desenvolvimento acontecerá de forma crescente como já vem ocorrendo ao longo dos anos. Por sua vez, ressalta-se a importância que o bairro Sertão do Maruim terá no desenvolvimento atual do município de São José, pois este possui áreas de interesse tanto na questão da expansão de moradias, quanto de indústrias.
Por muito tempo o hospital Colônia Santana foi o principal influenciador no processo de ocupação do bairro Colônia Santana, no entanto, esse processo de migração e desenvolvimento local passa a ter uma característica de “travamento” na sua expansão. Por ser o Estado, dono de grande parte das terras e a regularização fundiária das mesmas estarem atrasadas, a cobrança de impostos realizada pelo município de São José se torna quase impossível. Serviços essenciais como bancos, melhora e aumento do posto policial com maior efetivo para assegurar a segurança no bairro, infraestrutura como rede de tratamento de esgoto e pavimentação de estradas dentro do bairro, entre outros, ficam impossibilitados de serem implantados, por conta da dificuldade de levantar recursos para investimento na localidade. A nãoaprovação do projeto de revisão do Plano Diretor atrasa ainda mais os desenvolvimentos levados diretamente a cada bairro do município de São José. As ocupações irregulares tendem a aumentar cada vez mais e obras de infraestruturas “maquiadas” começarão aparecer de forma corrente para apenas “tapar buracos” e não resolver problemas básicos como os de saneamento básico. No momento em que se tem certa evolução urbana no bairro, a necessidade de infraestrutura se torna imprescindível para a continuação do desenvolvimento, não apenas local mais também regional.
Como todo bairro, Colônia Santana teve uma característica própria no seu desenvolvimento. Os moradores atuais, principalmente os mais antigos, contribuíram para a construção do espaço e a paisagem atual. O fato é que a ocupação e o desenvolvimento local ocorreram principalmente por causa da influencia do Estado nas transformações, fosse através de obras como a SC 407 ou mesmo pelo surgimento de indústrias, hospitais, etc. Cada bairro se desenvolve por conta de suas necessidades primárias e essa formação de espaço vai depender de como o Estado atua neles e quais interesses ele pretende para cada região.
Não obstante, há também de se considerar as iniciativas privadas locais no processo de dinâmica e econômica na transformação do espaço, a exemplo do grupo Koerich, sempre presente no bairro e região, mas também grupos industriais, como famílias Kretzer, Kremer, Zimmermann, Deschamps, entre outras. Quanto à presença de capitais externos como a Tyson Foods, pouco tem influído no processo de transformação local, além do que já proporcionara (em termos de empregos, produção, problemática ambiental) a empresa anterior que Macedo koerich.













































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Tyson do Brasil. História da marca Macedo. Disponível em: <http://www.tyson.com.br/institucional_historia.php> Acesso em 01 junho 2012.



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Ademar Fernandes